Depois de passar por uma dura fase de sucessivas quedas e atingir os US$ 33 mil, o bitcoin (BTC) passou por uma repaginada. Fez barba, cabelo e bigode para se lançar na noite mais uma vez.
Em termos mais científicos, os mineradores aprovaram a primeira atualização em quatro anos para a criptomoeda. A atualização chama-se Taproot (em tradução livre, seria a "raiz principal"), e os especialistas do mercado estão otimistas com os próximos passos do ativo.
Aprovação da rede
Em primeiro lugar, para que uma atualização dessas seja possível, é necessário que os usuários da rede concordem por maioria com ela. O voto de todos é computado.
Em caso de aprovação, a atualização é instaurada. Em caso negativo, ou o projeto é deixado de lado ou ocorre o fork, uma separação entre a moeda principal e a cripto com a atualização.
O caso mais famoso é o da Ethereum, que se dividiu entre o Ehtereum Classic e o 2.0. A versão 2.0 nada mais é do que o éter com a atualização. O mesmo fork pode ocorrer com outras criptomoedas, e é uma maneira de adequar a moeda às necessidades da rede.
A atualização passará a valer a partir de novembro deste ano.
Novidades
Com a nova atualização, o bitcoin passará a ter um sistema de segurança mais apurado, utilizando assinaturas digitais, o que garantirá uma maior privacidade das transações. Deixando os contratos do tipo “elíptico” e adotando o tipo “Schnorr”, as chaves privadas utilizadas nas transações ficarão mais bem guardadas na rede.
Para André Franco, especialista em criptomoedas da Empiricus, essa notícia pode vir como um duplo sinal. Se, por um lado, será mais difícil rastrear os bitcoins em rede, por outro, poderia corroborar com a ideia de "dinheiro de tráfico", isto é, de que o bitcoin é utilizado para transações criminosas.
A atualização ocorre após o FBI ter rastreado o dinheiro dos ataques ransomwares que têm ocorrido com empresas de grande porte. Por um momento, os investidores chegaram a cogitar que a rede do bitcoin não seria segura, mas a ideia foi dissipada após boatos de que os agentes teriam acesso às chaves das contas por outros meios.
O endereço individual de cada wallet não estará mais protegido do que no modelo atual. Mas as transações com uma ou mais chaves cruzadas serão indistinguíveis a partir da atualização.
De olho no Ethereum
A segunda principal criptomoeda do mercado está longe em valor do bitcoin, mas muito à frente em questão de utilidade. A blockchain do Ethereum (ETH) comporta a rede de NFTs, DeFis e outros tipos de contratos inteligentes, o que coloca o éter como um dos queridinhos entre os especialistas — e com promissoras previsões de crescimento.
Na mesma direção, essa atualização visa a permitir que o bitcoin também adote contratos inteligentes, em blocos menores e, portanto, mais baratos e rápidos de serem colocados em rede.
Vale ressaltar que a data da implementação está programada para novembro, mas até lá, os mineradores e programadores da rede devem fazer testes para não repetir um desastre de 2013. Uma das atualizações deu errado e o preço do bitcoin acabou caindo 23% em alguns segundos, mas voltou à normalidade em seguida.
*Com informações da CNBC