Ibovespa e empresas novatas da bolsa caíram; como proteger seu padrão de vida da tempestade? A resposta: o dólar
Ações de techs brasileiras despencaram com a deterioração do ambiente macroeconômico; mais do que nunca é importante investir no exterior
Aqui no Brasil, não podemos nos dar ao luxo de dizer uma frase quase onipresente nas cartas anuais de Warren Buffett: “Como ocorre há muitos anos, os EUA continuam sendo um solo econômico fértil”.
Por aqui, a narrativa de expansão fiscal como risco macroeconômico só fez se intensificar na semana atual. Na última sexta-feira (13), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu pela primeira vez que o domínio da inflação se torna uma tarefa difícil diante de um fiscal descontrolado.
Para completar, ontem, penúltimo dia da temporada de resultados do 2T21, a Méliuz (CASH3) divulgou um resultado que foi bom, mas não espetacular. Para investidores melindrados por um cenário estressado, isso foi suficiente para fazer o papel cair 13% em um único pregão. Enjoei (ENJU3), que, aliás, tem um viés ESG interessante, foi na mesma linha. Divulgou um bom resultado, mas não extraordinário, e a ação caiu 16% ontem.
As demais empresas de tecnologia locais, que já haviam soltado seus resultados há dias (ou ainda nem soltado), reagiram em bloco. Mosaico (MOSI3) caiu 10% no pregão de ontem. Infracommerce (IFCM3), que havia divulgado um bom resultado na semana passada, caiu 7%. A BDR do Mercado Livre (MELI34), que havia divulgado um resultado espetacular (essa sim!), caiu 2,1%.
Isso tudo diante de um Ibovespa que caiu 1,7% no último pregão. As empresas de tecnologia são sempre as primeiras a sofrer em um macro estressado, assim como as small caps, cujo índice caiu 4% ontem. Isso porque, como provavelmente é sabido pelo leitor, os fluxos de caixa alongados no futuro impõem um desafio de valuation difícil para essas empresas. Elas negociam a um preço que não costuma tolerar muito desaforo. Em um cenário macro difícil, então...
Surpresas constantes
Para esse tipo de companhia, é quase como se as expectativas para os seus resultados não estivessem totalmente refletidas nas projeções divulgadas pelos analistas dos bancos, como é o caso das empresas mais maduras. É como se houvesse uma expectativa inconsciente de surpresa constante. Para essas empresas, não basta atenderem as expectativas; a sustentação dos seus patamares de valuation tem dependido de surpresas positivas, uma atrás da outra.
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Por isso, a qualidade da execução dessas firmas (assim como a de todas as escolhidas para o seu portfólio) deve ser soberana, mais do que nunca. A habilidade de julgamento do analista sobre a capacidade de entrega de cada time de gestão sempre foi importante; mas ela se torna nítida quando a maré baixa (é aí que você vê quem está nadando pelado).
Por capacidade de entrega, quero dizer:
- Bons retornos sobre capital investido;
- Crescimentos que atendem à expectativa sinalizada ao mercado (de preferência, que superem);
- Ética na condução dos negócios.
Porque, convenhamos, a última coisa que queremos agora é um comportamento duvidoso por parte daqueles que estão tocando as companhias de nossa escolha.
Além disso, posições de tecnologia, principalmente aquelas com valuation muito esticado, devem ter um peso menor na sua carteira de ações (conforme temos recomendado aos nossos assinantes). O tamanho da posição deve ser proporcional à margem de segurança enxergada para aquele papel. Quanto maior a chance de preservação de capital, maior deve ser a posição, e vice-versa. Aos nossos assinantes, recomendamos também que rebalanceiem suas posições para os pesos recomendados nas carteiras que você segue, principalmente após quedas bruscas.
Nós, brasileiros, também precisamos nos atentar a um outro fator. Agora, é de suma importância que evitemos o “home bias”, viés que leva o investidor a dar preferência para ativos do seu país de origem.
O segredo está no dólar
Mesmo que você não seja dado(a) a viagens internacionais, as cadeias de suprimento são globais, e a variação cambial impacta seu custo de vida, quer você goste disso ou não.
O algodão, insumo de boa parte das roupas que você compra, é uma commodity, cujo preço é determinado no mercado global e, por consequência, acompanha o dólar. Isso vale também para os alimentos industrializados, que usam trigo, açúcar e soja, entre outros insumos. Mesma coisa para os eletrônicos, que utilizam mão de obra altamente qualificada em suas criação e fabricação. Todos esses produtos oscilam juntamente com o dólar. Você precisa proteger o seu custo de vida.
Aqueles que seguem as recomendações da Carteira Empiricus já têm boa parte do seu patrimônio alocado no exterior. Se você não tem, acredito que deveria ter — não tudo, mas uma parte. E não escolhendo ativos internacionais a esmo, mas também empregando critérios rigorosos de seleção de ativos, como temos feito na Carteira Empiricus.
No final das contas, o micro tem de prevalecer. Quem entregar generosos fluxos de caixa ao acionista deve sair menos encharcado dessa tempestade perfeita.
Até lá, segure as pontas e permaneça vivo (ou viva).
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