Como Edmundo e Romário explicam o que está acontecendo com as ações de games
Fluxo e fundamento são como Romário e Edmundo nos tempos de Vasco. Quando estavam unidos, eram simplesmente imbatíveis. O problema é que eles passavam 95% do tempo se odiando
Olá, seja muito bem vindo ao nosso papo de domingo que às vezes é sobre tecnologia, às vezes sobre investimentos, mas raramente sobre algo interessante.
Primeiro, quero agradecer a todos os feedbacks que recebi sobre a coluna da semana passada: As ações de tecnologia estão caras ou baratas? Saiba como os analistas fazem as contas.
Vários dos leitores desta coluna interromperam seus domingos para me escrever em resposta ao texto.
Muito obrigado!
Sempre digo que escrever a coluna é a parte fácil. O difícil é pensar sobre o que escrever.
Ainda mais quando existe um compromisso como este, de trazer um conteúdo novo todos os domingos.
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Por isso, há algum tempo estou na busca por um companheiro para dividir essa responsabilidade.
Alguém, obviamente, mais qualificado do que eu.
Não posso dizer exatamente que o encontrei, afinal já nos conhecemos há muito tempo. Mas faltava formalizar o convite.
A partir da próxima semana, vou dividir o espaço da coluna Estrada do Futuro com o Vinicius Bazan.
O Bazan foi analista de criptomoedas da Empiricus, atualmente é responsável pelo nosso super app, é meu companheiro no podcast Tela Azul e, acima de tudo, um amigo.
Ele escreverá sobre tecnologia com a mesma intensidade que eu escrevo sobre investimentos. Uma parceria que, esperamos, seja ao melhor estilo Bebeto e Romário na Copa de 1994.
Feita a apresentação, vamos ao texto de hoje!
De 0 a 10, quão convicto você está?
O Rodrigo Knudsen, conhecido nas alamedas da Faria Lima como "Kiki", é um dos caras mais interessantes com quem já me deparei no mercado financeiro.
Trader e Gamer, cada hora numa ordem diferente, ele é o gestor responsável pela seleção de ativos do fundo Vitreo Tech Games.
Tivemos o prazer de fazer uma longa e divertida conversa com ele no Tela Azul, justamente sobre esse tópico.
Por sacanagem do destino, nossa conversa, no começo de março, marcou um ponto da virada para as ações relacionadas a vídeo games, que desde então, não fazem se não cair.
Foi então que comecei a receber dúvidas por e-mail, com a seguinte pegada:
"Poxa, mercado de games é um negócio de transcende a pandemia, os canais de monetização não param de aumentar, as plataformas são cada vez mais acessíveis e a penetração não para de crescer! POR QUE DIABOS ESTÁ CAINDO?"
Gosto da maneira como as dúvidas são construídas, elas claramente capturam a essência do que é estrutural nesse mercado.
Elas deixam passar "apenas" um dos ditados populares mais importantes do mercado financeiro: de que, contra fluxo, não há argumentos.
Convicção
O fato de uma tese ser estruturalmente fantástica, como a do mercado de games, não significa que ela esteja imune a maldizeres de curto prazo.
Não significa que se dará uma reta ascendente e contínua em direção aos retornos exponenciais.
O mercado é demasiado complexo para sintetizarmos seus movimentos em duas ou três heurísticas e ainda mais neste caso, intrínsecas a um de seus muitos becos.
É importante que você compreenda esse mecanismo.
Fluxo e fundamento são como Romário e Edmundo nos tempos de Vasco. Quando estavam unidos, eram simplesmente imbatíveis.
O problema é que eles passavam 95% do tempo se odiando.
Da mesma maneira, o mercado sempre possui uma história antagonizando com os fundamentos intrínsecos de cada companhia.
A depender de quanto tempo você investe em ações, já foi "especialista por um dia" na macroeconomia turca, em conflitos no Oriente Médio, em Trade War, em ataques cibernéticos e claro, epidemiologista.
É muito provável que 95% desses grandes temas que movimentam e retém a atenção dos mercados não possuem qualquer influência sobre o dia-a-dia das empresas em que você investe.
Mesmo assim, as ações delas responderão a isso.
Simplesmente nenhum ativo está imune ao que chamamos de vetor sistêmico dos mercados.
Essa é uma das primeiras aulas de finanças:
Finanças 101
O modelo mais simples que aprendemos nas aulas de finanças é o CAPM - capital asset pricing model.
O CAPM, que não serve para nada, sintetiza uma equação simples:
Ri = Rf + Beta*(Rm - Rf)
Em que, "Ri" é o retorno de um ativo qualquer. Digamos que o retorno esperado da ação Electronic Arts, uma das maiores empresas de games listadas no mundo.
"Rf" é o retorno livre de risco, geralmente entendido como os Treasuries americanos, ou a Selic no nosso caso.
"Rm" é o retorno do mercado, muitas vezes assumido como o retorno histórico do S&P 500 em longas janelas, ou do Ibovespa no caso tupiniquim.
Por último, o "Beta", de maneira intuitiva, é um componente de sensibilidade, uma espécie de mistura entre a amplitude e direção do movimento de uma ação em relação ao restante do mercado.
Pela nossa equaçãozinha, o retorno esperado da Electronic Arts será tão maior, quanto maior for a diferença entre o retorno médio do mercado (Rm) e o retorno médio dos ativos livres de risco (Rf).
Esqueça a matemática e outras pirações, e se concentre numa conclusão básica e objetiva: o retorno de um ativo qualquer depende indiretamente do retorno do mercado.
Claro, nada impede que uma única ação se destaque num ano péssimo para o mercado de ações.
Mas via de regra, ela teria se destacado ainda mais caso todo o mercado de ações tive ido bem.
Por isso, há dias, semanas e meses em que você vai abrir uma cerveja na sexta-feira e pensar:
"O que minhas empresas de games têm a ver com a alta dos juros nos EUA?"
Se elas não estiverem rodando em altos patamares de endividamento (o que não é muito comum no setor), provavelmente não terão nada a ver mesmo.
Isso não quer dizer que suas ações se comportarão com indiferença, que passarão incólumes a todo um rotation global de portfólios provocado pelo reequacionamento (acho que acabo de inventar essa palavra) dos retornos esperados de diversas classes de ativos, em nível global.
Em resumo: Edmundo e Romário.
Contato
Se você gostou dessa coluna, pode entrar em contato comigo através do e-mail telaazul@empiricus.com.br, com ideias, críticas e sugestões.
Também pode conhecer o fundo de investimentos que implementa as ideias que eu, o Rodolfo Amstalden e Maria Clara Sandrini nos dedicamos semanalmente a produzir.
E claro, siga acompanhando meu trabalho através do Podcast Tela Azul, em que, todas as segundas-feiras, eu e meus amigos André Franco e Vinicius Bazan falamos sobre tecnologia e investimentos.
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Um abraço!
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