Hambúrguer, frango ou pizza? Eis uma pergunta poderia ser feita tanto em uma noite de sábado quanto após o anúncio de fusão entre o BK Brasil, dono das redes Burger King e Popeyes no país, e a DP Brasil, dona da rede de pizzarias Domino's por aqui.
Depois de anunciar a transação no fim de semana, os executivos do BK Brasil fizeram uma teleconferência para analistas e investidores entenderem melhor o que pretendem com essa união.
E o mercado parece ter aprovado o cardápio. As ações do Burger King Brasil (BKBR3) passaram o dia operando em forte alta e fecharam com ganhos de 7,92%, cotadas a R$ 12,40.
Com a operação, o BK Brasil passará a operar 1,2 mil restaurantes no país, se tornando a maior empresa de fast food do Brasil.
A operação será realizada com troca de ações, sendo que os acionistas da DP Brasil, que controla a rede de pizzarias, terão cerca de 16% do Burger King, que tem valor de mercado de aproximadamente R$ 3,3 bilhões.
Vale o que vier
De acordo com a apresentação virtual do presidente do BK Brasil, Iuri Miranda, e do CFO da empresa, Gabriel Guimarães, a parceria pretende unir as operações das três marcas - Burger King, Popeyes e Domino's. Entre os destaques, estão a criação de cozinhas centrais e ghost kitchens, focadas apenas em entregas.
O delivery também é uma peça-chave nessa fusão de operações. Cerca de 60% das entregas da Domino’s são feitas por entregadores próprios da pizzaria.
A empresa calcula que existem 35 milhões de brasileiros que usam o delivery uma ou mais vezes por semana, e os executivos enxergam potencial de crescimento mesmo após o fim da pandemia.
Superatendimento
O delivery deve influenciar ainda mais o resultado da empresa com a proposta de integrar os sistemas de atendimento. Por meio de call centers especializados, as redes Burger King, Popeyes e Domino’s devem aumentar a presença digital.
“Call Center” é um nome um pouco antiquado para o que realmente representa. Esses centros devem focar em pedidos por WhatsApp e pelo aplicativo de cada marca. Outro objetivo é melhorar a experiência dentro das lojas, com tokens de autoatendimento e mais alternativas de pagamento.
A parceria ainda precisa ser aprovada pela CVM, mas as empresas esperam que a operação esteja concluída até o final do quarto trimestre. Entretanto, de acordo com o exposto por Iuri Miranda, a estrutura acionária não deve sofrer maiores alterações.
A expectativa é de que a convocação da assembleia geral extraordinária para deliberar sobre o acordo seja marcada para outubro.
O que pensam os analistas
Para os analistas do BTG Pactual, o movimento é realmente bastante positivo para o Burger King Brasil.
Segundo o banco, além das sinergias operacionais, a fusão dará ao BK um maior poder de barganha com os fornecedores, o que potencialmente pode diminuir os custos para a empresa.
Outro ponto importante, segundo o BTG, é a bem-sucedida estratégia digital da Domino's, que pode ser aproveitada nesta parceria.
Na opinião dos analistas, o segmento de restaurantes no Brasil ainda deve ter dificuldades no curto prazo, mas deve ser um dos mais beneficiados com a retomada da demanda.
"A estratégia de expansão e os números consistentes nos balanços tornam o BK Brasil capaz de continuar ganhando participação neste mercado, ainda bastante fragmentado", diz o BTG.
O banco espera uma melhora média anual de 23% nos resultados do Burger King até 2025, e tem recomendação de compra para a ação.