Entre Argentina e Suíça, invista como os dois
Há uma semelhança entre os dois países: a importância da diversificação global, seja geográfica, seja em moedas
Entre o Cristo Redentor decolando em 2009 e a mesma estátua em queda livre nas duas icônicas capas da The Economist, passaram-se apenas quatro anos.
Na época, afundávamos em uma crise particular de confiança, fiscal e inflacionária, bem à brasileira, enquanto o mundo ainda se recuperava da grande crise financeira, e a Europa, especificamente, de sua própria instabilidade.
Desde que flertamos com o abismo na pior recessão desde os anos 1930, passamos a cultivar cisnes negros em cativeiro como se já não fossem raros, de novos tons e cepas diferentes.
Mesmo durante a vigorosa recuperação dos mercados iniciada em 2016 e brilhantemente antecipada pelo Felipe na tese “A Virada de Mão”, ainda passamos pela delação da JBS, greve dos caminhoneiros, polarização nas eleições presidenciais e atritos institucionais entre os Três Poderes.
Como país, temos certo talento em criar problemas para vender a solução — ou correr atrás dela tarde demais.
Em “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, a chegada de “seguranças privados” em uma pequena rua de classe média obriga seus moradores a contribuir com uma caixinha. O fato de a violência ter aumentado alguns dias antes dos seguranças chegarem é mera coincidência, mas poderíamos chamar essa caixinha de Custo Brasil.
Leia Também
Aos eventos de risco locais, somam-se os momentos mais marcantes em que o mercado lá fora azedou e contaminou nossa Bolsa: eleição do Trump em 2016; choque de volatilidade e elevação dos juros pelo Fed em 2018; guerra comercial a partir de 2019; e a pandemia de Covid-19 iniciada em 2020. Grande beta que somos em relação ao mundo, não deixamos escapar nada.
A verdade é que somos mais acostumados à volatilidade do que a média dos investidores. Nossa amplitude faz com que já tivéssemos sido comparados tanto à Argentina, nos períodos mais difíceis, quanto à Suíça, no outro extremo, quando tudo parece melhorar na margem.
Mas precisamos ser honestos: não temos dom para nenhum dos dois lados.
Nosso vizinho latino-americano, definido como “em crise perpétua” pelo jornal El País no início deste mês, parece sempre pronto a explodir em alguma dimensão: atividade, inflação, câmbio, política, liberalismo. Como disse, gostamos de adrenalina aqui, mas para tudo há limites.
Do outro lado, a pacífica, estável e rica Suíça costuma surgir mais como uma grande dose de otimismo em tom de brincadeira do que como uma comparação séria.
Há algo, porém, curiosamente comum a esses dois países tão diferentes e que poderia nos inspirar: o portfólio de seus investidores.
Em 2017, passei uma semana na filial argentina do Itaú Unibanco para conhecer as “operações” de gestão de recursos, private bank e varejo.
As aspas indicam certa frustração. Anos de abandono tornaram o setor bancário por lá uma exceção de ineficiência no continente. O varejo era excessivamente pulverizado e pouquíssimo digital; o tamanho de toda a indústria de fundos, mínimo, menor do que apenas a Itaú Asset — sem falar da oferta rasa de produtos; o private banking, inexistente.
Por vários motivos históricos, o argentino médio tem um hábito ainda estranho a nós. Uma parcela relevante de seu portfólio está alocada em moeda forte, especialmente, dólar, além de também lhe ser permitido pagar por bens e serviços na moeda norte-americana.
Fundos multimercados de alta volatilidade? Fundos de ações com gestores treinados em value investing? Fundos de crédito privado sofisticados? Esqueça, não há nada disso. A maioria dos investidores têm conta no exterior e depósitos em dólar. A moeda forte é o porto seguro para o risco-país da Argentina — e assim deveria ser para todo emergente.
Ao longo dos anos, também tive a oportunidade de acompanhar o patrimônio global de muitos clientes private, incluindo os investimentos que mantinham na filial suíça do banco.
É comum que suíços e brasileiros residentes no país também não concentrem seus investimentos por lá, mas pelos motivos opostos aos dos hermanos: exemplo de solidez e estabilidade como nação, tanto os retornos na renda fixa (negativa em termos reais) como na renda variável da Suíça não são muito atraentes.
Assim, há uma semelhança entre os dois casos: a importância da diversificação global, seja geográfica, seja em moedas.
No Brasil, para cada evento de incerteza citado, havia uma oportunidade de estar com seu portfólio protegido em moedas fortes ou diversificado em ativos globais.
Mas não aproveitamos. O percentual da indústria de fundos obrigatoriamente investido em outras moedas ou em ativos no exterior não se alterou nos últimos anos e continua próximo de 1%. Indiretamente, forçando a barra ao considerar a exposição de muitos fundos multimercados de gestoras independentes, talvez cheguemos a 5%, no máximo.
Desculpe, mas é muito pouco.
Com juros estruturalmente mais baixos — que o ciclo se encerre em 5% ou 6%, o importante é o direcional —, é imperativo que, à medida que os investidores aumentem sua parcela de ativos de risco, especialmente Bolsa, também o façam com moedas e ativos globais, mantendo os benefícios da diversificação.
Sobre esse tema, compartilhamos duas notícias com os assinantes da série Os Melhores Fundos de Investimento nesta semana.
A primeira é o aniversário de um ano da nossa carteira global de fundos, com os gestores mais renomados do mundo, responsáveis por dezenas de trilhões de dólares juntos. Beneficiada por seu início justamente no período de recuperação da pandemia, a carteira entregou aos seus investidores resultado próximo a 30% em dólar (antes da variação cambial), pelo que somos gratos. Sem dúvida, o período é curto para qualquer conclusão, mas confesso a felicidade de ver essa missão parcialmente cumprida e mais dinheiro no seu bolso.
A segunda beneficiou diretamente o investidor comum — aquele que não precisa ser qualificado, com pelo menos R$ 1 milhão em investimentos ou alguma certificação reconhecida pela CVM. Combinando fundos passivos e ETFs globais, apresentamos lá uma carteira inédita, completa e muito acessível para qualquer um começar a investir em fundos no exterior sem precisar de uma fortuna.
Tenho como meta pessoal ajudá-los a levar esses 1% a 5% em ativos no exterior para 10% a 25% do seu patrimônio.
E aí, você topa esse desafio?
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
