🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

São os invernos menos frios que te deixarão vivo

19 de março de 2021
11:38 - atualizado às 11:39

Foi apenas no século 19 que cientistas concordaram que o planeta havia passado por várias eras glaciais e não apenas uma, consenso até a época.

A descoberta de enormes rochas com diferenças de idade de alguns milhões de anos e em lugares completamente distantes entre si sugeria pelo menos cinco períodos de congelamento da Terra, em que praticamente não existia vida devido às baixas temperaturas e à falta de luz solar.

O tema introduz o capítulo sobre retornos compostos do livro “The Psychology of Money”, do premiado autor e investidor em venture capital Morgan Housel – seu blog, Collaborative Fund, é uma das leituras mais interessantes que tive o prazer de conhecer nos últimos anos.

Mas que força da natureza – ou sobrenatural, dependendo da fé de cada um – poderia causar o congelamento e derretimento do planeta por algumas vezes? Existiam, de fato, várias teorias para explicar o congelamento ou derretimento do planeta apenas uma vez, mas não cinco.

Há pouco mais de um século, o sérvio Milutin Milankovic chegou à teoria aceita até hoje de que os campos gravitacionais do Sol e da Lua afetam levemente o movimento da Terra e sua distância em relação ao Sol. Ao longo desse ciclo, o planeta poderia passar milênios com temperaturas muito altas ou muito baixas.

A princípio, Milankovic assumiu que eram os longos invernos vorazes os responsáveis pelas eras glaciais, transformando tudo em gelo. Anos depois, porém, o russo Wladimir Koppen aprofundou-se no tema e encontrou o equívoco do colega.

Leia Também

Na realidade, eram os verões sucessivos e ligeiramente menos quentes que causavam o congelamento, ao não serem capazes de derreter o gelo do inverno anterior. Mais do que uma energia gigantesca, o processo cíclico de destruição da vida na Terra era lento e constante.

Repare a natureza convexa e cíclica do exemplo: pequenas mudanças que se acumulam no tempo causam mudanças cada vez maiores, até o ponto de inflexão em que o ciclo atual é causa das mudanças que levarão ao próximo.

A analogia é perfeita para o ato de investir, especificamente se aplicada à convexidade e à natureza cíclica do investimento em ações.

Recentemente, decidimos investigar a relação entre os fundos long biased – aqueles com viés comprado em Bolsa, mas com flexibilidade na exposição – e os long only – sempre comprados, próximos a 100% de exposição a ações.

A principal crítica que existe aos long biased é o fato de ficarem no meio do caminho, nem pra lá nem pra cá, entre gestores de ações tradicionais, totalmente dedicados a gerar retornos via seleção das melhores empresas, e gestores de multimercados, com um componente de “market timing” em suas decisões, mas historicamente com pouca exposição à Bolsa.

Antes de qualquer coisa, não há dúvida de que ganhar dinheiro no mercado é um jogo disputadíssimo e, provavelmente, um jogo de soma negativa se considerarmos os custos envolvidos. Selecionar as melhores empresas para ser sócio e ainda aumentar ou reduzir a exposição à renda variável no momento certo demandam muito de tudo: experiência, sorte e obsessão. É para poucos e são esses que nos interessam.

Em primeiro lugar, segmentamos o desempenho do Ibovespa desde 1996 em ciclos de alta e de baixa, em que alta corresponde a períodos com ganhos de pelo menos 25% e baixa a períodos com queda de pelo menos 20%. (Há uma simetria matemática aqui: ao perder 20%, o investidor precisa recuperar 25% para voltar ao ponto original.)

Cada número da figura abaixo corresponde a um desses períodos alternados. Atualmente, estamos em um ciclo de alta que começou em 23 de março do ano passado, pior momento da crise. O Ibovespa já sobe 81% desde então.

Em seguida, simulamos três estratégias com exposição crescente à Bolsa: um fundo A, que capturaria 25% do resultado de cada ciclo, de alta ou baixa; B, que capturaria 50%; e C, com 75%. Aqui, há uma premissa duvidosa, mas utilizada para fins didáticos, de que esses gestores têm habilidade acima da média de identificar ciclos.

Pela lógica, todos são menos arriscados do que um gestor de fundo long only, 100% alocado em Bolsa. Mas seriam seus retornos também proporcionalmente menores?

Não exatamente. O resultado traz uma dupla surpresa: enquanto o fundo B, com metade da exposição à Bolsa em cada um dos ciclos, teve desempenho acumulado próximo ao do Ibovespa, o fundo C, com 75% de captura, foi muito melhor, abrindo larga diferença.

Uma das hipóteses para o desempenho superior de C, por exemplo, é justamente a assimetria que existe entre ganhos e perdas. Participar dos movimentos de alta teve peso maior do que dos movimentos de baixa.

O próximo passo seria, portanto, entender se houve e qual foi, historicamente, um intervalo ideal de exposição ao Ibovespa nos ciclos. A figura abaixo aponta nessa direção: estratégias que participaram de 60% a 90% das altas e baixas da Bolsa tiveram um desempenho acumulado acima do Ibovespa em 24 anos, com menos risco, obviamente.

Ao simularmos outros períodos, os resultados foram parecidos, com pico próximo a 70% a 80% de captura. Esse parece ser, historicamente, um intervalo que equilibra o trade-off entre a convexidade na alta e a proteção patrimonial na queda.

Da teoria para a prática, outras duas surpresas positivas: não apenas a maioria dos fundos long biased da indústria ganhou do Ibovespa nos últimos anos – lembrando que há uma boa dose de heterogeneidade entre eles –, como os melhores ainda têm uma relação assimétrica e positiva entre o quanto participam das altas da Bolsa e o quanto participam das quedas.

Para conhecer esses fundos que mais se destacam e acompanhar o relatório que será divulgado nas próximas semanas com cenário e posições dos principais gestores da categoria, espero você na série Os Melhores Fundos de Investimento.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dedo no gatilho

24 de março de 2025 - 20:00

Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

17 de março de 2025 - 20:00

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante

12 de março de 2025 - 19:58

Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump

10 de março de 2025 - 20:00

Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes

VISÃO 360

Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso

9 de março de 2025 - 7:50

O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º

5 de março de 2025 - 20:01

Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump

26 de fevereiro de 2025 - 20:00

Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável

19 de fevereiro de 2025 - 20:01

Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio

12 de fevereiro de 2025 - 20:00

Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808

10 de fevereiro de 2025 - 20:00

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek

3 de fevereiro de 2025 - 20:01

Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?

29 de janeiro de 2025 - 20:31

Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente

18 de dezembro de 2024 - 20:00

Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal

11 de dezembro de 2024 - 15:00

Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”

4 de dezembro de 2024 - 20:00

Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou

27 de novembro de 2024 - 16:01

Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer

18 de novembro de 2024 - 20:00

Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2

7 de outubro de 2024 - 20:00

Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo

2 de outubro de 2024 - 14:40

A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar