O raio não cai duas vezes no mesmo lugar: das big techs à PEC da Transição
Do lado das big techs, é difícil reconhecer o próximo bull market. Do lado da PEC da Transição, estamos emperrados no valor a ser considerado fora do teto e o prazo.

Em clima de Cyber Monday, lançamos a promoção dois por um. Este Day One trata de duas questões distintas. Sim, sim, você tem razão. Hoje falhamos em coesão. As ideias nos visitam quando elas querem. Quem poderá nos defender das avalanches psíquicas? Escrever também é um ato terapêutico.
Vamos para o primeiro tema. Coisa rápida.
Ao conversar com investidores, logo que penetramos o ambiente internacional pula a pergunta: “O que você acha das FAANGs?” Sejamos honestos: é muito difícil termos uma opinião qualificada sobre as FAANGs (sigla para Meta — dona do Facebook —, Apple, Amazon, Netflix e Alphabet — a dona do Google).
Deve haver centenas, talvez milhares de analistas debruçados sobre essas companhias, escrutinizando cada detalhe operacional, financeiro e da tecnologia dessas empresas. Em outras palavras, nesses nomes muito conhecidos ou estudados, o mercado deveria ser bastante eficiente.
Fora minha incapacidade de oferecer qualquer edge (vantagem informacional ou analítica) nas grandes empresas de tecnologia dos EUA, outra coisa chama atenção nesse enorme interesse em torno das FAANGs: a dificuldade de reconhecer que muito possivelmente o próximo bull market será diferente do anterior.
A onda já passou
A grande onda de valorização das empresas techs americanas já aconteceu. A tendência é de que a nova rodada ofereça outros clusters de supermultiplicação.
Leia Também
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Historicamente, há raras evidências de repetição sucessiva do padrão do bull market anterior. Se, de alguma maneira, a história rima, deveríamos estar mais interessados no setor de energia e petróleo e nos mercados emergentes do que nas techs americanas. Ali, em termos de grandes tendências, já foi. Vamos para a próxima.
A ideia de que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar vale também para o governo eleito. Ninguém assalta o mesmo banco na sequência. Quando me falam dos temores do FIES ou do medo de um segundo Petrolão envolvendo a Petrobras, não me parece vir daí a fonte de potenciais problemas graves. O escrutínio sobre essas duas coisas seria enorme e as condições materiais hoje são diferentes.
O que vejo como bastante possível, talvez até provável de mudança na Petrobras, envolve uma entrada pesada em renováveis. Se vier algo nessa direção, poderíamos falar de um capex anual em torno de R$ 15/20 bilhões, o que representaria importante expansão da capacidade de eólica e solar, com impactos expressivos sobre oferta e, por conseguinte, os preços da energia.
PEC da Transição: um outro olhar
Então, chegamos ao segundo tema deste texto: a PEC da Transição, que, até por etimologia, deveria ser algo conjuntural. Aqui, no entanto, gostaria de olhar sobre uma perspectiva mais abrangente e estrutural.
Basicamente, nas negociações da PEC da Transição estamos emperrados no valor a ser considerado fora do teto e por quanto tempo. Pelo que se circula, não há consenso para votação do texto, cuja apresentação fica pra amanhã, algo ruim para quem corre contra o relógio. Cada dia conta.
O Congresso se organiza para barrar até mesmo o prazo de dois anos dentro da PEC da Transição, enfatizando apenas o prazo de um ano, com algo potencialmente em torno de R$ 130 bilhões fora do teto.
O PT alega, contudo, que o projeto mais social-democrata venceu a proposta liberal nas eleições. Sendo um desejo da sociedade, haveria de ser implementado. Portanto, as tais promessas de campanha, como Bolsa Família de R$ 600 mais o adicional de R$ 150 por filho, reajuste da tabela do IR, recomposição real do salário mínimo, entre outras coisas precisariam ser aprovados no Congresso, porque, segundo argumenta, os elementos teriam sido validados na eleição.
Vejo um problema grave nessa argumentação. Na verdade, é só um caso particular de um problema geral, que, no meu entendimento, ajuda a explicar a crise das democracias.
Boa intenção precisa caber no orçamento
É verdadeiro que as tais promessas de campanha foram comunicadas à população e aprovadas. Contudo, essa aprovação se deu sob duas condições adversas.
A primeira: não houve qualquer tipo de informação a respeito das fontes de financiamento desses maiores gastos. Ninguém combinou esse jogo. Para aumentar esses dispêndios públicos, precisaríamos aumentar a carga tributária, emitir mais dívida ou cortar outros gastos. No mundo em que eu vivo, há restrição orçamentária para as coisas.
Como sabemos, o inferno está cheio das boas intenções. Essas boas intenções precisam caber no orçamento. Não há milagre da multiplicação do dinheiro da viúva. A esquerda precisa aprender a fazer conta. Se já aprendeu, haverá de comunicar isso devidamente à sociedade e negociar conflitos. Será que a eleição teria o mesmo resultado se falássemos em aumento da carga tributária, redução de outros gastos públicos ou ciclo vicioso de endividamento?
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio
A segunda: os efeitos colaterais e as consequências indesejadas de primeira e segunda ordem dos maiores gastos públicos, muitas vezes, não são conhecidos do eleitor médio.
Eis um problema central da democracia (para ficar claro: não é uma defesa de qualquer regime diferente; não há saída além da democracia, mas isso não significa a inexistência de rachaduras importantes): você só pode escolher devidamente uma coisa (no caso, quem serão nossos representantes no Executivo e no Congresso, com seus respectivos projetos e suas agendas) diante de informação completa.
Na presença de assimetria de informação, como escolher bem? O eleitor pode gostar de mais gasto público. Ele entende isso. Foi devidamente comunicado sobre isso. Mas ele não gosta de mais imposto, dólar mais alto, inflação mais alta, juros mais altos, crise fiscal contratada pra frente e recessão. Os mercados já projetam a taxa básica de juro indo a 15% ao ano. O eleitor votou mesmo nesse projeto? Será? Ele foi avisado disso? Estava ciente?
Talvez isso explique um pouco o sucesso eleitoral de projetos populistas. A falta de conhecimento sobre os reais impactos e desdobramentos de suas políticas lhes confere uma vantagem. Efeitos secundários e indiretos são sempre mais difíceis de mensurar e identificar. Só o conhecimento poderia resolver essa lacuna, mas é um projeto a longuíssimo prazo, claro.
Por enquanto, temos um único alento: o eleitor entende a inflação. Isso tira voto. Lula, que, não é passageiro ou caronista, mas, sim, piloto, será o verdadeiro ministro da Fazenda. Ele é sensível a potenciais perdas de popularidade, que, por sua vez, podem derivar de uma inflação mais alta. Nova matriz econômica e inflação baixa são imiscíveis.
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad
Promessas a serem cumpridas: o andamento do plano 60-30-30 do Inter, e o que move os mercados hoje
Com demissão no Fed e ameaça de novas tarifas, Trump volta ao centro das atenções do mercado; por aqui, investidores acompanham também a prévia da inflação
Lady Tempestade e a era do absurdo
Os chineses passam a ser referência de respeito à propriedade privada e aos contratos, enquanto os EUA expropriam 10% da Intel — e não há razões para ficarmos enciumados: temos os absurdos para chamar de nossos
Quem quer ser um milionário? Como viver de renda em 2025, e o que move os mercados hoje
Investidores acompanham discursos de dirigentes do Fed e voltam a colocar a guerra na Ucrânia sob os holofotes
Da fila do telefone fixo à expansão do 5G: uma ação para ficar de olho, e o que esperar do mercado hoje
Investidores aguardam o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole
A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos
Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo
Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje
Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira
Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?
As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado
Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?
No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar