🔴 [EVENTO GRATUITO] COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE AQUI

Entre Argentina e Suíça, invista como os dois

Há uma semelhança entre os dois países: a importância da diversificação global, seja geográfica, seja em moedas

26 de março de 2021
12:01 - atualizado às 12:30
Diversificação ativos mercados moedas
Imagem: Shutterstock

Entre o Cristo Redentor decolando em 2009 e a mesma estátua em queda livre nas duas icônicas capas da The Economist, passaram-se apenas quatro anos.

Na época, afundávamos em uma crise particular de confiança, fiscal e inflacionária, bem à brasileira, enquanto o mundo ainda se recuperava da grande crise financeira, e a Europa, especificamente, de sua própria instabilidade.

Desde que flertamos com o abismo na pior recessão desde os anos 1930, passamos a cultivar cisnes negros em cativeiro como se já não fossem raros, de novos tons e cepas diferentes.

Mesmo durante a vigorosa recuperação dos mercados iniciada em 2016 e brilhantemente antecipada pelo Felipe na tese “A Virada de Mão”, ainda passamos pela delação da JBS, greve dos caminhoneiros, polarização nas eleições presidenciais e atritos institucionais entre os Três Poderes.

Como país, temos certo talento em criar problemas para vender a solução — ou correr atrás dela tarde demais.

Em “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, a chegada de “seguranças privados” em uma pequena rua de classe média obriga seus moradores a contribuir com uma caixinha. O fato de a violência ter aumentado alguns dias antes dos seguranças chegarem é mera coincidência, mas poderíamos chamar essa caixinha de Custo Brasil.

Aos eventos de risco locais, somam-se os momentos mais marcantes em que o mercado lá fora azedou e contaminou nossa Bolsa: eleição do Trump em 2016; choque de volatilidade e elevação dos juros pelo Fed em 2018; guerra comercial a partir de 2019; e a pandemia de Covid-19 iniciada em 2020. Grande beta que somos em relação ao mundo, não deixamos escapar nada.

A verdade é que somos mais acostumados à volatilidade do que a média dos investidores. Nossa amplitude faz com que já tivéssemos sido comparados tanto à Argentina, nos períodos mais difíceis, quanto à Suíça, no outro extremo, quando tudo parece melhorar na margem.

Mas precisamos ser honestos: não temos dom para nenhum dos dois lados.

Nosso vizinho latino-americano, definido como “em crise perpétua” pelo jornal El País no início deste mês, parece sempre pronto a explodir em alguma dimensão: atividade, inflação, câmbio, política, liberalismo. Como disse, gostamos de adrenalina aqui, mas para tudo há limites.

Do outro lado, a pacífica, estável e rica Suíça costuma surgir mais como uma grande dose de otimismo em tom de brincadeira do que como uma comparação séria.

Há algo, porém, curiosamente comum a esses dois países tão diferentes e que poderia nos inspirar: o portfólio de seus investidores.

Em 2017, passei uma semana na filial argentina do Itaú Unibanco para conhecer as “operações” de gestão de recursos, private bank e varejo.

As aspas indicam certa frustração. Anos de abandono tornaram o setor bancário por lá uma exceção de ineficiência no continente. O varejo era excessivamente pulverizado e pouquíssimo digital; o tamanho de toda a indústria de fundos, mínimo, menor do que apenas a Itaú Asset — sem falar da oferta rasa de produtos; o private banking, inexistente.

Por vários motivos históricos, o argentino médio tem um hábito ainda estranho a nós. Uma parcela relevante de seu portfólio está alocada em moeda forte, especialmente, dólar, além de também lhe ser permitido pagar por bens e serviços na moeda norte-americana.

Fundos multimercados de alta volatilidade? Fundos de ações com gestores treinados em value investing? Fundos de crédito privado sofisticados? Esqueça, não há nada disso. A maioria dos investidores têm conta no exterior e depósitos em dólar. A moeda forte é o porto seguro para o risco-país da Argentina — e assim deveria ser para todo emergente.

Ao longo dos anos, também tive a oportunidade de acompanhar o patrimônio global de muitos clientes private, incluindo os investimentos que mantinham na filial suíça do banco.

É comum que suíços e brasileiros residentes no país também não concentrem seus investimentos por lá, mas pelos motivos opostos aos dos hermanos: exemplo de solidez e estabilidade como nação, tanto os retornos na renda fixa (negativa em termos reais) como na renda variável da Suíça não são muito atraentes.

Assim, há uma semelhança entre os dois casos: a importância da diversificação global, seja geográfica, seja em moedas.

No Brasil, para cada evento de incerteza citado, havia uma oportunidade de estar com seu portfólio protegido em moedas fortes ou diversificado em ativos globais.

Mas não aproveitamos. O percentual da indústria de fundos obrigatoriamente investido em outras moedas ou em ativos no exterior não se alterou nos últimos anos e continua próximo de 1%. Indiretamente, forçando a barra ao considerar a exposição de muitos fundos multimercados de gestoras independentes, talvez cheguemos a 5%, no máximo.

Desculpe, mas é muito pouco.

Com juros estruturalmente mais baixos — que o ciclo se encerre em 5% ou 6%, o importante é o direcional —, é imperativo que, à medida que os investidores aumentem sua parcela de ativos de risco, especialmente Bolsa, também o façam com moedas e ativos globais, mantendo os benefícios da diversificação.

Sobre esse tema, compartilhamos duas notícias com os assinantes da série Os Melhores Fundos de Investimento nesta semana.

A primeira é o aniversário de um ano da nossa carteira global de fundos, com os gestores mais renomados do mundo, responsáveis por dezenas de trilhões de dólares juntos. Beneficiada por seu início justamente no período de recuperação da pandemia, a carteira entregou aos seus investidores resultado próximo a 30% em dólar (antes da variação cambial), pelo que somos gratos. Sem dúvida, o período é curto para qualquer conclusão, mas confesso a felicidade de ver essa missão parcialmente cumprida e mais dinheiro no seu bolso.

A segunda beneficiou diretamente o investidor comum — aquele que não precisa ser qualificado, com pelo menos R$ 1 milhão em investimentos ou alguma certificação reconhecida pela CVM. Combinando fundos passivos e ETFs globais, apresentamos lá uma carteira inédita, completa e muito acessível para qualquer um começar a investir em fundos no exterior sem precisar de uma fortuna.

Tenho como meta pessoal ajudá-los a levar esses 1% a 5% em ativos no exterior para 10% a 25% do seu patrimônio.

E aí, você topa esse desafio?

Compartilhe

EXILE ON WALL STREET

A simplicidade é a maior das sofisticações na hora de investir

12 de setembro de 2022 - 18:55

Para a tristeza dos estudiosos das Finanças, num daqueles paradoxos do conhecimento, quanto mais nos aprofundamos, parece que cavamos cada vez mais no subterrâneo

EXILE ON WALL STREET

Marcas da independência: Vitreo agora é Empiricus Investimentos

5 de setembro de 2022 - 8:43

Com a mudança de nome, colhemos todos os benefícios de uma marca única, com brand equity reconhecido e benefícios diretos, imediatos e tangíveis ao investidor

EXILE ON WALL STREET

Além do yin-yang: Vale a pena deixar os fundos para investir em renda fixa?

2 de setembro de 2022 - 11:47

Investidores de varejo e institucionais migraram centenas de bilhões em ativos mais arrojados para a renda fixa, o maior volume de saída da história do mercado de fundos

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge

1 de setembro de 2022 - 13:27

Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade

EXILE ON WALL STREET

Complacência: Entenda por que é melhor investir em ativos de risco brasileiros do que em bolsa norte-americana

29 de agosto de 2022 - 11:25

Uma das facetas da complacência é a tendência a evitar conflitos e valorizar uma postura pacifista, num momento de remilitarização do mundo, o que pode ser enaltecido agora

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O elogio que nem minha mãe me fez

25 de agosto de 2022 - 12:02

Em mercados descontados que ainda carregam grandes downside risks, ganha-se e perde-se muito no intraday, mas nada acontece no dia após dia

EXILE ON WALL STREET

Degrau por degrau: Confira a estratégia de investimento dos grandes ganhadores de dinheiro da bolsa

24 de agosto de 2022 - 13:57

Embora a ganância nos atraia para a possibilidade de ganhos rápidos e fáceis, a realidade é que quem ganha dinheiro com ações o fez degrau por degrau

EXILE ON WALL STREET

Blood bath and beyond: Entenda o banho de sangue dos mercados financeiros — e as oportunidades para o Brasil

22 de agosto de 2022 - 12:25

Michael Hartnett, do Bank of America Merrill Lynch, alerta para um possível otimismo exagerado e prematuro sobre o fim da subida da taxa básica de juro nos EUA; saiba mais

EXILE ON WALL STREET

Você está disposto a assumir riscos para atingir seus sonhos e ter retornos acima da média?

19 de agosto de 2022 - 13:50

Para Howard Marks, você não pode esperar retornos acima da média se você não fizer apostas ativas. Porém, se suas apostas ativas também estiverem erradas, seus retornos serão abaixo da média

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Qual é o mundo que nos aguarda logo à frente?

18 de agosto de 2022 - 11:45

O mercado inteiro fala de inflação, e com motivos; afinal, precisamos sobreviver aos problemas de curto prazo. Confira as lições e debates trazidos por John Keynes

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar