A busca do IRB Brasil Re (IRBR3) por recuperar a credibilidade dos investidores ganhou um novo capítulo na noite de sexta-feira, quando o conselho de administração da empresa elegeu seu primeiro diretor-presidente efetivo em seis meses.
A missão de CEO - com ares de 13º trabalho de Hércules - caberá a Raphael Afonso Godinho de Carvalho, eleito em reunião extraordinária realizada na sexta-feira.
Com posse prevista para 1º de outubro, Raphael Carvalho sucederá Wilson Toneto, que desde março atuava interinamente como diretor-presidente do IRB. Toneto permanecerá como diretor vice-presidente técnico e de operações da empresa de resseguros.
“O processo de escolha foi extremamente criterioso, durante o qual seguimos a premissa que temos aplicado nesta gestão do IRB Brasil RE: sem pressa, mas sem pausa”, afirmou Antonio Cassio dos Santos, presidente do conselho de administração da companhia, sobre a sucessão.
Currículo robusto
De acordo com um breve currículo divulgado pelo IRB, Carvalho ostenta uma carreira de mais de 30 anos em instituições de grande porte, com ampla experiência nos setores financeiro e de seguros.
O executivo possui graduação em Matemática e Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem um MBA em Finanças na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e especializações na Kellog School of Management e em Harvard, ambas nos EUA. Nos últimos seis anos e meio, Carvalho foi presidente da seguradora Metlife para o Brasil e Colômbia.
“É única a oportunidade de liderar a companhia neste novo momento, após todo o trabalho de saneamento e reorganização que já foi feito”, afirmou Carvalho, em comunicado.
O 13º trabalho de Hércules
A missão de Carvalho à frente do IRB será hercúlea. Os papéis ON (IRBR3) da resseguradora acumulam 87% de perda desde fevereiro do ano passado, quando eram cotadas acima dos R$ 40 por ação. Na última sexta-feira, as ações do IRB chegaram ao fim do pregão a R$ 5,18.
A derrocada do IRB começou quando a corretora Squadra publicou uma carta que abriu o caminho para a descoberta de fraudes contábeis bilionárias na resseguradora.
Não bastasse a fraude, em março do ano passado, diretores do IRB declararam falsamente que a Berkshire Hathaway, holding que concentra os investimentos do bilionário Warren Buffett, teria aproveitado a queda após o escândalo denunciado pela Squadra para comprar ações da resseguradora.
Mais recentemente, no início de 2021, os papéis do IRB voltaram a ser envolvidos em polêmica depois que pequenos investidores deram início a um movimento para emular no IRBR3 um movimento similar (short squeeze) ao que impulsionou as ações da GameStop no início de 2021.