Se o agro é tech, por que não encontramos empresas de tecnologia no segmento para investir?
Embora muito se fale na união entre o agro e o tech, não há empresas na bolsa que, de fato, consigam juntar esses dois mundos. Saiba o motivo
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia.
Toda as vezes em que ministro uma aula nos MBAs da Empiricus, ou alguma palestra sobre investimentos, uma questão obrigatória emerge ao final, na sessão de perguntas e respostas: O que você acha sobre investir em agro tech?
Hoje, cansado de dar a mesma resposta genérica sobre os méritos da inovação (uma resposta que poderia ser dada por um algoritmo de inteligência artificial), tenho devolvido uma pergunta ao interlocutor: Claro, sobre qual empresa você gostaria que eu comentasse?
Nunca obtive resposta para essa pergunta.
Em parte, a inovação é "low profile", ou seja, acontece sem grandes alardes; por outro lado, o investidor toma por "tech" algo que é apenas uma evolução natural dos produtos e modelos de negócios. E, com a tendência da mídia em simplificar termos, muitas coisas hoje abrigadas sob o guarda-chuva da tecnologia não possuem absolutamente nada a ver com o tema.
Será esse o caso de "agrotech"?
Leia Também
Plataforma versus produto
Toda empresa precisa de algum grau de tecnologia para evoluir. Poucas empresas, porém, se darão ao trabalho de alocar o próprio tempo e capital na criação de tais tecnologias.
Da maneira como entrou no imaginário do investidor, se apresentando como teses de exponencialidade, "tech" é basicamente uma outra maneira de se referir a empresas de software.
Obviamente existe muita tecnologia na produção de um Tesla ou na de um painel solar, mas isso não quer dizer que a operação de tais empresas irá crescer exponencialmente.
Não à toa, a margem bruta da First Solar — uma das maiores produtoras de painéis solares nos EUA — oscila entre 15% e 25%; é raro encontrar uma empresa de softwares com tais margens inferiores a 70%.
Na medida em que a First Solar ganha escala, não há muita diferença no custo marginal de se produzir mais um painel. Esse custo, porém, existe.
Numa empresa de software, uma vez que o produto está na rua, o custo marginal tende a zero. Se essa coluna for lida por 1 pessoa, ou por 100 mil pessoas, não fará absolutamente nenhuma diferença em termos de custos para a redação do Seu Dinheiro.
Quando eu esbarro na pergunta sobre agro techs, eu volto a esse pilar: onde estão as empresas genuinamente de tecnologia deste setor, capazes de entregar crescimento com um custo marginal que tende a zero?
Agro é tech, mas também é um monte de outras coisas
Todo software visa resolver algum tipo de grande problema através de uma solução padronizada (ou seja, que possa ser vendida sem grandes customizações).
Recentemente, li um artigo na Bloomberg sobre como a startup Mineral (que pertence ao Google), está utilizando a tecnologia para veículos autônomos que está sendo desenvolvida pela empresa para criar um robô que coleta morangos.
A complexidade é imensa: são centenas de sensores tentando minimizar erros na colheita, manter uma contagem acurada e, o mais importante, não causar danos à plantação.
O custo desses robôs estarem errados não é medido em horas de trabalho, e sim em meses que serão necessários para repor o produto destruído por ele.
Os problemas a serem resolvidos no campo são muito complexos, e o ciclo de feedback é muito longo — bem maior que o padrão das empresas de software.
Além disso, qualquer produto de tecnologia desenvolvido pelo setor precisa considerar que, no local onde será implementado, é provável que haja pouco (ou nenhum) acesso à internet.
Ou seja, é preciso criar soluções com interação direta com o mundo real, de custo marginal maior do que zero, e que ainda funcionem com baixa qualidade de internet.
Hoje, olhando para o Nasdaq 100 — o índice das maiores empresas de tecnologia do mundo —, não há nenhuma "agro tech", considerando esses pontos acima. Na B3, a Bolsa brasileira, também não.
Vou mais longe: como analista de investimentos focado no setor de tecnologia, especialmente em empresas de capital aberto, nunca tive a oportunidade de mergulhar numa empresa listada que pudesse ser definida como Agrotech.
A maioria das empresas que se aventuram nesse complexo negócio conseguem inovar e criar produtos de impacto. Porém, é raro que ganhem muita escala.
No agro, a inovação que você consegue investir hoje não é nada soft
Abaixo, eu trago um gráfico com o retorno das ações da John Deere nos últimos 3 anos.

A John Deere é uma das maiores fabricantes de veículos agrícolas do mundo, além de ser uma empresa centenária.
Depois de anos de vendas estagnadas, a empresa vem surfando uma reaceleração desde 2017, tanto em volume, quanto em preços.
Certamente, o bom momento das commodities entre 2020 e 2021 contribui diretamente para essa performance, mas muito tem sido feito pela empresa em termos de tecnologia, trazendo vários motivos para os produtores renovarem seus equipamentos.
Por exemplo, há alguns anos que a John Deere já vende tratores 100% autônomos.
Todos os seus novos veículos são equipados com dezenas de sensores, monitorando desde as próprias peças para fins de manutenção, até as condições do terreno e da colheita.
Essa é uma onda de inovação que está apenas começando.
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda