O dia depois do 7 de Setembro com Brasília em pé de guerra

Se nos últimos meses as ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao Executivo e ao Judiciário ainda contavam com o benefício da dúvida de parcela do mercado, as manifestações do dia 7 de setembro servem como um divisor de águas — a guerra entre os Três Poderes está oficialmente declarada, e o Ibovespa deve ser um sangrento campo de batalha.
O discurso agressivo do presidente Jair Bolsonaro durante as manifestações não trouxe surpresas, mas serviu para ampliar a tensão na capital federal. Depois de novos ataques feitos principalmente aos ministros da Suprema Corte, hoje foi dia de tensão e réplica dos demais Poderes, após meses de banho-maria.
Em seu pronunciamento, o presidente da Câmara, Arthur Lira, pregou harmonia entre os Poderes, e disse que a Câmara dos Deputados deve atuar como um agente pacificador das tensões entre Executivo e Judiciário.
Lira também voltou a defender a Constituição e o modelo eletrônico de votação, reforçando que o voto impresso, pauta de reivindicação bolsonarista, já está superado. O presidente da Câmara reforçou compromisso com a agenda de reformas e afirmou que as redes sociais 'superdimensionam' a crise atual e que a solução virá em 2022, com novas eleições.
Já Luiz Fux, presidente do STF, adotou um tom mais duro. Fux sinalizou que os ataques feitos por Bolsonaro categorizam crimes de responsabilidade e cobrou medidas do Congresso. Além disso, foi categórico ao reafirmar o compromisso do Judiciário com a Constituição e ao afirmar que ninguém fechará o STF.
O clima de aprovação para as reformas já era quase inexistente, mas agora pautas como as reformas administrativa e tributária dificilmente sairão do lugar. A guerra entre os Poderes também torna a ameaça de rompimento do teto de gastos mais real.
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A crise entre Executivo e Judiciário reflete diretamente na questão dos precatórios, já que a equipe econômica esperava contar com a “boa vontade” do STF para conseguir manobrar o pagamento dos R$ 89 bilhões previstos para o fim do ano.
Para os investidores, o que antes era um temor finalmente virou realidade. Com muitos meses de antecedência, Brasília entra de vez em clima de eleição, e os próximos movimentos de Bolsonaro para tentar reconquistar a população geram temor de mais gastos públicos.
Com o exterior também no negativo, o Ibovespa registrou o menor nível desde março, aos 113.412 pontos, após uma queda de 3,78%. Se nos últimos tempos a expectativa de alta da Selic conseguiu segurar o câmbio, hoje não deu. O dólar à vista subiu 2,89%, aos R$ 5,3291.
A elevação do risco político pressionou também os juros futuros, com os investidores recalibrando as apostas para a próxima reunião do Copom, que acontece no dia 22. O noticiário corporativo ficou em segundo plano, mas tivemos alguns destaques:
- Via (VIIA3) investe em startups ligadas a serviços financeiros por meio da Via Next;
- Petrobras (PETR4) abre venda de dois campos na Bacia de Santos;
- Localiza e Unidas sobem forte após sinalização positiva do Cade para a fusão;
- Sem tempo ruim para a Weg! O Credit Suisse voltou a recomendar a compra das ações da companhia.
Veja tudo o que movimentou os mercados nesta quarta-feira, incluindo os principais destaques da semana e as ações com o melhor e o pior desempenho.
QUERIDINHA DA BOLSA
WEGE3: Credit Suisse recomenda compra de ações da Weg e enxerga alta de 26%. “A Weg superou o Ibovespa em todas as crises financeiras e políticas na última década”, destacaram os analistas, em relatório a clientes.
JUROS EM ALTA
Retorno da renda fixa sobe um pouco mais, e título do Tesouro Direto já paga mais de 11% ao ano. Tesouro Prefixado com vencimento em 2031 já está rendendo 11,05% com disparada dos juros futuros devido às tensões políticas após o 7 de setembro.
SEM PARAQUEDAS
O que explica a queda de mais de 7% do Bitcoin hoje? CVM americana pretende processar a corretora Coinbase e investiga a plataforma de negociação de DeFis Uniswap. Para completar, adoção do bitcoin como moeda oficial em El Salvador passa por instabilidades. Criptomoeda recua após ter atingido os US$ 51 mil.
ENERGIA QUE É BOM...
Em meio à crise hídrica, Vale já recebeu R$ 500 milhões por usina hidrelétrica parada e mantém briga na Justiça pelos pagamentos; entenda o caso. A situação causa revolta em todo o setor elétrico, pois os pagamentos compartilhados têm sido feitos mensalmente à Vale mesmo sem geração de energia.
FEIRÃO DA ESTATAL
Petrobras abre venda de dois campos na Bacia de Santos; ação tem potencial de subir e pagar bons dividendos. Petroleira salientou que o acordo está em linha com o processo de otimização do portfólio da companhia.
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