🔴 +30 RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – VEJA AQUI

Chamem o VAR inglês: os fundos de crédito imobiliário e as diferenças de interpretação que interferem diretamente nos seus rendimentos

Fundos CRI são os grandes vencedores do ano até o momento quando comparados com outros FIIs, mas exigem atenção às regras de apuração dos resultados

15 de dezembro de 2021
5:30 - atualizado às 14:43
fundo imobiliário
Imagem: Shutterstock

Fundos CRI são os grandes vencedores do ano até o momento quando comparados com outros FIIs, mas exigem atenção às regras de apuração dos resultados

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para quem gosta de futebol, talvez a mudança mais significativa dos últimos anos na estrutura dos jogos foi a entrada do VAR (Video Assistant Referee), também conhecido como árbitro de vídeo.

Presente nas competições nacionais desde 2018, o instrumento tem o propósito de auxiliar o árbitro central na tomada de decisões e aperfeiçoar a análise em lances críticos da partida.

Porém, desde então surgiram diversas ocasiões em que o VAR falhou ou trouxe maior complicação para determinados lances do jogo. Na grande maioria delas, a confusão se deu pela diferença na interpretação entre árbitro central e árbitro de vídeo – um acha que foi bola na mão, enquanto o outro pensa que foi mão na bola.

Até o momento, o VAR mais bem sucedido tem sido o do campeonato inglês, que adota regras mais restritivas para interpretação dos auxiliares, deixando o comando para o árbitro central. Ainda é cedo para cravar, mas talvez essa seja a abordagem vencedora.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Fundos de crédito imobiliário são os grandes vencedores do ano

No caso da indústria de FIIs, é impossível negar que os fundos de crédito imobiliário são os verdadeiros vencedores deste ano até aqui.

Leia Também

Caracterizada pelos portfólios recheados de CRIs, a categoria apresentou desempenho positivo no ano, enquanto o Ifix (principal índice do mercado) cai aproximadamente 7% no período.

Gráfico, Gráfico de barras

Descrição gerada automaticamente
O que são CRIs?

CRIs são Certificados de Recebíveis Imobiliários, instrumentos de captação de recursos para o financiamento de diferentes transações do mercado imobiliário.

Quem toma o crédito (devedor) geralmente são construtoras, incorporadoras, shopping centers e galpões logísticos, entre outros. Os CRIs costumam ser lastreados em créditos imobiliários (residenciais e/ou comerciais), contratos de aluguel de longo prazo, etc.

A maioria possui fluxo de caixa de pagamento mensal, equivalente ao somatório de remuneração dos juros e a amortização do saldo devedor da dívida. Assim, é fundamental entender fatores como a qualidade do tomador, a estrutura, o fluxo, o colateral da operação, as co-obrigações, os seguros e os covenants.

Diferentemente dos fundos de tijolo, que costumam ter reajustes inflacionários anuais em seus empreendimentos, os FIIs de crédito oferecem maior agilidade no repasse, tendo em vista a indexação de suas operações. Deste modo, em cenários inflacionários e/ou de aperto monetário, os CRIs saem na frente quando se trata de correção dos rendimentos mensais.

Deste modo, por mais que exista um nível de deterioração dos títulos em função da elevação do risco de mercado nos últimos meses, os fundos chamaram atenção dos investidores pela capacidade de pagamento durante o ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Contudo, assim como o VAR, os FIIs de papel também possuem um problema de interpretação, que interfere diretamente em seus rendimentos. Olhando para um lado mais técnico, é nesse ponto que gostaria de me aprofundar nesta edição.

Mão na bola ou bola na mão?

Em resumo, existe certa flexibilidade para os gestores/administradores no reconhecimento do resultado dos rendimentos das carteiras de CRI. Basicamente, são utilizadas duas abordagens: regime de caixa e regime competência.

No primeiro caso, a apuração do regime de caixa limita a distribuição do resultado ao recebimento efetivo de caixa do fundo em determinado período, incluindo juros e amortização. Isto é, por mais que a correção inflacionária no título esteja em níveis elevados, o fundo entrega o que ele realmente recebeu durante o mês.

No caso do regime competência ou lucro contábil, é viável a distribuição superior à amortização do título, seja por conta da variação de sua marcação a mercado ou pelo impacto positivo da inflação na carteira do fundo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Simplificadamente, o fundo pode optar pela distribuição da valorização do preço do CRI ou até “antecipar” recebimentos futuros de um título que foi favorecido pela alta de um indexador – nos últimos meses, em função da aceleração da inflação (IPCA e IGP-M), essa apuração chamou mais atenção.

Um assunto complexo

A verdade é que se trata de um tema contábil um tanto complexo e que não pode ser explicado em poucas linhas de uma coluna. Para facilitar o entendimento, ilustramos abaixo um exemplo com o dividend yield de dois fundos de CRI que possuem carteiras bem semelhantes (ambas indexadas a inflação, majoritariamente) em termos de risco e remuneração (taxa média ponderada das operações entre IPCA+6% e IPCA+7%), mas regimes de distribuição diferentes.

INFLAÇÃO MENSAL (IPCA)
jan/20fev/20mar/20abr/20mai/20jun/20jul/20ago/20set/20out/20nov/20dez/20
0,21%0,25%0,07%-0,31%-0,38%0,26%0,36%0,24%0,64%0,86%0,89%1,35%
jan/21fev/21mar/21abr/21mai/21jun/21jul/21ago/21set/21out/21nov/21
0,25%0,86%0,93%0,31%0,83%0,53%0,96%0,87%1,16%1,25%0,95%
Dividend Yield ajustado pela cota de fechamento de cada mês. Fonte: Empiricus, IBGE, Quantum Axis e Economatica

Como é possível observar acima, por mais que os níveis de remuneração e risco dos portfólios sejam próximos e o yield acompanhe a performance do IPCA, o dividendo pago aos cotistas foi bem diferente durante este ano.

A diferença é claramente observada no informe trimestral dos fundos imobiliários, no qual é apresentada a demonstração dos resultados contábil e financeiro. Contudo, trata-se de um documento um tanto formal, pouco acessado pelos investidores de fundos imobiliários.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Resultado Financeiro 3T21Rendimentos Declarados 3T21
Fundo AR$ 35.964.866,17R$ 35.964.866,17
Fundo BR$ 90.255.267,37R$ 206.971.674,01
Fonte: Empiricus e fundos

Diferenças gritantes

Em função do nível de maturidade da indústria, que possui uma quantidade relevante de cotistas iniciantes, vejo alguns pontos de atenção nessa discrepância.

O principal é a interpretação do investidor sobre o yield: infelizmente, boa parte olha apenas para o tamanho do provento na hora de investir e a diferença no regime de apuração pode ter influência gritante nesta análise, mesmo que as carteiras de CRIs sejam idênticas.

É importante mencionar que a flexibilidade na apuração de resultados é algo permitido por lei, de acordo com Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula os fundos imobiliários.

Inclusive, este processo também está atrelado à marcação a mercado dos CRIs dos portfólios, conforme citado anteriormente. Este é outro tema complexo, que envolve diversos fatores do mercado (liquidez, regulamentação, entre outros). Considero que essa discussão está em níveis mais complexos e ainda não é hora de abordá-la por aqui.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Particularmente, entendo que o regime de caixa seja mais favorável para o entendimento do cotista e pode até prevenir futuras perdas – caso um fundo de crédito de alto risco opte pela apuração e distribuição via lucro contábil, momentos de estresse do mercado (que podem proporcionar inadimplência dos títulos) tem capacidade de prejudicar o rendimento do cotista ou até promover a ausência dele.

De qualquer forma, a proposta desta coluna está mais direcionada à transparência e à padronização do mercado. Mesmo que essa bipolaridade na distribuição continue, seria importante deixar claro para o cotista como ela é calculada e qual a opção escolhida pela administração do fundo. Informar de forma clara no relatório gerencial, como alguns FIIs já fazem, é um primeiro passo relevante.

Ao longo do tempo, espero que a conversa migre para uma padronização do regime de apuração, de modo que as administradoras utilizem os mesmos mecanismos para distribuição e marcação dos títulos.

Assim como o VAR, a delimitação de regras claras e restritivas pode ser bem-sucedida, conforme observado no modelo inglês.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Até a próxima,
Caio

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado

25 de novembro de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central

24 de novembro de 2025 - 19:59

Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje

24 de novembro de 2025 - 7:58

Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar