Efeitos da guerra: saiba como a crise na Ucrânia pode impactar a decisão do Fed e veja como proteger os seus investimentos
A volatilidade já é a marca registrada deste começo de ano, e a situação no Leste Europeu tem virado de cabeça pra baixo vários ativos; descubra como investir em meio a tanta instabilidade nos preços

Caro leitor,
A volatilidade tem sido a marca registrada neste começo de ano. A invasão da Ucrânia pela Rússia tem exacerbado os movimentos em várias classes de ativos.
O petróleo é, sem dúvida, o ativo que melhor representa esse ponto.
Petróleo: do céu ao inferno ou do inferno ao céu?
Logo após o começo da guerra, o barril de petróleo ultrapassou a marca dos US$ 100 e, dias depois, já estava perto dos US$ 140 — se aproximando dos níveis observados na crise de 2008, quando bateu os US$ 148.
Hoje, mais de 20 dias depois, tanto o petróleo tipo Brent como o WTI voltaram a ser negociados abaixo dos três dígitos — uma queda de quase 25% das máximas.
Ainda assim, no ano, a alta no preço do petróleo ultrapassa os 20%. Nos últimos 12 meses, a valorização é de quase 50%.
Desempenho das commodities
E isso pode ser observado em diversas outras commodities. Gás natural, trigo, milho, alumínio, zinco… todos esses itens apresentaram ganhos superiores a 30% no último ano (alguns com altas de mais de 70%), mesmo com a queda relevante nas últimas semanas.
O Bloomberg Commodity Index, que representa uma cesta desses produtos, ainda valoriza mais de 20% no ano e acima dos 40% desde março de 2021.
O arrefecimento nos índices de inflação, que muitos economistas e analistas acreditavam ser possível neste primeiro semestre, não parece ser algo tão plausível neste momento.
Inflação e decisão do Fed
E essa expectativa de um nível de preços ainda alto — na semana passada, o CPI (o IPCA da terra do Tio Sam) bateu 7,9% nos 12 meses encerrados em fevereiro, maior nível em 40 anos — tem mantido as apostas de que o Fed (o banco central americano) terá que reforçar o seu comprometimento no combate à inflação.
Tanto que os títulos de dez anos do Tesouro americano ultrapassaram a marca dos 2%, chegando a tocar nos 2,15%, algo que não era visto desde meados de 2019. No final do ano passado, essa taxa estava em 1,5%.
Com os preços aumentando em ritmo mais rápido do que o esperado, dificilmente os investidores aceitarão retornos nominais tão baixos quanto os observados no passado recente.
Impactos no mercado de ações
E isso acaba também impactando o mercado de ações, com a reprecificação dos ativos se dando por conta desse aumento nos juros, principalmente aquelas teses de alto crescimento (“growth”).
Tanto que, dos três principais índices americanos, o Nasdaq é o de pior performance no ano, tendo em certo momento entrado em um “bear market” (uma desvalorização de pelo menos 20% das máximas). Mesmo com a alta de ontem, a queda é de mais de 17% no ano.
Mas se engana quem pensa que isso é apenas vivenciado pelas empresas de tecnologia. De todos os setores do S&P 500, apenas o de energia está no positivo no ano, com ganhos de 30% no período. Mas como tem um peso pequeno no índice (menos de 4%), fica difícil para essa turma sozinha segurar as pontas.
- IMPORTANTE: liberamos um guia gratuito com tudo que você precisa para declarar o Imposto de Renda 2022; acesse pelo link da bio do nosso Instagram e aproveite para nos seguir. Basta clicar aqui
As oportunidades em meio à volatilidade
Com um cenário macro ainda bastante complicado, fica difícil enxergar oportunidades óbvias no presente.
Mesmo o que pode parecer muito bom em um primeiro momento pode acabar sofrendo com o desenrolar dos eventos nos próximos dias — além do conflito no Leste Europeu, as atenções do mercado estarão hoje voltadas para a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, visando entender os próximos passos da política monetária da maior economia do mundo.
E qualquer palavra ou vírgula fora do lugar pode trazer ainda mais volatilidade para os mercados. Nessas horas, ter recursos em caixa me parece algo atrativo para o momento.
Um abraço,
Enzo Pacheco
- P.S.: Falando de volatilidade, um dos setores que mais tem sofrido com isso nos últimos meses é o de cannabis. Por isso, faremos hoje, às 18 horas, uma live no canal da Vitreo no YouTube para falar um pouco mais sobre o que está acontecendo com a tese de investimento no setor. Até lá!
A simplicidade é a maior das sofisticações na hora de investir
Para a tristeza dos estudiosos das Finanças, num daqueles paradoxos do conhecimento, quanto mais nos aprofundamos, parece que cavamos cada vez mais no subterrâneo
Marcas da independência: Vitreo agora é Empiricus Investimentos
Com a mudança de nome, colhemos todos os benefícios de uma marca única, com brand equity reconhecido e benefícios diretos, imediatos e tangíveis ao investidor
Além do yin-yang: Vale a pena deixar os fundos para investir em renda fixa?
Investidores de varejo e institucionais migraram centenas de bilhões em ativos mais arrojados para a renda fixa, o maior volume de saída da história do mercado de fundos
Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge
Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade
Complacência: Entenda por que é melhor investir em ativos de risco brasileiros do que em bolsa norte-americana
Uma das facetas da complacência é a tendência a evitar conflitos e valorizar uma postura pacifista, num momento de remilitarização do mundo, o que pode ser enaltecido agora
Rodolfo Amstalden: O elogio que nem minha mãe me fez
Em mercados descontados que ainda carregam grandes downside risks, ganha-se e perde-se muito no intraday, mas nada acontece no dia após dia
Degrau por degrau: Confira a estratégia de investimento dos grandes ganhadores de dinheiro da bolsa
Embora a ganância nos atraia para a possibilidade de ganhos rápidos e fáceis, a realidade é que quem ganha dinheiro com ações o fez degrau por degrau
Blood bath and beyond: Entenda o banho de sangue dos mercados financeiros — e as oportunidades para o Brasil
Michael Hartnett, do Bank of America Merrill Lynch, alerta para um possível otimismo exagerado e prematuro sobre o fim da subida da taxa básica de juro nos EUA; saiba mais
Você está disposto a assumir riscos para atingir seus sonhos e ter retornos acima da média?
Para Howard Marks, você não pode esperar retornos acima da média se você não fizer apostas ativas. Porém, se suas apostas ativas também estiverem erradas, seus retornos serão abaixo da média
Rodolfo Amstalden: Qual é o mundo que nos aguarda logo à frente?
O mercado inteiro fala de inflação, e com motivos; afinal, precisamos sobreviver aos problemas de curto prazo. Confira as lições e debates trazidos por John Keynes
Leia Também
Mais lidas
-
1
Pix fora do ar: clientes do Itaú, Nubank e outros bancos relatam instabilidade para realizar transferências
-
2
Uma aposta leva sozinha o prêmio de R$ 40 milhões da Mega-Sena — saiba de onde é o ganhador; Lotofácil e Quina acumulam
-
3
Rali de fim de ano do Ibovespa pode ser o ‘Papai Noel’ da Faria Lima e Casas Bahia (ex-Via) tem problemas maiores do que a mudança de ticker