O Fed entre os juros e a inflação: por que estamos na semana mais importante de julho?
O Federal Reserve (Fed) se vê entre a cruz e a espada: subir juros de um jeito agressivo e afetar a economia, ou deixar a inflação alta?

Na reta final de julho, chegamos à semana que poderá se firmar como a mais importante do mês. O motivo? Basicamente, no exterior, temos a combinação entre nomes relevantes na temporada de resultados americana e a decisão de juros do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).
Ao todo, mais de 150 empresas do S&P 500 irão reportar seus números, incluindo as grandes empresas de tecnologia: Meta, Apple, Amazon e Alphabet, a controladora do Google. Naturalmente, depois da frustração com Snap e Twitter, na semana passada, as big techs são muito aguardadas pelo mercado.
As divulgações darão uma ideia mais clara sobre o impacto do aumento da inflação e da alta nas taxas de juros sobre os gastos do consumidor. Até agora, nesta temporada, as empresas receberam o benefício da dúvida — o S&P subiu 5% em julho, com o alívio de que os ganhos não foram piores do que o esperado.
O mundo de olho no Fed
Contudo, a dúvida permanece, em especial por conta da probabilidade de uma recessão.
No fim de semana, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, adotou uma postura mais otimista, dizendo que os EUA não estão em recessão, citando o forte mercado de trabalho.
Contudo, é possível que tenhamos outra leitura negativa para os dados do PIB, a serem divulgados nesta quinta-feira (28), após a contração de 1,6% no primeiro trimestre.
Leia Também
Sendo assim, até a sexta (29), os mercados deverão estar mais certos sobre a probabilidade de uma recessão nos EUA, a confiança entre as principais empresas diante do dólar forte e o apetite dos consumidores em continuar gastando, mesmo perante a inflação.
Em tese, uma recessão se dá por dois trimestres consecutivos de contração do PIB. Ainda que a economia pareça, de fato, estar desacelerando, a potência econômica americana ainda não soa como muito próxima de uma recessão.
Desta forma, para nivelar melhor tal entendimento, ficaremos de olho na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que se dará entre terça e quarta-feira (dias 26 e 27).
Juros sobem, mas quanto?
Predominantemente, como podemos ver abaixo, o mercado espera uma elevação de 75 pontos-base da taxa de juros americana, colocando-a na faixa entre 2,25% e 2,50% ao ano, nível atingido no pico do último ciclo de alta de juros, em 2019.
No entanto, são possíveis surpresas como as da semana passada, quando o Banco Central Europeu (BCE) elevou em 50 pontos-base a sua taxa de referência, ao invés de 25 pontos — o que poderia levar a uma exacerbação da volatilidade do mercado.
Hoje, apenas 25% dos investidores esperam um choque de 100 pontos-base dos juros (o que não acontece desde a década de 80), mas acredito que Jerome Powell, o presidente da autoridade monetária, opte por não assustar ninguém e siga com o plano de um ajuste de 75 pontos, como fez em julho — a própria Yellen disse que a inflação continua “muito alta”, mas espera que as ações do Fed resolvam isso.

Neste caso, a credibilidade também importa.
Desde sua fundação em 1913, o Federal Reserve dos EUA lutou para alcançar três objetivos: emprego máximo, preços estáveis e taxas de juros de longo prazo moderadas.
Notadamente, os membros do Fed trabalham duro para manter a reputação da instituição como um pilar econômico. Essa obsessão por imagem serve a um propósito importante: a confiabilidade do banco central depende de os investidores acreditarem que ele é confiável.
Por outro lado, o ex-secretário do Tesouro, Lawrence Summers, acredita que o Fed terá que fazer muito mais para controlar a inflação, duvidando que uma recessão pode ser evitada.
De fato, uma recessão parece ser necessária para controlar parte da demanda (o Fed precisa criar desinflação onde tem controle para compensar a inflação onde não tem controle).
Para que isso se verifique, o Fed também precisará comunicar bem seus próximos passos — a grande dúvida do momento atual.
Fed, juros, inflação e mercado: comunicação é chave
O Fed de hoje passou por uma grande mudança em direção à transparência, de modo a sempre tentar comunicar claramente a política com antecedência, para não surpreender os mercados.
Ou seja: os membros do Fed são mais transparentes em seus objetivos e na definição de políticas. Powell parece estar seguindo vagamente o manual monetário estabelecido por Volcker nos dias de alta inflação da década de 1980, mas a situação econômica é diferente — este banco central enfrentará um novo conjunto de desafios.
Por isso, entendo que a autoridade monetária americana opte por elevar em 75 pontos-base a taxa básica de juros, adotando adicionalmente um tom ainda agressivo na coletiva de imprensa que acompanha a decisão, mas sem indicar claramente os próximos passos, prezando pela clareza de que deseja continuar combatendo a inflação, que está no patamar mais alto em 40 anos, mas deixando a porta aberta para reavaliações caso seja necessário.
Para as próximas reuniões, entendo como provável uma redução do ritmo do aperto, podendo elevar em apenas 50 pontos-base nos próximos encontros (setembro, novembro e dezembro), encerrando o ano na faixa entre 3,75% e 4,00%. A partir de então, ajustes de 25 pontos base ainda podem acontecer, mas o ciclo não deverá se estender para além de 4,50%.

Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump
Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas
Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)