A piora da covid-19 no mundo chamou a atenção dos investidores e pressionou o mercado como um todo no último pregão da semana. Enquanto o mercado já precificava uma retomada das atividades, a variante ômicron injetou novos temores de que os países devem iniciar lockdowns locais. Com isso, a pressão sobre a oferta e a demanda das commodities voltou a crescer, e o barril de petróleo caiu mais de 13% só na sexta-feira (26). O feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos trouxe uma menor liquidez para o mercado, e o pregão mais curto em Wall Street de ontem limitou as perdas.
Nesse cenário, confira os principais dados da semana em gráficos:
Ibovespa: tombo de quase 4%
A bolsa brasileira encerrou a semana em queda de 3,93%, aos 102.068 pontos, após três pregões seguidos de alta.
A maior preocupação da semana girava em torno da PEC dos precatórios e da Medida Provisória (MP) que instaura o Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família. A votação de ambas as propostas ficou para a semana que vem, o que retirou a pressão sobre os investidores nesses dias.
Mas na Black Friday, os temores envolvendo a nova variante elevaram a cautela e a fuga dos investidores de ativos de risco chegou até o bitcoin (BTC) e o mercado de criptomoedas.
Bitcoin (BTC): um urso na sala
O bitcoin (BTC) chegou a recuar mais de 8% só na última sexta-feira (26).
A maior criptomoeda do mercado chegou a recuar mais de 8% na última sexta-feira. A cautela com o avanço da covid-19 no mundo mostrou para os investidores que o bitcoin (BTC) ainda se apega ao mercado tradicional para se movimentar. Mas não apenas isso aconteceu esta semana.
Desde as máximas históricas aos US$ 68.680,11 no início de novembro, o bitcoin já caiu cerca de 20,9% — e, desta forma, entra no chamado “bear market” (mercado do urso, que indica queda). A correção acontece depois da alta de 40% em outubro. No acumulado do ano, a maior criptomoeda do mercado sobe 87,2% em dólar.
Neste sábado (27), com um mercado que não para nunca, o bitcoin avança 0,54%, cotado a US$ 54.867,26 (R$ 307.321,18).
Sem viagens?
As ações das principais empresas aéreas e do setor de turismo também sentiram a pressão da covid-19 na sexta-feira. Os shoppings centers, outra categoria que sofreu com os efeitos das medidas de distanciamento social e restrições ao comércio, também amargam duras perdas com a incerteza no ar.
PCE dos EUA: sobe (de elevador)

Os dados inflacionários dos Estados Unidos também vieram acima do esperado esta semana. O feriado do Dia de Ação de Graças manteve as bolsas fechadas na quinta-feira (25) e as negociações aconteceram apenas metade do tempo na sexta-feira (26).
Dessa forma, as negociações tiveram liquidez limitada e o impacto do avanço da inflação deve começar a ter efeito nas bolsas a partir de segunda-feira (29).
Mas isso não é tudo. Com a escalada dos preços nos Estados Unidos (medido pelo PCE, sigla em inglês para preços ao consumidor), o Federal Reserve pode antecipar os planos de aumento dos juros ainda no primeiro semestre de 2022 e acelerar a retirada de estímulos da economia americana.
IPCA-15: sobe (de foguete)
O investidor local viu a prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA-15, registrar alta de 1,17% em novembro, acima da mediana das projeções dos especialistas ouvidos pelo Broadcast de 1,14%. No acumulado do ano, a alta é de 9,57% enquanto o índice sobe 10,73% em 12 meses.
Com isso, o IPCA-15 para o mês é o maior desde 2002, quando a alta foi de 2,08%. No acumulado do mês, o IPCA-15 bateu as maiores altas desde novembro de 2015 (9,42%) e novembro de 2003 (9,36%).
De acordo com a última pesquisa do Boletim Focus, que traz as projeções do mercado para a economia, o IPCA deve encerrar 2021 na casa dos 10,12%, com a Selic em 9,25% até o final do ano.
Com a alta da inflação, o Banco Central brasileiro pode acelerar a alta da Selic até o final do ano. Para a próxima reunião, está contratada uma alta de 150 pontos-base, mas, com o novo dado do IPCA, o mercado espera uma posição mais forte do BC.