Verde que te quero verde: Como investir no mercado de crédito de carbono, que saltou 187% em três anos
Para quem quer unir ganhos ambientais e financeiros, selecionamos três maneiras pelas quais pessoas físicas podem investir nesse nicho

A fabricação, o processamento e o descarte de quase tudo que consumimos liberam uma série de gases do efeito estufa na atmosfera e agravam o aquecimento global.
Você provavelmente já sabe de tudo isso. Agora imagine tomar conhecimento de que o futuro do planeta está ameaçado quando se é uma criança de sete anos.
Foi durante um documentário “animado” exibido na escola que fui apresentada às consequências catastróficas do aumento da temperatura na Terra.
No final da sessão, com grande parte dos alunos assustados, os professores entregaram um saquinho com sementes de Ipê e um pouco de esperança. Eles explicaram que a árvore absorve, durante seu crescimento, dióxido de carbono (CO2), um dos gases do efeito estufa presentes na atmosfera.
Assim, plantando o pé de Ipê, era possível compensar parte das nossas emissões e contribuir para diminuir o aquecimento global.
Da escola para o mundo
Em uma escala muito maior, é de forma similar a esta que funciona o mercado de carbono. Países e empresas também podem compensar suas emissões por meio de um sistema de compra de créditos criado no Protocolo de Kyoto, de 1997, e atualizado pelo Acordo de Paris, de 2015.
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Com as questões ambientais cada vez mais no centro das preocupações mundiais e governos e empresas assumindo compromissos de preservar florestas e diminuírem as emissões na atmosfera, investir em créditos de carbono se tornou um negócio lucrativo.
Os contratos futuros de unidades equivalentes de carbono negociados no Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS), por exemplo, já valorizaram 187% — em euros, vale destacar — desde 2018.
De olho nessa alta, também surgem novas ferramentas para gerar e comercializar os créditos de carbono. Essas alternativas permitem que até mesmo os pequenos investidores como você e eu exponham seu portfólio a esse mercado.
Para quem gostou da ideia de unir ganhos ambientais e financeiros, selecionamos três maneiras pelas quais pessoas físicas podem investir no mercado de crédito de carbono.
Que moeda é essa?
Antes de contar como é possível incluir o ativo verde em sua carteira, é preciso entender melhor como funciona esse sistema. “O crédito pode ser comparado a uma espécie de moeda que nasce a partir da não emissão de uma tonelada de carbono na atmosfera”, conta Rafaella Dortas, diretora de ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança) do BTG Pactual.
Quando uma empresa constrói uma usina de energia eólica, por exemplo, fornece um substituto para os combustíveis fósseis utilizados na geração de eletricidade. Com isso, a companhia evita a emissão de uma determinada quantidade de dióxido de carbono na atmosfera.
“Essa fatia de CO2 que deixou de ser emitida pode ser calculada, transformada em créditos e comercializada”, aponta a diretora.
Hoje a maioria das transações desse tipo são operacionalizadas internamente dentro dos países que já regulamentaram o mercado. O EU ETS, já citado anteriormente, cobre 75% do mercado global de carbono e movimenta aproximadamente US$ 250 bilhões.
Nesses locais, o governo determina metas de emissão para os setores da indústria. As empresas que ficam abaixo do limite vendem os créditos para aquelas que poluem mais.
Já em países onde ainda não há regulamentações, como é o caso do Brasil, cada agente escolhe ou não compensar as suas emissões de carbono.
Fundo verde
Agora que você já sabe, em linhas gerais, como funciona o mercado, selecionamos três maneiras através das quais é possível surfar na valorização dos créditos — e sem precisar construir uma usina eólica ou plantar uma floresta inteira de Ipês.
A primeira delas é por meio de fundos de investimentos como o Vitreo Carbono. O produto é baseado no Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia, aquele onde os créditos de carbono saltaram 187% em três anos, e pede uma aplicação mínima de R$ 100.
A taxa de administração é de 0,9% e a de performance de 10% sobre o que exceder 100% da variação do euro + 5%. Também é importante lembrar que, como está exposto à moeda europeia, o retorno do fundo pode ser afetado positiva ou negativamente de acordo com as flutuações do câmbio.
Apesar do ganho expressivo já anotado, as perspectivas de crescimento continuam boas: com o ESG assumindo uma importância crescente para empresas e investidores, a tendência é que a alta na procura pelos créditos traga uma valorização ainda maior para o setor.
George Wachsmann, sócio e chefe de gestão da Vitreo, ressalta que não é possível imaginar um cenário onde a procura pela moeda verde diminua. “Cada vez mais empresas e governos terão que buscar o ativo, e o número de projetos é limitado. Então, esse preço terá sempre uma demanda crescente”.
Pouco mais de um mês após o lançamento, o fundo já conta R$ 14 milhões de reais em patrimônio e quase dois mil clientes. O produto animou mais do que o fundo de investimento na indústria de petróleo, por exemplo, anunciado pela gestora em março e que possui atualmente R$ 4 milhões em patrimônio e 800 investidores.
“É interessante notar que parece que as pessoas estão mais animadas com o crédito de carbono do que com o petróleo, um ativo mais tradicional.”
Carbono digital
Outra forma de investir no mercado é por meio de plataformas como a MOSS. A empresa opera com a venda de créditos de carbono tokenizados — ou seja, que utiliza tokens digitais para representar a propriedade de um determinado ativo.
A plataforma funciona como uma espécie de “carteira verde”, pois, ao contrário do que acontece nas negociações entre empresas, os créditos não precisam ser imediatamente compensados.
Fernanda Castilho, general manager da MOSS, indica que os ativos adquiridos pelos investidores podem ser guardados em uma carteira digital. Quando eles decidem que é hora de vender seus créditos, a negociação ocorre de maneira similar a de criptomoedas, por exemplo, e outros tipos de ativos digitais.
“As transações de compra e venda são feitas fora da plataforma da MOSS, em exchanges de como Mercado Bitcoin, Uniswap e Probit”, explica.
Embora ainda seja pequeno, o volume de transações nesse mercado cresce constantemente. O Brasil certifica 5 milhões de créditos hoje por ano, mas possui potencial para certificar até 1,5 bilhão, segundo a general manager da MOSS.
“Dessa maneira, o país poderá se tornar o principal líder na geração e comercialização de créditos de carbono no futuro.”
Moeda de biocombustíveis
Por fim, a última forma de investimento da nossa lista está relacionada a uma frente já regulamentada do mercado de crédito de carbono no Brasil.
Conforme explica Patrícia Genelhu, head de investimentos sustentáveis e de impacto do BTG Pactual, a partir do surgimento do RenovaBio, a política nacional de biocombustíveis, foi criado também um mercado de descarbonização por via combustível.
“Essa é uma frente cujo mercado entrou em operação no ano passado e está ganhando tração. Mas já temos metas anuais e compulsórias de neutralização de CO2 definidas para distribuidores de combustíveis fósseis”, diz.
As metas são estabelecidas de acordo com o volume comercializado pelas distribuidoras, que ficam obrigadas a adquirirem os chamados Créditos de Descarbonização (CBIO) para compensá-lo.
“Do outro lado temos produtores e importadores de biocombustíveis como as partes que geram o lastro a partir do qual esse crédito pode ser emitido”, cita Patrícia.
Cada CBIO também equivale a uma tonelada de dióxido de carbono cuja emissão foi evitada e é negociado na B3, a bolsa de valores brasileira. Apesar de ainda pouco explorada, essa também é uma via para os investidores, pois não há restrições para adquirir os créditos.
As negociações são feitas no mercado de Balcão, ambiente que concentra a realização de operações que não realizadas no ambiente de bolsa, com o intermédio de instituições financeiras.
Conforme indica a B3, o CBIO não tem data de vencimento e é retirado de circulação somente quando sua aposentadoria é solicitada.
A cada ano, os distribuidores de combustíveis precisam requerer a aposentadoria de CBIOs equivalentes às suas metas de descarbonização. Mas a mesma regra não se aplica a outros proprietários dos títulos, que podem escolher quando vender seus ativos.
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