Como ganhar mais do que o FGTS sem correr riscos desnecessários
Continuo achando que o FGTS em si é uma aberração, mas, quem diria, hoje rende mais do que o Tesouro Selic e do que os fundos DI que, em alguns casos, cobram taxas de administração pornográficas

O primeiro texto que escrevi para a Empiricus, no longínquo fim de 2016, foi uma dura crítica ao FGTS, que morde, mensalmente, 8% do salário e só pode ser sacado em condições especiais – acredito que cada um tem direito de decidir como, onde e porque investe o sue dinheiro e não cabe ao governo me forçar a fazer uma poupança compulsória.
Semana passada, porém, o FGTS teve sua vingança, mesmo que parcial: quando o Copom decidiu reduzir novamente a taxa de juros e trouxe a Selic para 2,25% ao ano, o rendimento de 3% ao ano do fundo passou a ser bastante atrativo, ainda mais por ser isento de imposto de renda.
Veja, continuo achando que o FGTS em si é uma aberração, mas, quem diria, hoje rende mais do que o Tesouro Selic e do que os fundos DI que, em alguns casos, cobram taxas de administração pornográficas.
A verdade é que os juros mais baixos devem provocar uma revolução no mercado financeiro brasileiro, que ainda está correndo atrás do rabo para se reinventar – a recente guerra declarada entre Itaú e XP (briga entre irmãos?) é só um sinal de que os agentes estão buscando se aprofundar no tema, com os bancões vindo pra guerra de vez – o gerente do banco vai ter que aprender a falar de investimentos como gente grande, ou Itaú, Bradesco e Santander vão perder o bonde.
A revolução não fica restrita ao mercado financeiro, claro – eu, que passei a vida metendo o pau em financiamentos imobiliários, começo a olhar para essa taxa aí que pode chegar a 6% ao ano e, quem sabe, não me alavanco? Imagine o que isso não traz de impactos para o setor imobiliário e para as decisões de investimentos de longo pra para as empresas.
Até mesmo os cofres públicos se beneficiam da redução, visto que o país vai pagar uma quantia muito menor de juros para financiar investimentos e rolar a enorme dívida pública – além do CDI, morreu a narrativa de que o impeachment foi para atender aos desejos dos rentistas, caiu a Dilma e caíram os juros.
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Pensando pragmaticamente, como ganhar dinheiro com essa brincadeira?
Cada vez fica mais claro que é preciso tomar um pouco de risco para ganhar algum dinheiro. Com um risco menor do que as ações, ao menos em tese, e com a exposição ao setor imobiliário, sucesso absoluto com as famílias brasileiras, os fundos imobiliários têm um baita apelo à pessoa física. A escalada recente de interesse, liquidez e preços não me deixa mentir.
Mas acredito que quem me siga por aqui já tenha alguns na carteira – mês passado até sugeri o HFOF11, por achar que é uma boa forma de se expor ao setor, sobretudo para aqueles que estão começando.
Há também boas oportunidades na renda fixa que de morta não tem nada, só está menos óbvia do que foi há alguns anos. Alguns títulos prefixados do Tesouro Nacional, por exemplo, ainda têm uma bela capa de gordura e entregam uma rentabilidade atraente sem risco de crédito.
Olhando para as ações, tem muita coisa que se beneficia de um ambiente com juros menores. O mais óbvio são as ações tidas como “bond-likes”, ou seja, que se comportam como títulos de renda fixa.
Geralmente, são empresas ligadas a projetos de longo prazo, com boa previsibilidade de lucros, forte geração de caixa e distribuição consistente de dividendos. Setor de transmissão, por exemplo, é um exemplo clássico – o ativo (as linhas de transmissão) é remunerado independentemente do volume transportado de energia. É praticamente um contrato de aluguel de longo prazo.
Mas toda empresa com grandes projetos de infraestrutura entra, de certa forma, nesse barco: são projetos longos, com taxas de retornos previamente definidas e que dependem de grandes investimentos, geralmente financiados com alguma parcela pós-fixada.
Entram nessa brincadeira as concessões rodoviárias e ferroviárias, por exemplo. Nesse caso, há um pouco mais de risco, pois a demanda pelos serviços influencia bem mais do que no caso das companhias de transmissão.
Empresas maduras, já líderes de mercado e sem ambições de crescimento exagerado no curto prazo, também com boa geração de caixa e distribuição de rendimentos deveriam ganhar com o novo ambiente: setor de shopping centers, por exemplo, funciona bem dentro dessa proposta, mas aqui é preciso tomar um pouco de cuidado porque, no curto prazo, é um dos mais afetados com a pandemia (esse negócio de shopping fechado não é muito bom para as empresas, como você deve imaginar).
O setor de construção civil também deveria brilhar: menores taxas de financiamento influenciam muito na decisão de compra e o déficit habitacional no país ainda é muito grande. As mais expostas ao setor residencial seriam bons nomes, mas todo o setor sai ganhando (é, inclusive, um “crowded trade” que é o mesmo que dizer que tá todo mundo nessa).
Do lado de lá, quem mais sofre com essa história são as seguradoras. Explico: o prêmio dos seguros é pago adiantado – você tem cobertura por um ano, mas paga tudo à vista ou em três ou quatro vezes, por exemplo. Esse caixa fica com a empresa para fazer o que bem entender e, geralmente, elas investem em ativos de baixo risco, muitas vezes atrelados ao CDI. Na prática, é dinheiro de graça.
Com a queda no CDI, o resultado financeiro das seguradoras sofre e reduz de forma considerável o retorno para seus acionistas. O efeito para os bancos é semelhante, mas eles têm mais flexibilidade e diversidade de receitas, o que pode mitigar o problema.
O que realmente está com os dias contados, para não dizer que já morreu certeza, é o fundo DI, que deveria ser usado só mesmo para sua reserva de emergência – aquela grana que você tem para pagar uma despesa extra inesperada, como o conserto do carro ou se manter por alguns meses no caso de uma queda brusca de receitas. Se quiser ganhar dinheiro, algum risco vai ter que correr.
Minha recomendação seria montar um portfólio diversificado e, se for novato, vai fazendo aos poucos, trocando seus investimentos em fundos DI ou poupança (se puder resgatar o seu FGTS, também o faça), por investimentos mais sofisticados sem aumentar muito o risco – quanto menos concentrado você estiver, menos risco está correndo.
Pode ser assustador no começo, mas se tiver disciplina, uma mentalidade de longo prazo e for fazendo aos poucos, no seu tempo, sem falsas esperanças de lucros exorbitantes e enriquecimento rápido, te prometo que vai acabar tomando gosto pela coisa, sem contar uma boa aposentadoria no futuro.
Ao longo das próximas semanas e meses, trago mais ideias individuais de investimento para ir compondo o seu portfólio – se quiser alguma coisa para hoje, coloque um pouco da sua grana no Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2031. O rendimento está em 7,37% ao ano, que é uma taxa interessante para o prazo de vencimento.
Como o prazo é de mais de dez anos, tende a flutuar bastante se o mercado de juros ficar um pouco mais estressado, mas se você tiver disposição e capacidade para levar até o vencimento, me parece ser uma boa oportunidade de rendimentos. Por ser um papel prefixado, não deve ir muito bem se a Selic subir, mas isso me parece pouco provável nos próximos 12 meses, uma vez que a atividade econômica está baixa e a inflação, absolutamente controlada.
Não é um investimento livre de riscos, mas é um nível baixo que, na minha opinião, é mais do que compensada pelos retornos possíveis.
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