Nem tudo que reluz é ouro: renda fixa nem sempre é sinônimo de baixo risco; saiba como navegar neste mercado
Algumas “equivalências” mal pensadas podem gerar distorções de significado, que podem levar a decisões equivocadas

Sinônimos perfeitos são raros na língua portuguesa e há quem diga que eles não existem. Mesmo que os conceitos das palavras sejam equivalentes, elas têm conotações variadas, às vezes muito sutis.
Por exemplo, “ouvir” e “escutar” são sinônimos imperfeitos. Isso porque ouvir é um processo natural referente à audição, independente da vontade da pessoa, enquanto escutar é uma ação que depende da disposição pessoal.
Por outro lado, as palavras “após” e “depois” são consideradas sinônimos perfeitos.
Ainda assim, o uso de sinônimos é um artifício muito utilizado e capaz de trazer sonoridade, leveza, intensidade ou simplificação à comunicação.
Quando o assunto é dinheiro
Quando se trata de investimentos, também são adotados sinônimos, muitas vezes, nada perfeitos. É o caso da substituição de risco por volatilidade, iliquidez por insolvência, investimentos em renda fixa por conservadorismo.
Ocorre, contudo, que essas “equivalências”, assim como na língua portuguesa, geram distorções de significado e podem levar a entendimentos errados.
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Você já deve ter ouvido afirmações como: fundos de renda fixa são para investidor conservador; acertar o momento de mercado para entrar em uma posição (market timing) é essencial; só se ganha dinheiro com renda fixa quando os juros estão caindo.
Contudo, existem erros conceituais graves nessas afirmações.
Não tem perigo?
Ao contrário do que muitos pensam, no mercado de renda fixa existem operações com alto risco, alta alavancagem e baixíssima liquidez que, definitivamente, não combinam com um perfil conservador e que miram retornos semelhantes aos do mercado acionário.
Alguns exemplos de investimentos em renda fixa nada conservadores são: futuro de juros e moeda, antecipação de recebíveis, precatórios e CoCo bonds. Mesmo os títulos do governo indexados à inflação, as NTN-Bs de longo prazo, deveriam ficar de fora da carteira de investidores que não conseguem ver variações negativas acima de 10%. No gráfico abaixo podemos ver o comportamento das NTN-Bs desde janeiro de 2021 até hoje.

Aquele investidor que não entendeu as diferenças fundamentais entre esses conceitos que mencionamos acima certamente sofreu nessas posições.
A verdade é que falta acesso para a pessoa física a vários tipos de operações e, sobretudo, informação sobre o funcionamento desses títulos.
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Colocando em pratos limpos
De maneira simplificada, os retornos em renda fixa podem ser decompostos em seis grandes estratégias:
1- Carrego . O quanto o investidor ganha por ficar em uma dada posição e carregá-la no tempo.
2- Rolagem. Com o passar do tempo, a duration do título se reduz naturalmente. Através da rolagem é possível fixar essa duration no portfólio. Por exemplo, o gestor que comprou um título de 10 anos de duration há um ano vende essa posição (que hoje tem duration de 9 anos) e compra o mesmo título com duration de 10 anos hoje. Dessa forma, o portfólio permaneceria com um nível de taxa teoricamente estável.
3- Deslocamento da curva de juros. Quando a curva se move para cima, o título perde valor por causa da marcação a mercado, e quando se move para baixo, o título ganha. Sabendo disso, o gestor se posiciona comprado ou vendido em juros de acordo com a sua expectativa de deslocamento da curva e pode lucrar com ambos os movimentos.
4- Inclinação da curva . É o movimento relativo dos vértices curtos em relação aos longos. Quando a inclinação aumenta, os títulos mais curtos ganham e os longos perdem. O contrário também é verdadeiro. Por isso, é possível que o gestor abra posições compradas e vendidas em vencimentos (vértices) diferentes para lucrar nas duas pontas.
5- Curvatura da curva. Pode acontecer de vértices mais longos oferecerem taxas menores do que os mais curtos, formando corcovas na curva de juros. Essas corcovas não seguem um padrão determinado, mas podem ser operadas pelos gestores de forma parecida com os dois itens anteriores.
6- Spread de crédito . É a diferença entre as taxas dos títulos privados e as dos títulos públicos. Quando os spreads de crédito sobem, os títulos de crédito se desvalorizam. Isso pode acontecer de forma generalizada ou pode estar relacionado à qualidade de crédito (rating) específica, AAA ou BB-, por exemplo.
Basicamente, os gestores dos fundos de renda fixa utilizam essas estratégias para gerar retorno para você, cotista.
Além da expertise dos gestores em relação à execução dessas estratégias, nós da equipe dos Melhores Fundos de Investimento também avaliamos outros fatores como: percentual de taxas de administração e performance, tempo de resgate em relação à liquidez dos ativos operados, adequação do benchmark, entre outros.
Assim como os sinônimos perfeitos são raros na língua portuguesa, os fundos de renda fixa indicados por nós da equipe dos Melhores Fundos de Investimento são pouquíssimos se considerarmos toda a indústria brasileira.
Para aqueles que seguem a nossa série, fica aqui um spoiler: teremos uma novidade rara em breve.
Sinônimo perfeito de oportunidade.
Um abraço,
Laís
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