Ouça Elis

Eu já me debrucei várias vezes sobre essa pergunta. Como no exercício de Wittgenstein em “Tractatus Logico-Philosophicus”, há circunstâncias particulares para que a linguagem possa conseguir representar o mundo. Em outras, ela apenas o limita dentro de um modelo pouco representativo. Como na Cama de Procusto, em que fazemos o hóspede caber dentro de uma cama cortando-lhe as pernas. Muitas vezes, a realidade precisa ser mutilada para entrar em nossas narrativas.
Não conseguiria, por exemplo, jamais definir o amor pelos meus filhos com o mínimo de precisão. A própria vida, se você parar pra pensar, não cabe muito bem em palavras. Ela é, por definição, uma experiência vivida e nenhuma biografia será capaz de traduzi-la em sua plenitude. É algo de se viver e de sentir, experienciar, não de se descrever.
Poderia recorrer a descrições protocolares da Empiricus. “A maior casa de análise de investimentos do Brasil, com 40 analistas e 400 mil assinantes, cujo objetivo é levar aos seus clientes, de maneira não conflitada, ideias para aplicar seu dinheiro tão boas ou melhores do que aquelas anteriormente restritas aos profissionais do mercado financeiro.”
Não seria errado, mas passaria longe de representar exatamente o que acontece aqui. A Empiricus é isto (pode pular para o minuto 9 e ver a partir daí): https://www.instagram.com/tv/CLHOr_bhAQw/?igshid=mbryitiyufkm
Por mais que me esforce, não consigo descrever esse vídeo. Essa não é só a história da Elis. Também não é a minha história com a Elis. Há muito mais aí.
A Elis é o “financial deepening” na veia. Quando pensarmos na revolução em curso no mercado de capitais brasileiro, não devemos abordá-la com modelos econométricos ou macroeconômicos. Devemos pensar na Elis. Nas várias Elises. Em pessoas comuns que conseguem, com muita luta e muito suor, guardar um dinheiro (muito ou pouco, não interessa) no final do mês. Percebem que esse dinheiro não rende mais nada na poupança ou no CDI. Têm acesso a plataformas de investimentos no celular. E podem, com algum esforço mínimo, acessar informação de qualidade. Essa combinação transforma vidas, famílias inteiras. Não é um discurso diletante. É mudança de comportamento. Real, sem papinho.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
É com essas pessoas que precisamos aprender a conversar. E, por favor, não as subestime. Esses investidores costumam ser muito mais inteligentes e sagazes do que a maior parte dos financistas arrogantes que vivem debruçados em suas planilhas de Excel e em seus grupos de WhatsApp, sem qualquer vivência de rua, sem ser praticantes e construtores de sua própria trajetória individual, a partir de suas próprias cabeças. Todos preferem repetir um discurso pronto, politicamente correto e superficial. Pensar por si mesmo… jamais. Poucos deles conhecem as Elises. Ouça a Elis. Perceba a inteligência e o heroísmo contidos nela.
Ali, há um Brasil acordando para a necessidade de levar a sério suas finanças e seus investimentos. Um Brasil ainda leigo, mas não por isso menos inteligente. Inclusive inteligente para perceber a própria necessidade de receber orientação num ambiente em que ela não é profissional, mas que pode acessar com facilidade e contar com a ajuda de uma equipe grande, técnica, responsável, diligente, obstinada e… mudar a vida da família dela, como ela mesma falou. Fique claro: se a Elis conseguiu atingir sua meta financeira seguindo as minhas recomendações, esse mérito é 100% dela. Eu só estou aqui fazendo o meu trabalho, obedecendo ao chamado da minha vocação (desculpe o pleonasmo etimológico). Foi ela quem conseguiu fazer algo realmente especial e heroico.
Temos ainda o exemplo de alguém que enfrenta o medo de penetrar um lugar desconhecido. De ter de aprender a lidar com investimentos. Fazer isso unindo, de um lado, responsabilidade para não incorrer em riscos excessivos, mas, ao mesmo tempo, coragem de se aventurar por um caminho inexplorado. Nem o narcisismo da onipotência, nem o medo paralisante. O encontro equilibrado das forças apolíneas e dionisíacas, em consonância.
E, sem apelar para discursos politicamente corretos, porque isso não combina comigo e eu detesto os falsos heróis, a Elis é também uma insurreição contra o machismo, contra homens que muitas vezes sem nem perceber sufocam suas mulheres em suas rotinas, profissões e em seus investimentos, julgando-as incapazes de lidar com aquilo. A Elis é um grito de liberdade. Um alvorecer do novo sobre o velho. A possibilidade de um Brasil que toma para si as rédeas da sua gestão financeira para passar a depender menos do Estado, do gerente do banco, dos conflitos de interesse ou da herança patriarcal.
É, quem sabe, um sopro de capitalismo, que começa a penetrar nas entranhas da sociedade por meio do financial deepening, da tecnologia e do acesso à boa informação. A Elis é cada um de nós, brasileiros.
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal