Você quer ser reconhecido ou quer ganhar dinheiro? Entenda por que estar na moda nem sempre significa lucrar
O objetivo do investidor não deveria ser estar na moda nem ser reconhecido em conversas pseudointeligentes, uma vez que os ciclos não necessariamente se repetem à frente
Curioso como convencionou-se chamar a fronteira do conhecimento em investimentos de Finanças Modernas.
Embora a História tipicamente ligue o início da Era Moderna à queda de Constantinopla, a filosofia ou mesmo a psicanálise encontram outro marco para simbolizar a fundação do modernismo — não necessariamente contrária à desintegração do Império Romano, mas ligeiramente diferente e complementar.
Segundo Hegel, a modernidade representa o abandono da estrita perseguição da necessidade para a busca do reconhecimento.
O ser pré-moderno seria definido pelo efeito da nascença e da tradição — o sangue definia uma permanência de condição imutável.
Ser nobre dependia menos do hábito de consumo do que da herança genética. Então, migramos do ser para o ter e de ser reconhecido pelos bens tidos e consumidos.
Interpretação psicanalítica
A interpretação psicanalítica por vezes estende a proposta para ligar a modernidade às Grandes Navegações.
Leia Também
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Saímos da condição de permanência para uma proposta de aventura em prol de algum reconhecimento nas realizações.
Os bens, claro, podem servir (e de fato servem) para satisfação de uma necessidade objetiva, mas eles e, ainda mais, a percepção sobre eles exercem algo maior: organizam o funcionamento da diferença social.
O supérfluo, com rigor linguístico, sequer existe, porque, nessa dimensão, ele é essencial, porque representa o êxito social.
Não ligo para o que pensam sobre mim
A frase, muitas vezes dita como tentativa de autopromoção, “eu não ligo para o que os outros pensam sobre mim” é, em certa medida, uma negação da sociedade moderna, que se organiza e hierarquiza justamente a partir dessa percepção e desse reconhecimento.
Talvez aí se insira o jargão típico de mercado: “Melhor errar com todo mundo do que acertar sozinho”.
Ou possivelmente assim conseguiríamos oferecer uma potencial explicação a Warren Buffett, que se diz perplexo por não entender como uma pessoa cujo patrimônio monta a US$ 50 milhões pode estar incomodada pelo fato de seu vizinho dispor de US$ 51 milhões.
Ou, simplesmente, podemos entender banqueiros de investimento se estapeando em dias de distribuição anual de bônus — não porque acabaram de receber pouco (aliás, ao contrário), mas pelo simples fato de que o colega ganhou mais (ah, sim, era para ser uma informação confidencial, mas não se iluda: a rádio peão dá conta de dar-lhe publicidade).
O que você quer?
A pergunta que se coloca é pertinente e com desdobramento pragmático relevante: você quer ser reconhecido, estar na moda, ou quer ganhar dinheiro?
Ao falar em sua reunião matinal que você está comprado em cardano, criptomoeda que sobe 8% hoje, provavelmente vai lhe render certa promoção perante o grupo.
Agora, despertar para o que está subindo e está na moda representa uma compra de algo já valorizado, ferindo a determinação estritamente financeira de comprar barato, o que ainda não subiu, para depois comprar caro.
Hoje, o investidor da Bolsa brasileira narra com certa vergonha suas posições no almoço de família. Ele está totalmente fora de moda.
Enquanto isso, o cunhado, comprado em dogecoin e Bolsa americana, paga de descolado. Ele é percebido como o mestre em finanças da mesa no momento.
Ganha quem está na moda?
O mecanismo se autorreforça e o que está na moda vai atraindo mais compradores marginais, ficando cada vez mais caro até que… boom! Árvores não crescem até o céu.
O objetivo do investidor não deveria ser estar na moda e ser reconhecido em conversas pseudointeligentes. Neste jogo, você é tão bom quanto seu último trade. Money talks, bullshit walks.
O ciclo anterior, que levou certas coisas a estarem na moda, pode não se repetir à frente — lembre-se de que as coleções e o mundo fashion são bastante efêmeros, mesmo dentro de um mesmo ano, mudam bastante. Ora, já estamos num novo ano!
Se todos agora falam de Bolsa americana e criptomoedas, não estaria essa grama muito pisada pela manada, enquanto haveria alhures outro pasto mais verde e nutritivo?
S&P e criptos
Não sou dos catastrofistas que vislumbram a impossibilidade de o S&P 500 subir conforme o Fed aperta o torniquete monetário, mas lembro que uma observação histórica aponta para retornos módicos nesses momentos.
E as criptos, embora sirvam bem como instrumentos de diversificação e busca por retornos assimétricos, são duas coisas: i) ativos que não pagam yield e, portanto, deveriam sofrer com a alta das taxas de juro de mercado (ceteris paribus , claro); e ii) ligadas intrinsecamente à tecnologia, algo que tem sido dizimado pelos mercados.
No Brasil, se esse cenário lembra 2002, com medo de uma eleição polarizada e dificuldades fiscais, há de se ponderar que Bolsa é ativo real e, em determinado momento, tal como já se faz hoje na Argentina, o investidor vai buscar refúgio em ativos produtivos, fugindo dos retornos prefixados que podem ser corroídos pela inflação.
Dentro da bolsa
E mesmo dentro da Bolsa, parece só existir large cap ligada a bancos e commodities. Enquanto isso, small caps e mid caps de empresas de altíssima qualidade (não confundir com non-profitable tech) são negociadas a valuations muito atrativos.
Shoppings de alto padrão abaixo do valor do tijolo — Iguatemi, Barra Shopping e outros a R$ 15 mil o metro quadrado?
Incorporadoras, num ciclo muito diferente daquele de 2015, a 4-5 vezes lucros (foco aqui naquelas pouco alavancadas, margens altas e operação na mão)?
Arezzo, Lojas Renner, Soma, Track & Field, Centauro… Abaixo de 20 vezes lucros na média, muitas rondando 15 vezes? GGPS3, LVTC3, COCE5, BRBI11… olhem os múltiplos disso.
Enquanto isso, a turma insider anuncia recompra e muito controlador vai pra cima de suas empresas listadas em Bolsa — já está acontecendo; é só ler os sinais.
Eu não quero estar na moda. Eu quero ganhar dinheiro. Isso aqui não é a Fashion Week, em que pese a insistência de alguns coletinhos em pleno verão. Bem-vindo ao velho oeste. Tick, tick… boom!
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso