🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Larissa Vitória

Larissa Vitória

É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Bolso e consciência felizes

Verde que te quero verde: Como investir no mercado de crédito de carbono, que saltou 187% em três anos

Para quem quer unir ganhos ambientais e financeiros, selecionamos três maneiras pelas quais pessoas físicas podem investir nesse nicho

Larissa Vitória
Larissa Vitória
10 de junho de 2021
6:05 - atualizado às 19:40
ESG crédito de carbono
Demanda de países e empresas para compensar emissões impulsiona mercado de créditos de carbono Imagem: Shutterstock

A fabricação, o processamento e o descarte de quase tudo que consumimos liberam uma série de gases do efeito estufa na atmosfera e agravam o aquecimento global.

Você provavelmente já sabe de tudo isso. Agora imagine tomar conhecimento de que o futuro do planeta está ameaçado quando se é uma criança de sete anos.

Foi durante um documentário “animado” exibido na escola que fui apresentada às consequências catastróficas do aumento da temperatura na Terra.

No final da sessão, com grande parte dos alunos assustados, os professores entregaram um saquinho com sementes de Ipê e um pouco de esperança. Eles explicaram que a árvore absorve, durante seu crescimento, dióxido de carbono (CO2), um dos gases do efeito estufa presentes na atmosfera.

Assim, plantando o pé de Ipê, era possível compensar parte das nossas emissões e contribuir para diminuir o aquecimento global.

Da escola para o mundo

Em uma escala muito maior, é de forma similar a esta que funciona o mercado de carbono. Países e empresas também podem compensar suas emissões por meio de um sistema de compra de créditos criado no Protocolo de Kyoto, de 1997, e atualizado pelo Acordo de Paris, de 2015.

Leia Também

Com as questões ambientais cada vez mais no centro das preocupações mundiais e governos e empresas assumindo compromissos de preservar florestas e diminuírem as emissões na atmosfera, investir em créditos de carbono se tornou um negócio lucrativo.

Os contratos futuros de unidades equivalentes de carbono negociados no Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS), por exemplo, já valorizaram 187% em euros, vale destacar — desde 2018.

De olho nessa alta, também surgem novas ferramentas para gerar e comercializar os créditos de carbono. Essas alternativas permitem que até mesmo os pequenos investidores como você e eu exponham seu portfólio a esse mercado.

Para quem gostou da ideia de unir ganhos ambientais e financeiros, selecionamos três maneiras pelas quais pessoas físicas podem investir no mercado de crédito de carbono.

Que moeda é essa?

Antes de contar como é possível incluir o ativo verde em sua carteira, é preciso entender melhor como funciona esse sistema. “O crédito pode ser comparado a uma espécie de moeda que nasce a partir da não emissão de uma tonelada de carbono na atmosfera”, conta Rafaella Dortas, diretora de ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança) do BTG Pactual.

Quando uma empresa constrói uma usina de energia eólica, por exemplo, fornece um substituto para os combustíveis fósseis utilizados na geração de eletricidade. Com isso, a companhia evita a emissão de uma determinada quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. 

“Essa fatia de CO2 que deixou de ser emitida pode ser calculada, transformada em créditos e comercializada”, aponta a diretora.

Hoje a maioria das transações desse tipo são operacionalizadas internamente dentro dos países que já regulamentaram o mercado. O EU ETS, já citado anteriormente, cobre 75% do mercado global de carbono e movimenta aproximadamente US$ 250 bilhões.

Nesses locais, o governo determina metas de emissão para os setores da indústria. As empresas que ficam abaixo do limite vendem os créditos para aquelas que poluem mais. 

Já em países onde ainda não há regulamentações, como é o caso do Brasil, cada agente escolhe ou não compensar as suas emissões de carbono.

Fundo verde

Agora que você já sabe, em linhas gerais, como funciona o mercado, selecionamos três maneiras através das quais é possível surfar na valorização dos créditos e sem precisar construir uma usina eólica ou plantar uma floresta inteira de Ipês. 

A primeira delas é por meio de fundos de investimentos como o Vitreo Carbono. O produto é baseado no Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia, aquele onde os créditos de carbono saltaram 187% em três anos, e pede uma aplicação mínima de R$ 100.

A taxa de administração é de 0,9% e a de performance de 10% sobre o que exceder 100% da variação do euro + 5%. Também é importante lembrar que, como está exposto à moeda europeia, o retorno do fundo pode ser afetado positiva ou negativamente de acordo com as flutuações do câmbio.

Apesar do ganho expressivo já anotado, as perspectivas de crescimento continuam boas: com o ESG assumindo uma importância crescente para empresas e investidores, a tendência é que a alta na procura pelos créditos traga uma valorização ainda maior para o setor.

George Wachsmann, sócio e chefe de gestão da Vitreo, ressalta que não é possível imaginar um cenário onde a procura pela moeda verde diminua. “Cada vez mais empresas e governos terão que buscar o ativo, e o número de projetos é limitado. Então, esse preço terá sempre uma demanda crescente”.

Pouco mais de um mês após o lançamento, o fundo já conta R$ 14 milhões de reais em patrimônio e quase dois mil clientes. O produto animou mais do que o fundo de investimento na indústria de petróleo, por exemplo, anunciado pela gestora em março e que possui atualmente R$ 4 milhões em patrimônio e 800 investidores.

“É interessante notar que parece que as pessoas estão mais animadas com o crédito de carbono do que com o petróleo, um ativo mais tradicional.”

Carbono digital

Outra forma de investir no mercado é por meio de plataformas como a MOSS. A empresa opera com a venda de créditos de carbono tokenizados — ou seja, que utiliza tokens digitais para representar a propriedade de um determinado ativo.

A plataforma funciona como uma espécie de “carteira verde”, pois, ao contrário do que acontece nas negociações entre empresas, os créditos não precisam ser imediatamente compensados.

Fernanda Castilho, general manager da MOSS, indica que os ativos adquiridos pelos investidores podem ser guardados em uma carteira digital. Quando eles decidem que é hora de vender seus créditos, a negociação ocorre de maneira similar a de criptomoedas, por exemplo, e outros tipos de ativos digitais. 

“As transações de compra e venda são feitas fora da plataforma da MOSS, em exchanges de como Mercado Bitcoin, Uniswap e Probit”, explica.

Embora ainda seja pequeno, o volume de transações nesse mercado cresce constantemente. O Brasil certifica 5 milhões de créditos hoje por ano, mas possui potencial para certificar até 1,5 bilhão, segundo a general manager da MOSS.

“Dessa maneira, o país poderá se tornar o principal líder na geração e comercialização de créditos de carbono no futuro.”

Moeda de biocombustíveis

Por fim, a última forma de investimento da nossa lista está relacionada a uma frente já regulamentada do mercado de crédito de carbono no Brasil. 

Conforme explica Patrícia Genelhu, head de investimentos sustentáveis e de impacto do BTG Pactual, a partir do surgimento do RenovaBio, a política nacional de biocombustíveis, foi criado  também um mercado de descarbonização por via combustível.

“Essa é uma frente cujo mercado entrou em operação no ano passado e está ganhando tração. Mas já temos metas anuais e compulsórias de neutralização de CO2 definidas para distribuidores de combustíveis fósseis”, diz.

As metas são estabelecidas de acordo com o volume comercializado pelas distribuidoras, que ficam obrigadas a adquirirem os chamados Créditos de Descarbonização (CBIO) para compensá-lo. 

“Do outro lado temos produtores e importadores de biocombustíveis como as partes que geram o lastro a partir do qual esse crédito pode ser emitido”, cita Patrícia.

Cada CBIO também equivale a uma tonelada de dióxido de carbono cuja emissão foi evitada e é negociado na B3, a bolsa de valores brasileira. Apesar de ainda pouco explorada, essa também é uma via para os investidores, pois não há restrições para adquirir os créditos.

As negociações são feitas no mercado de Balcão, ambiente que concentra a realização de operações que não realizadas no ambiente de bolsa, com o intermédio de instituições financeiras.

Conforme indica a B3, o CBIO não tem data de vencimento e é retirado de circulação somente quando sua aposentadoria é solicitada. 

A cada ano, os distribuidores de combustíveis precisam requerer a aposentadoria de CBIOs equivalentes às suas metas de descarbonização. Mas a mesma regra não se aplica a outros proprietários dos títulos, que podem escolher quando vender seus ativos.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TCHAU, QUERIDA?

Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora

30 de abril de 2025 - 12:48

Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava

TREINO ATIVO

Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas

30 de abril de 2025 - 11:08

Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio

MUDANÇA NO APETITE

Fundos de ações ESG registram fuga de capitais no primeiro trimestre, enquanto fundos de renda fixa sustentáveis atraem investidores

30 de abril de 2025 - 9:05

Movimento reflete cautela dos investidores com volatilidade e busca por maior proteção em ativos de renda fixa sustentáveis, aponta pesquisa da Morningstar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

FERIADÃO À VISTA

Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio

30 de abril de 2025 - 7:30

Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda

RAIO-X DO INVESTIDOR

Quase metade dos apostadores de bets também são investidores — eles querem fazer dinheiro rápido ou levar uma bolada de uma vez

29 de abril de 2025 - 14:30

8ª edição do Raio-X do Investidor, da Anbima, mostra que investidores que diversificam suas aplicações também gostam de apostar em bets

RAIO-X DO INVESTIDOR

14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência 

29 de abril de 2025 - 14:05

8ª edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostra que brasileiros investem por segurança financeira, mas mesmo aqueles que diversificam suas aplicações veem o retorno como insatisfatório

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

SD Select

Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração

29 de abril de 2025 - 8:00

Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático

PRIMEIRO EMPREGO

Momentos finais para se inscrever na Riachuelo, KPMG, Peers e P&G; confira essas e outras vagas para estágio e trainee

28 de abril de 2025 - 18:42

Os aprovados nos programas de estágio e trainee devem começar a atuar até o segundo semestre de 2025; as inscrições ocorrem durante todo o ano

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO INCLUSIVO

Governo federal lança segundo leilão para recuperar áreas degradadas e espera atrair até R$ 10 bilhões

28 de abril de 2025 - 17:48

Objetivo é mobilizar recursos para recuperar 1 milhão de hectares de cinco biomas diferentes e transformá-los em sistemas produtivos sustentáveis

conteúdo EQI

Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação

28 de abril de 2025 - 10:00

Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

IR 2025

Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025

28 de abril de 2025 - 7:40

Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025

OLIMPÍADAS ACADÊMICAS

Foco em educação: Potencia Ventures faz aporte de R$ 1,5 milhão na UpMat

27 de abril de 2025 - 16:20

Potencia Ventures investe R$ 1,5 milhão na startup UpMat Educacional, que promove olimpíadas de conhecimento no país.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

PASSOU!

Natura (NTCO3): proposta de incorporação é aprovada por unanimidade; confira o que muda para os investidores

25 de abril de 2025 - 20:11

Agora, o processo precisa do aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para ser concluído

DUO ONIPRESENTE

A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 18:48

O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar