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Renan Sousa
Renan Sousa
É repórter do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP) e já passou pela Editora Globo e SpaceMoney. Twitter: @Renan_SanSousa
Ricardo Gozzi
A PRIMEIRA GUERRA CRIPTO

Russos e ucranianos recorrem às criptomoedas e ao bitcoin (BTC) para fazer frente à escassez de moeda corrente — mas será que o impacto será duradouro?

Dados internos da rede e levantamentos internacionais apontam para uma migração sem precedentes da moeda corrente dos países para ativos digitais

Renan Sousa
Renan Sousa, Ricardo Gozzi
7 de março de 2022
6:10 - atualizado às 10:42
Bitcoin (BTC) e criptomoedas são usados tanto por Rússia quanto por Ucrânia durante a guerra
Bitcoin (BTC) é utilizado tanto por Rússia quanto por Ucrânia durante a guerra. Imagem: Shutterstock

Os impactos de uma guerra invariavelmente extrapolam os mortos e feridos em combate. No front econômico, russos e ucranianos — cada qual por motivos diferentes — passaram a comprar bitcoin (BTC) e criptomoedas em uma tentativa de fazer frente à escassez de dinheiro.

Uma análise dos fluxos de compra e venda de criptomoedas revela dois movimentos relevantes: os volumes de compras em rublos (moeda da Rússia) dispararam e os ucranianos estão comprando criptomoedas como nunca antes.

A grande questão é entender se esse movimento será duradouro — ou até mesmo sustentável.

Criptomoedas em tempos de guerra

Ganho ou perda de território, deslocamento de populações, famílias separadas, traumas para uma vida inteira e destruição costumam fazer parte da equação quando o assunto é guerra. Outra consequência facilmente verificada em qualquer guerra é a dificuldade de acesso a itens básicos de sobrevivência.

E é neste último aspecto que a invasão da Ucrânia pela Rússia traz consigo uma situação inusitada e sem paralelo na história. Afinal, trata-se do primeiro grande conflito que acontece na era do bitcoin, que foi criado logo depois da crise financeira de 2008.

É difícil afirmar com toda a certeza qual a finalidade da compra de criptomoedas. Tanto Rússia quanto Ucrânia costumam ter grande presença digital — especialmente no fornecimento de hackers e softwares maliciosos, de acordo com a Chainalysis.

Contudo, a confiança em bancos e instituições financeiras fica abalada em momentos de incerteza: governos podem bloquear fundos e sequestrar poupanças para financiar a guerra, o que explicaria a migração radical de recursos para as criptomoedas, que estão praticamente imunes a esse tipo de risco.

"O que vimos, olhando para o tether, é que o tamanho médio do comércio aumentou" na Rússia, disse Clara Medalie, chefe de pesquisa da Kaiko, uma agência de pesquisas em criptomoedas, à AFP, referindo-se a stablecoin lastreada em dólar.

"No entanto, ainda é relativamente baixo, o que mostra uma divisão de interesse entre compradores institucionais e de varejo"

O que os números de Ucrânia e Rússia dizem

Até o momento, a Ucrânia recebeu cerca de US$ 54 milhões em bitcoin (BTC) para reforçar as defesas contra os ataques russos. O dinheiro foi dividido entre o governo de Kiev e a Come Back Alive (Volte Vivo, em tradução livre), uma ONG de apoio direto aos militares ucranianos.

Além das doações, a Ucrânia também planeja emitir NFTs para financiar a guerra, segundo o vice-primeiro-ministro do país, Mykhailo Fedorov. NFT é a sigla em inglês para "tokens não-fungíveis" ou, simplesmente, certificados digitais de propriedade. Entretanto, ainda não se sabe ao certo como isso se dará.

Adotar criptomoedas é uma boa?

É difícil para um país grande como a Rússia adotar o bitcoin (BTC) como moeda oficial, como foi o caso de El Salvador. Contudo, o gigante do leste europeu é o segundo país onde a população mais usa criptomoedas em termos proporcionais. O primeiro, veja só, é a Ucrânia.

De acordo com dados da Triple A, 11,91% da população russa (pouco mais de 17 milhões de pessoas) detém criptomoedas, enquanto os ucranianos que possuem ativos digitais são 12,73% (5 milhões de habitantes).

Correndo contra o relógio

Sabendo do potencial das criptomoedas, os Estados Unidos e União Europeia (UE) buscam acelerar a regulação de ativos digitais.

O próprio presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, cobrou do Congresso norte-americano uma legislação mais rígida para a negociação de criptomoedas. O parlamentar Juan Vargas questionou Powell se o corte do Swift não seria facilmente contornável se o país utilizasse ativos digitais.

Prontamente, o presidente do Fed respondeu:

“O que é necessário é uma estrutura específica para impedir que essas criptomoedas sem lastro sirvam como um veículo para o financiamento do terrorismo, comportamento criminoso geral, evasão fiscal etc.”

É preciso lembrar que Powell, assim como outros banqueiros centrais, têm uma postura defensiva quanto às criptomoedas. A estratégia dos EUA ainda tem sido entender para depois apresentar uma lei ou proposta de regulação mais específica. 

É possível substituir o Swift pelas criptomoedas?

Na teoria, sim. Já na prática, diante do volume negociado em armas, munições e insumos durante uma guerra, as criptomoedas podem não valer a pena, como explica Abdul Nasser, advogado especialista em direito tributário e sócio do Schuch Advogados.

Nasser afirma que o sistema do Swift é muito parecido com a blockchain das criptomoedas. A diferença é que o Swift é centralizado e a blockchain, não. O ponto negativo, como sempre, é a alta volatilidade dos criptoativos.

“Existem criptoativos estáveis, com lastro em ouro, dólar, euro e até real, mas um aumento de volume tão grande e rápido teria impactos nas cotações que acabariam inviabilizando os negócios”, adverte.

Melhor ir por outro caminho

O fator tecnológico e todo ônus de mudar de um sistema conhecido, como o Swift, para a rede do bitcoin ou de outras criptomoedas também é um fator de risco. “Não vai acontecer agora”, comenta a advogada Juliana Abrusio, sócia do escritório Machado Meyer.

O mais provável de acontecer é uma migração das transações para o sistema chinês, que não aderiu ao embargo do sistema financeiro dos países do Ocidente. “A balança da geopolítica internacional pode mudar mais facilmente do Swift para o yuan do que do Swift para as criptomoedas”, afirma Marcelo de Castro Cunha, advogado da área de direito digital do Machado Meyer.

Criptomoedas ‘swiftando’

Enquanto os EUA e a UE andam a passos curtos para adotarem criptomoedas, dados da Delphi Digital mostram que existe uma relação entre o corte do Swift russo e a atividade da rede (blockchain) do bitcoin.

A Rússia está parcialmente fora do sistema de pagamentos internacionais desde 25 de fevereiro. A partir de então, o rublo russo perdeu cerca de 20% do seu valor frente ao dólar.

No mesmo período, a atividade da on chain do bitcoin subiu cerca de 40%, que coincidiu com uma valorização de 12,24% do bitcoin.

“Na prática, vejo pessoas e empresas adotando as criptos em larga escala visando burlar as sanções econômicas. O governo certamente tem adotado as criptomoedas como parte de sua estratégia para burlar as sanções”, afirma Abdul Nasser.

Vale lembrar que a Rússia é um dos principais países que fazem a mineração de bitcoin, correspondendo a 11,23% de todo o “hashrate” (taxa de mineração) da rede, segundo o Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index. Já a Ucrânia é responsável por 0,13% da mineração da principal criptomoeda do mercado.

Ucrânia, NFTs e bônus de guerra

Diante da invasão russa, a Ucrânia transita nas tênues fronteiras entre passado, presente e futuro na tentativa de financiar suas atividades militares.

Além da possibilidade vaga de lançar NFTs, mencionada pelo vice-primeiro-ministro Mykhailo Fedorov, o governo ucraniano levantou pelo menos US$ 54 milhões em wallets abertas para receber doações em criptomoedas.

Ao mesmo tempo, Kiev lançou nos últimos dias o primeiro bônus de guerra de sua história. Os chamados bônus de guerra foram bastante populares nas duas grandes guerras da primeira metade do século 20, mas a emissão desses títulos é rara.

Eles circularam pela primeira vez há pouco mais de um século. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido e o extinto Império Áustro-Húngaro lançaram títulos destinados a financiar suas atividades no conflito.

EUA, Canadá, Reino Unido e Alemanha repetiram a dose na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Sob o slogan “Ajude a Esmagar o Eixo”, até mesmo o Brasil chegou a emitir bônus para financiar a campanha dos pracinhas durante a Segunda Guerra.

Na balança…

Historicamente, os compradores de bônus de guerra são movidos mais por sentimentos patrióticos do que necessariamente pelo lucro, uma vez que esses títulos costumavam oferecer taxas de retorno inferiores às vigentes no mercado. 

O nacionalismo não mudou com a chegada das criptomoedas: não é difícil encontrar algum cripto-apoiador de um dos lados com a bandeira da Rússia ou Ucrânia no Twitter ou em outras redes sociais.

Até a semana passada, a última vez que se tinha notícia da emissão de um bônus de guerra foi depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Os EUA emitiram os ‘Patriot Bonds’, destinados a financiar a chamada Guerra ao Terror.

Até que, na virada de fevereiro para março, o governo ucraniano levantou o equivalente a pouco mais de US$ 270 milhões com o lançamento de um título da dívida em moeda local destinado a “financiar as atividades das Forças Armadas da Ucrânia e assegurar a provisão ininterrupta das necessidades financeiras do Estado em guerra”.

Kiev promete aos investidores um prêmio de 11% sobre o valor investido no prazo de um ano. Para efeito de comparação, o retorno dos títulos convencionais emitidos pelo próprio país com vencimento em dez anos estava na casa de 43%.

Seja como for, o montante arrecadado com os bônus de guerra é pequeno em relação ao orçamento militar ucraniano. Em 2020, Kiev gastou o equivalente a US$ 5,92 bilhões com suas forças armadas.

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