🔴 [EVENTO GRATUITO] COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE AQUI

Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
ANÁLISE SD

Passado o 7 de setembro, tudo segue (ruim) como antes na bolsa e nos ativos domésticos

Os discursos de Bolsonaro tendem a agravar a tensão entre os Poderes, o que, no atual cenário de dificuldade econômica, não é bom para a bolsa

Victor Aguiar
Victor Aguiar
8 de setembro de 2021
5:42 - atualizado às 19:18
Foto do Congresso Nacional, em Brasília, num dia de céu carregado; a imagem representa o clima tenso em Brasília e os desdobramentos negativos para a bolsa
Congresso Nacional - Imagem: Shutterstock

O feriado do 7 de setembro era visto como uma espécie de divisor de águas no mercado. Com a promessa de radicalização por parte do presidente Jair Bolsonaro e um clima de incerteza quanto ao que viria a acontecer, muitos investidores adotaram uma postura cautelosa nas últimas sessões. A bolsa veio de pregões negativos, o mercado de câmbio e de juros esteve pressionado e um prêmio de risco mais elevado foi embutido nos ativos domésticos.

Pois, passadas as manifestações do Dia da Independência, pode-se dizer que o cenário que era projetado pelo mercado se concretizou. E isso quer dizer que quase nada muda para a bolsa e os demais mercados brasileiros — tudo segue ruim como antes, talvez até um pouco pior.

Por um lado, Bolsonaro de fato adotou um discurso bastante agressivo: fez ameaças explícitas ao Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a fazer insinuações antidemocráticas e insuflou seus apoiadores — que compareceram em quantidade maior do que se imaginava, embora não tenham lotado as ruas das capitais, diga-se.

Por outro, não houve grandes surpresas: nenhum elemento fora do script na fala do presidente, nenhuma ruptura institucional severa, nenhum grande incidente nas ruas.

Assim, se ao fim do dia ficou uma sensação de que "poderia ter sido pior", também restou a percepção de que a crise política se agravou ainda mais, com um embate franco entre o governo e o STF — e, tudo isso, num contexto de economia frágil, a inflação alta, os juros em trajetória ascendente e as incertezas fiscais no radar.

"O discurso contra o Supremo, dizendo que não respeita... isso é ruim", me disse um gestor de ações de uma asset em São Paulo. "Alguns pontos relacionados à pauta econômica, ao teto de gastos, aos precatórios, isso tudo passa pelo Judiciário. E eu acho que o Judiciário não vai ter muita paciência".

O risco no lado fiscal tem sido um dos responsáveis pela piora na percepção de risco por parte dos investidores, e o acirramento da tensão entre Bolsonaro e STF pode trazer desdobramentos à curva de juros — e, consequentemente, aos demais ativos domésticos.

Gráfico de linha mostrando a abertura dos juros futuros ao longo do segundo semestre. As curvas começam nos DIs com vencimento em janeiro de 2022 e vão até janeiro de 2029
Repare que a instabilidade começou com mais força em agosto, justamente quando as dúvidas em relação ao cumprimento do teto de gastos começaram a aflorar (Dados: Broadcast)

Os vencimentos mais longos foram afetados de maneira mais significativa: a partir de janeiro de 2026, as curvas já estão precificadas acima dos 10% ao ano — o que, na prática, quer dizer que o mercado enxerga os juros na casa de dois dígitos ao fim de 2025.

E, com juros cada vez mais altos para compensar a inflação crescente e os gastos maiores do governo, é natural que a expectativa de crescimento do PIB seja cortada a cada revisão. No último boletim Focus, por exemplo, os economistas revisaram para baixo as projeções para 2022, de 2% para 1,93%.

"Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando nossa população", disse Bolsonaro em evento realizado em Brasília. "Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder vai sofrer aquilo que não queremos", referindo-se a Luiz Fux, presidente do STF, e aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que têm tomado posições contrárias ao governo.

Se o raciocínio desse gestor se mostrar correto, o agravamento na crise entre Bolsonaro e o Judiciário tende a trazer problemas para a pauta econômica, contaminando todos os ativos e afetando negativamente a bolsa. Mas, é claro, há outros aspectos a serem analisados.

Pistas confusas em Wall Street

Com o pregão fechado por causa do feriado, restou aos investidores acompanharem o desempenho dos ativos brasileiros em Nova York — como o EWZ, o principal ETF do Brasil em Wall Street, ou os ADRs de empresas nacionais. O problema é que o desempenho desses ativos não nos diz muito sobre a percepção dos estrangeiros sobre os acontecimentos do 7 de setembro.

O EWZ, por exemplo, fechou em alta de 0,61% — o que significa que a reação foi positiva, certo? Bem, não é tão simples assim.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que as bolsas americanas estiveram fechadas na última segunda-feira (6) por causa de um feriado local. Assim, a sessão de hoje serviu como ajuste para o dia fechado — e, por aqui, o Ibovespa subiu 0,80% na segunda. O desempenho do EWZ, portanto, ficou em linha com o visto no Brasil no dia anterior.

Em segundo, as comemorações do ano novo judaico historicamente reduzem a liquidez em Wall Street e, assim, as altas e baixas dos ativos devem ser analisadas com uma colher de chá. E, em terceiro: o investidor estrangeiro tem muito menos poder para direcionar o rumo das negociações no Brasil; a alta do EWZ não necessariamente implica em alta do Ibovespa amanhã.

Os ADRs de empresas brasileiras negociados em Nova York também seguiram a mesma lógica: em sua maioria, tiveram um dia positivo, mas isso não nos diz muita coisa sobre a recepção do mercado aos atos do 7 de setembro e aos discursos de Bolsonaro.

  • Petrobras (PBR): +0,96%
  • Vale (VALE): -1,94%
  • Itaú Unibanco (ITUB): +1,23%
  • Ambev (Abev): +1,91%

Cenário político

Há, por fim, a questão do jogo de forças em Brasília. Andrei Roman, cientista político e CEO da Atlas Intel, pondera que os apoiadores do presidente compareceram aos atos num número maior que o imaginado e que, sendo assim, a mensagem que fica é a de que Bolsonaro não é carta fora do baralho para 2022.

"Qual era a provável estratégia [de Bolsonaro]? Mostrar força num momento em que tem se destacado a fraqueza do governo em termos de gestão econômica", afirma Roman. "Muito do que aconteceu hoje era para [o governo] ter uma vitória simbólica, mostrar que, mesmo no contexto problemático, o presidente continua popular".

Considerando esse racional, há alguns desdobramentos que seguem no radar do cientista político. De imediato, é esperada uma reação da oposição, tanto nas ruas quanto no Congresso — o que, provavelmente, levará a mais instabilidade política e social no curto prazo. Discussões quanto ao impeachment de Bolsonaro voltaram a ganhar força, com nomes fortes do PSDB aderindo à causa.

Novamente, há uma nuvem de incerteza pairando: é possível que a adesão dos apoiadores neste 7 de setembro atraia mais congressistas à base aliada do governo, mas é igualmente possível que a oposição se articule ainda mais, enfraquecendo a administração Bolsonaro e dificultando a tramitação de pautas governistas.

"A parte mais problemática me parece a tentativa de descredibilizar a eleição de 2022", diz Roman, referindo-se às constantes queixas de falta de confiança no processo eleitoral por parte de Bolsonaro. "[os ataques aos ministros do Supremo] não dizem respeito só ao comportamento do presidente, mas incentivam também um comportamento antidemocrático, anti-institucional".

Bolsa: e agora?

Considerando todos os pontos expostos, um segundo gestor de ações com quem eu conversei diz não ver elementos novos relevantes para os mercados — e, sendo assim, a instabilidade e volatilidade vistas recentemente devem continuar dando as caras no curto prazo.

"Bolsonaro continua com a posição de antagonismo, e os outros poderes estão observando", disse ele. "Em outras palavras, 'segue o jogo…'".

Nos próximos dias, novos dados de inflação serão divulgados no Brasil, com destaque para os números do IPCA em agosto; lá fora, novas comunicações do Federal Reserve nesta quarta-feira servirão para trazer luz ao mercado quanto à visão do BC americano em relação ao futuros dos estímulos econômicos no país.

Estas informações, sim, são mais palpáveis para afetar o andamento dos seus investimentos. O 7 de setembro, no fim, foi mais do mesmo — para o bem e para o mal.

Gráfico de linha mostrando a evolução do Ibovespa e do dólar à vista ao longo de 2021
Em geral, bolsa e dólar exibem comportamentos inversos — e, nos momentos de maior aversão ao risco, a bolsa cai e o dólar sobe (Dados: Broadcast)

Compartilhe

Market Makers

Vale (VALE3) é a mais barata do setor de mineração e sai ganhando com futuro promissor do minério de ferro

19 de abril de 2024 - 13:46

Eu, Matheus Soares, enxergo um grande potencial na commodity independentemente da crise de sua maior exportadora: a China — e a mineradora brasileira sai ganhando com isso

SAIBA MAIS

XP Malls (XPML11) vai pagar o segundo maior dividendo de sua história neste mês; veja quem tem direito a receber

19 de abril de 2024 - 11:54

De acordo com comunicado enviado ao mercado na noite de quinta-feira (18), o XPML11 distribuirá R$ 0,91 por cota neste mês

MERCADO DE CAPITAIS

Boa Safra (SOJA3) supera o “El Niño” da bolsa e capta R$ 300 milhões em oferta de ações

19 de abril de 2024 - 10:17

Apesar do momento de seca da bolsa, a Boa Safra encontrou uma boa demanda para os papéis no mercado; preço por ação saiu a R$ 16,50

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Dólar perde força e fecha abaixo de R$ 5,20; Ibovespa reduz as perdas da semana com “empurrão” de Petrobras (PETR4)

19 de abril de 2024 - 6:50

RESUMO DO DIA: Embora a tempestade que assombrou a semana não tenha se dissipado totalmente, o Ibovespa conseguiu emplacar a segunda alta consecutiva com apoio de Petrobras (PETR4) — que fez o índice reduzir as perdas dos últimos pregões. O Ibovespa fechou com alta de 0,75%, aos 125.124 pontos. Na semana, o recuo foi de […]

DE OLHO NAS REDES

Petrobras (PETR4): e se a melhor e pior notícia que a empresa poderia dar vierem juntas, o que seria das ações? 

18 de abril de 2024 - 13:30

De uns tempos para cá, a Petrobras vem testando os nervos dos investidores. Há alguns dias, rumores de que os saudosos dividendos extraordinários que foram retidos pela companhia finalmente poderiam sair, o que animou o mercado — e fez as ações saltarem.  Mas logo veio um potencial balde de água fria: Aloizio Mercadante poderia assumir […]

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Nova York e Petrobras (PETR4) contaminam Ibovespa, que fecha próximo da estabilidade; dólar tem leve alta a R$ 5,25

18 de abril de 2024 - 6:35

RESUMO DO DIA: Para acertar o alvo, às vezes é preciso mais de uma flecha, ainda que a mira esteja no ponto certo. Mesmo com as incertezas sobre os juros e a questão fiscal no ar, o Ibovespa conseguiu terminar o dia em tom positivo. O principal índice da bolsa brasileira ficou próximo da estabilidade […]

AÇÕES NO SHAPE

Smart Fit (SMFT3) vai virar “monstro”? Banco recomenda compra das ações e vê espaço para rede de academias dobrar de tamanho

17 de abril de 2024 - 15:25

Os analistas do JP Morgan calcularam um preço-alvo de R$ 31 para os papéis da Smart Fit (SMFT3), o que representa um potencial de alta da ordem de 30%

DESTAQUES DA BOLSA

Ozempic que se cuide! Empresa de biotecnologia faz parceria para distribuir caneta do emagrecimento no Brasil e ações disparam quase 40% 

17 de abril de 2024 - 14:03

Com o anúncio, a Biomm conquistou R$ 1,2 bilhão em valor de mercado na B3; a comercialização do similar do Ozempic deve ainda passar pelo crivo da Anvisa

MERCADOS HOJE

Bolsa hoje: Vale (VALE3) não é suficiente e Ibovespa fecha em queda na esteira de Nova York; dólar cai a R$ 5,24

17 de abril de 2024 - 6:49

RESUMO DO DIA: O Ibovespa até tentou interromper o ciclo de quedas com o forte avanço do minério de ferro e a prévia do PIB, mas o tom negativo de Nova York falou mais alto e arrastou o principal índice da bolsa brasileira. Com isso, o Ibovespa terminou o pregão em baixa de 0,17%, aos […]

REPORTAGEM ESPECIAL

O fracasso das empresas “sem dono” na B3. Por que o modelo das corporations vai mal na bolsa brasileira

16 de abril de 2024 - 15:54

São vários exemplos e de inúmeros setores de companhias sem uma estrutura de controle que passaram por graves problemas ou simplesmente fracassaram

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar