Entre o calor escaldante e o frio congelante: Como investir durante a desaceleração da economia global
Enquanto o Fed ainda está ajustando a torneira, o momentum ainda ficará difícil para os mercados, o que enseja mais cuidado no planejamento financeiro e na carteira de investimentos

Caro leitor,
Se você está lendo estas linhas agora, é capaz de que você esteja entre os felizardos que puderam aproveitar o “feriado prolongado” da semana passada.
Apenas chegando próximo à data descobri que não se trata de um feriado nacional “per se”, mas isso é uma discussão para outra hora.
O dilema do chuveiro de hotel e os bancos centrais
Aqueles que conseguiram tirar esses dias para descansar e buscaram descansar longe de suas casas podem ter se deparado com o dilema do chuveiro de hotel.
Principalmente se você ficou em um estabelecimento mais antigo: naqueles 20 a 30 segundos após abrir a torneira, você temeu que a água fosse quente demais e ter algo próximo de uma queimadura de segundo grau, ou que fosse tão gelada que passasse a impressão de que você estava dando um belo mergulho no Polo Norte.
Deixando os exageros de lado, em alguns aspectos, essa aparenta ser a dificuldade enfrentada pelos Bancos Centrais mundo afora, principalmente o da maior economia do mundo.
Leia Também
A inflação e a escalada dos juros
Na véspera do “feriado”, na quarta (15) tivemos a decisão do Federal Reserve de aumentar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros, levando-a para o intervalo entre 1,50% e 1,75%.
Pequeno para os padrões tupiniquins, o incremento no Fed Funds Rate foi o maior desde 1994, mostrando que Jerome Powell e seus comandados realmente deram um cavalo de pau naquela abordagem de “inflação transitória” de alguns meses atrás.
Afinal de contas, o nível de preços na economia americana segue em patamares elevados, os maiores em mais de 40 anos.
A alta nos preços nos EUA
Na sexta anterior (10), a divulgação do CPI (o primo americano do nosso IPCA) apontou alta de 8,6% nos doze meses encerrados em maio, comparado com 8,3% na leitura do mês anterior.
E, apesar do grande responsável por esse aumento ter sido os maiores preços de energia – que subiram 3,9% no mês, com destaque para a alta de quase 17% no óleo combustível –, outros grupos que apresentavam desaceleração voltaram a subir forte.
Como exemplo temos o preço de carros e caminhões usados, com inflação de 1,8% no mês, após três meses seguidos de deflação.
Até mesmo os gastos com residência, até então comportados, demonstraram uma alta mensal de 0,6% (maior alta desde março de 2004).
Ou seja, para trazer a inflação para a média de 2%, conforme determinado pelo Fed em meados de 2020, os formuladores de política monetária terão que apertar o torniquete para desaquecer a economia na Terra do Tio Sam.
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio.
O aperto monetário e a economia real
Acontece que decisões nessa seara levam um tempo para atingir a economia real. Alguns estudiosos apontam que esse prazo pode ser de 9 a 18 meses, aumentando ainda mais a dificuldade em calibrar os instrumentos para fazer com que a economia sofra ajustes sem maiores consequências para a população.
E, além disso, é importante lembrar que as ferramentas tradicionais de política monetária atuam de maneira adequada para controlar desequilíbrios do lado da demanda.
No caso atual, grande parte dos problemas está do lado da oferta – o Fed não consegue aumentar a produção de petróleo ou de semicondutores, muito menos de alimentos.
Medo do Fed agressivo
Mas somente a hipótese de o Banco Central americano seguir em uma toada mais forte no aumento de juros (as estimativas já apontam uma grande possibilidade de a taxa básica encerrar o ano no intervalo acima dos 3,5%) já aparenta ter desacelerado a economia americana.
As vendas no varejo no mês de maio caíram 0,3% na comparação com o valor de abril. É o primeiro mês de retração no indicador desde dezembro de 2021, quando retraiu 1,6%. Os pedidos de seguro-desemprego tiveram um aumento inesperado na última semana. As vendas de casas existentes mostraram retração pelo quarto mês consecutivo.
Dessa maneira, não era de se esperar que o PIB americano, medido pelo GDPNow do Federal Reserve de Atlanta, esteja próximo de zero.
A recessão e os investimentos
Caso o resultado do segundo trimestre seja negativo, estaríamos de fato em uma recessão técnica – uma vez que, no 1T21, a soma de todos os produtos e serviços da economia americana teve retração de 1,4%.
Enquanto Powell e seus comandados ainda estão ajustando a torneira, o momentum ainda ficará difícil para os mercados.
O que enseja mais cuidado no seu planejamento financeiro e na sua carteira de investimentos.
Um grande abraço,
Enzo Pacheco
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível