Felipe Miranda: O futuro da indústria de investimentos
Bancões ou fintechs de investimentos? É comum a dúvida, mas as empresas que fizerem um bom trabalho em favor do cliente devem continuar atraindo o investidor. É pensando nisso que a Vitreo se transformou em Empiricus Investimentos; entenda
Alguns acham que é para comprar renda fixa no Brasil.
Concordo com eles.
Outros acham que é pra comprar ações aqui.
Também concordo com eles. Pode soar contraintuitivo, mas Bolsa você compra quando o juro está alto (e as ações estão baratas), à espera de uma inflexão ali na frente.
Como muito bem lembrou a carta aos cotistas da gestora Dahlia, quando a inflação faz seu pico — e parece que estamos na iminência disso —, a Bolsa também faz uma inflexão importante.
Carteiras internacionalizadas
Existe ainda um terceiro grupo, que defende internacionalizar as carteiras neste momento ou apenas ficar líquido agora.
Leia Também
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Segundo eles, a outperformance (performance relativa superior) de Brasil em 2022 seria apenas um “bear market rally” (um pequeno rali dentro de uma tendência de baixa).
Com o prognóstico de juros subindo lá fora, cenário macroeconômico complicado aqui e eleições presidenciais acirradas à frente, deveríamos nos proteger em moeda forte.
Bolsa brasileira está barata
Desses eu discordo. Também de forma aparentemente contraintuitiva, podemos ver uma subida das taxas de juro lá fora com enfraquecimento do dólar.
O aperto monetário, além do estimado hoje pelo consenso, estoura a bolha em US tech.
O dinheiro volta a refluir para os demais mercados.
A Europa está em guerra, o Japão não sai da armadilha de liquidez, os BRICS estão caros (caso da Índia), são complexos e passam por surtos de Covid (China) ou estão “ininvestíveis" (Rússia).
O Brasil está avançado em seu ciclo de aperto monetário, com uma possível migração da discussão no curto prazo sobre o momento em que iniciaremos um ciclo de corte da Selic (final do ano ou começo de 2023?).
Somos uma democracia (o que é sempre melhor do que ser uma autocracia, algo que havia sido negligenciado nos últimos anos) e contamos com uma posição geográfica favorável.
Estamos baratos frente ao resto do mundo e a posição técnica é boa (estão todos underweight em Bolsa local).
Posição doméstica mais forte na carteira
Se, no final de 2019, me impus a tarefa de, dentro das minhas enormes limitações e do nosso microcosmo, ajudar na internacionalização das carteiras dos investidores brasileiros, ainda muito subalocados lá fora, agora entendo que o momento exige uma posição doméstica mais forte.
Rápida pausa: é sempre complicado falar contra a internacionalização dos investimentos. É politicamente correto e soa descolado defender a diversificação geográfica e entre moedas.
Com efeito, isso tem muito valor e o brasileiro, na média, ainda tem muito menos ativos internacionais do que deveria em seu portfólio.
Meu ponto aqui é que, se o investidor tem (ou deveria ter) uma alocação estrutural a ser perseguida lá fora, taticamente, as circunstâncias parecem pedir uma exposição inferior a essa nesse momento. A matriz de risco e retorno dos ativos brasileiros me parece melhor.
Financial deepening no Brasil
Outra fonte de debate rico neste momento se refere ao processo de financial deepening que observamos no Brasil nos últimos anos. Teria a dinâmica se encerrado com a Selic indo para o patamar de 13% (em torno disso) ou é apenas uma pausa no processo?
O diabo está sempre nos detalhes. As discussões dicotômicas e ambivalentes simplificam demais a conversa e, em seus modelos mentais excessivamente simplistas, jogam o bebê fora junto com a água do banho.
Talvez o consenso tenha se empolgado demais com a superação dos bancos pelas fintechs e plataformas de investimento com a Selic vindo para mínimas históricas.
Bancões x fintechs
Era como se qualquer empresa nova no mundo de investimentos, fora do setor bancário tradicional, fosse melhor do que os bancões.
Só haveria saída de recursos do oligopólio tradicional em direção às novinhas, que sempre parecem mais interessantes num primeiro momento — até que se mostram inexperientes e despreparadas.
Os movimentos nunca são lineares, sem percalços, muito bem comportados. Há idas e vindas, soluços, sobressaltos, paradas técnicas, programadas e não programadas.
Foi subestimada a capacidade dos bancos reagirem ao processo, como seres estáticos que observariam a própria morte passivamente.
A questão é que sua força de capital, reconhecimento de marca, capacidade e conhecimento único para dar crédito e balanço forte para atravessar crises e momentos de juros altos os colocam, momentaneamente, até em vantagem sobre os demais. Em muitos casos, panela velha é que faz comida boa.
Mito da Caverna de Platão
Sem aquela farra das fake techs e com o dinheiro ficando mais caro no mundo, é natural esperar que algumas inovações ocorram justamente dentro dos bancos, com capacidade de reter clientes, perfil menos arriscado (e, portanto, clientes menos machucados do que aqueles que compraram ações além do razoável) e multiplicidade de opções de produtos.
As famigeradas LIGs, por exemplo, são hoje exclusividade dos bancões e oferecem taxas sem precedentes, que devem, sim, ser aproveitadas pelos clientes.
Em contrapartida, é muito difícil colocar a pasta de dente dentro do recipiente depois que ela já saiu.
Mais filosoficamente, em investimentos, é como se vivêssemos uma espécie de Mito da Caverna de Platão. Depois de décadas nas sombras, o investidor brasileiro começou a enxergar a luz.
E depois de ver o mundo fora do subterrâneo, não há como voltar atrás e fingir desconhecimento. Não vivemos um “brilho eterno de uma mente sem lembranças”, em que podemos apagar determinados eventos da memória.
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal; basta clicar aqui
Financial deepening continua
Meu ponto é que, embora desacelerado, o financial deepening deve, sim, continuar, mas com menos intensidade e de maneira mais sofisticada.
Nem tudo que está fora do banco é bom, ao mesmo tempo que nem tudo do banco é ruim (ou bom). Há, pelo menos, cinquenta tons de cinza fora do maniqueísmo de Hollywood.
Entendo que aquelas empresas e pessoas que fizerem um bom trabalho em favor do cliente devem continuar atraindo o investidor, com mais diferenciação. Se a maré está muito cheia, todo mundo parece adequado. Quando ela abaixa, percebemos quem é quem.
Grupo Empiricus
O que nós, como Empresa, podemos lhe oferecer neste momento?
Aqui, antecipo aos leitores uma novidade: a criação formal do Grupo Empiricus — você pode encontrar alguns detalhes do processo nesta matéria do Neofeed.
Na prática, estamos unificando as marcas em uma só. Aqui não há ditaduras, nem apriorismo. Tomamos a decisão após pesquisa muito bem conduzida pela Provokers, da forma mais científica possível. Além do rito empírico, tal como gostamos de fazer, respeitamos todo o processo, com toda aprovação formal pelo Grupo BTG.
A pesquisa, com base em dados e evidências empíricas, algo que nos era presente de maneira intuitiva: a marca Empiricus possui identidade, ressonância nas pessoas, capacidade de, concretamente, mudar comportamento. Ela é capaz de tocar visceralmente as pessoas com as quais ela se relaciona.
Com os nossos erros e acertos, ajudados pela sorte, talvez com uma pequena competência, e obstinados pelo trabalho, construímos algo que todos gostariam de ter, mas poucos conseguem na prática: brand equity (valor de marca).
Uma família estendida
Antes de avançar, fica o registro: devemos tudo isso a você. Muito obrigado.
Nunca achei que tivéssemos clientes ou consumidores. Sempre persegui a construção de uma família estendida, dentro de uma missão de muita responsabilidade: cuidar de seus patrimônios familiares de uma maneira única, alçando sua gestão de recursos financeiros ao mesmo nível dos profissionais.
Era — e ainda é — uma verdadeira obsessão; sim, clinicamente diagnosticada como uma obsessão. Nem sei se é coisa boa ser assim, mas é o que é. A verdade, apenas ela.
Estou muito feliz em ver que não há, em nenhum outro lugar, proposta parecida com esta. Contamos com você para fazê-la melhor a cada dia, sempre mais forte.
Melhor research independente do Brasil
O que temos a oferecer?
Sem arrogância, mas também sem falsa modéstia, temos o melhor research independente do Brasil.
O maior (sim, escala conta, porque ninguém consegue cobrir com profundidade mais de 15 ações), com capacidade de pagar bons profissionais (um analista de verdade custa caro; e “de verdade” importa) e aquele com maior acesso institucional, sem comparação com qualquer outro.
Isso nos dá uma vantagem informacional muito grande. Essa é a essência do value investing: perseguir e identificar boas assimetrias de informação. Daí emergem as grandes diferenças entre preço e valor.
Plataforma de investimentos da Empiricus
E temos uma plataforma de investimentos orientada por esse research. Ou seja, a orientação aqui não se dá pelo distribuidor, o vendedor, o agente autônomo, mas, sim, por um técnico, que faz análises (e não campanhas de venda) para seus clientes.
Além disso, a real desintermediação da plataforma de investimentos, sem um terceiro na relação da corretora com o investidor, permite oferecer produtos com taxas melhores e custos menores para o cliente.
Nossa plataforma de investimentos não cobra corretagem, devolve cashback para os clientes e oferece, de maneira única, alinhamento aos interesses do investidor. No longo prazo, isso faz muita diferença.
Além disso, ela passa a ter agora, agregando à estratégia puramente digital, consultores e analistas próprios, para darmos a cada cliente uma experiência individualizada e humanizada.
Sérgio Oba, que foi por muitos anos analista da Empiricus, passa a liderar o research fundamentalista da plataforma de investimentos.
Contratamos ótimos analistas gráficos para atender o público interessado nessa abordagem. E estamos trazendo uma economista-chefe para dar conteúdo macro e ajudar nas decisões de investimento dos clientes.
Empiricus Investimentos
Agora, tomamos uma decisão importante: com a devida aprovação do Banco Central e todo o rito regulatório, optamos por transformar a marca Vitreo em Empiricus Investimentos.
Assim, a plataforma atende o seu propósito original, cuja ideia sempre foi criar esse grupo integrado, bebendo do research e oferecendo um grande diferencial aos investidores.
É como se a Vitreo se encontrasse consigo mesma — não há como trair sua alma, pois ela se vinga de você, insistiria James Hillman.
Nada muda para o cliente Vitreo. Estamos apenas mudando a marca. Esperamos, com o tempo, reais benefícios dessa unificação. Veja que a proposta original já era de integração e visão única. Estamos maduros agora, com a intuição sendo comprovada cientificamente.
Com a unificação das marcas, ganhamos mais “brand awareness”, o que fortalece a companhia, lhe confere escala e maior capacidade de conversão de clientes.
Viramos, de cara e de maneira intuitiva, algo maior e com mais força.
Passos a favor do investidor
Isso permite mais capacidade de investimentos, mais ressonância no investidor, alavancagem operacional e possibilidade de focar naquilo que entendemos ser o nosso diferencial: rentabilizar no médio e no longo prazo as carteiras dos investidores, com custos baixos e as melhores estratégias de investimento (para o cliente, não para o vendedor da corretora).
Unindo as marcas, trazendo um atendimento mais individualizado e personalizado na plataforma de investimentos, que, por sua vez, vai beber na fonte do research da Empiricus, damos um passo adicional em favor do investidor.
Ficamos muito felizes em constatar, empiricamente, do jeito que gostamos, que a Empiricus é uma marca forte, com muita ressonância no varejo.
Estamos estabelecendo toda uma nova relação com o dinheiro a partir de uma abordagem profunda e abrangente, tanto em investimentos como na maneira de ver a vida como um todo.
Uma maneira própria de ser e estar no mundo, com o dinheiro sendo uma espécie de catálise para uma relação pessoal de mais liberdade e tranquilidade.
Num mundo que vai exigir diferenciação de bons produtos em favor do cliente, é um marco importante.
É sempre um Day One. Estamos apenas começando.
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos