Se a Europa ainda não é capaz de manter a independência do gás russo, o mesmo não acontece quando o assunto é bitcoin (BTC). Em mais um esforço para conter as tropas de Vladimir Putin na Ucrânia, a União Europeia (UE) incluiu as criptomoedas em um pacote de sanções. E não estará sozinha nesse front: os Estados Unidos preparam medidas semelhantes.
O movimento não é sem motivo. A guerra e as várias medidas punitivas do Ocidente provocaram uma corrida dos russos ao bitcoin e a outras criptomoedas em uma tentativa de fazer frente à escassez de dinheiro.
E nesse grupo estão oligarcas e bilionários que foram alvos de sanções dos Estados Unidos e encontraram no BTC uma forma de movimentar dinheiro à margem das restrições das grandes potências.
A Europa fechando brechas
Conforme o conflito na Ucrânia foi ganhando corpo, cresciam as preocupações das autoridades europeias sobre o uso do bitcoin como uma porta dos fundos para movimentar dinheiro dentro e fora da Rússia.
Muitas grandes empresas de criptomoedas se comprometeram a honrar as sanções, resistindo aos pedidos de proibições gerais. Revolut, PayPal e Google, por exemplo, se fecharam para os usuários russos.
Mas a UE resolveu fazer mais e nesta quarta-feira (09) esclareceu que certas empresas e pessoas na Rússia e em Belarus estão proibidas de negociar ativos digitais no bloco.
A atualização faz parte de uma notificação de que a UE havia estendido suas sanções a Belarus por se juntar à invasão russa da Ucrânia.
"A UE esclareceu ainda mais a noção de 'títulos transferíveis', de modo a incluir claramente os criptoativos e, assim, garantir a implementação adequada das sanções em vigor", diz o comunicado.
O esclarecimento veio depois que o Banco Central Europeu (BCE) e os Tesouros do bloco levantaram preocupações sobre uma possível brecha no mercado de criptomoedas para quem se esquiva de sanções.
Bitcoin na mira dos EUA
Não é só a Europa que está cobrindo as brechas para impedir o uso do bitcoin por russos. Os Estados Unidos também agiram nessa direção.
O presidente norte-americano, Joe Biden, assinou nesta quarta-feira um decreto sobre a supervisão do governo às criptomoedas, que insta o Federal Reserve (Fed) a explorar se criar sua própria moeda digital.
A ideia é examinar os riscos e benefícios dos ativos digitais e - mais importante nesses tempos de guerra - estudar o impacto da criptomoeda na estabilidade financeira e na segurança nacional.
O decreto vem em um momento no qual legisladores e membros do governo de Biden expressam cada vez mais preocupação de que a Rússia possa estar usando criptomoedas como o bitcoin para driblar as sanções impostas a seus bancos, oligarcas e indústria petrolífera devido a invasão da Ucrânia.