GPA dispara 15% com cisão do Assaí — o que a proposta significa para o investidor?
Grupo quer dar mais visibilidade aos negócios, mas avaliação de especialistas sobre a proposta não é consenso; mercado têm exemplos de separações que prometeram e até agora não entregaram
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) entrou na onda de fazer a cisão de um de seus negócios — no caso a rede de atacarejo Assaí — em uma unidade separada na bolsa. Um dos objetivos é "destravar o valor" da empresa, e a disparada das ações da rede na B3 sinaliza que o mercado comprou a ideia.
Os papéis da companhia (PCAR3) fecharam em alta de 14,8%, a R$ 71,35. Desde janeiro, as ações da empresa têm queda de cerca de 20%. A medida proposta faria com que o dono de ações do GPA recebesse participação igualmente proporcional em cada uma das novas empresas.
Segundo o grupo, a reestruturação envolveria a separação do GPA em duas empresas listadas diferentes: CBD, incluindo as operações de Multivarejo (33% das vendas) e América Latina (Éxito; 27% das vendas), e Assaí (40% das vendas).
Analistas do Credit Suisse dizem que a proposta pode trazer alguma luz para a negociação dos papéis — na visão deles, incorretamente precificados. O preço-alvo para as ações em 12 meses é de R$ 112, o que representaria uma alta de 80% sobre o preço de ontem.
Segundo os especialistas do banco suíço, o atacarejo do grupo valeria R$ 17 bilhões, considerando o desempenho do Assaí nos últimos cinco anos e a atuação da concorrência. Mas nesta quarta o GPA inteiro valia R$ 16,6 bilhões, lembram Victor Saragiotto e Pedro Pinto.
"A avaliação atual implica em quase nenhum valor para o Éxito, para o multivarejo e para outros negócios — o que não é justo, principalmente levando em conta o momento operacional para o varejo alimentar no Brasil", dizem.
O analista da XP Investimentos Pedro Fagundes, embora reconheça o "potencial valor a ser destravado pela separação dos negócios", diz que as informações divulgadas pela companhia permitem uma estimativa ainda não ideal de avaliação por soma das partes.
"A separação dos dois negócios poderia gerar ineficiências, como redundância da estrutura administrativa", diz. "Na nossa visão é pouco provável que o mercado atribua um múltiplo igual ao atual ou maior para a operação de GPA (ex-Assaí), dado o menor potencial de crescimento".
A recomendação da casa para os papéis é neutra, com preço-alvo de R$ 70,00 ao final de 2020. "Atualmente, vemos as ações do GPA negociando a um múltiplo P/L de 17,5x em 2021, que avaliamos como justo", afirma Fangundes.
'Destravar valor' funciona?
A ideia de separar negócios para "destravar" o valor das empresas de um grupo não é nova. Recentemente, a Cogna, por exemplo, listou as ações da subsidiária Vasta — no entanto, o desempenho dos papéis até agora decepcionou o mercado. A baixa da empresa (VSTA) é de quase 20%.
Segundo a Squadra Investimentos, esse tipo de divisão reduz o fluxo de caixa porque cria ineficiências do ponto de vista fiscal e de balanço patrimonial. A avaliação foi feita à luz de IPOs no exterior — a listagem do Assaí seria na B3.
Ainda assim, a gestora lembrou as aberturas de capital dos programas de fidelidade da Gol — o Smiles — e da Latam — o Multiplus. Na análise da casa, a "parte boa" vai à bolsa, mas o conglomerado é obrigado a carregar as despesas.
A Squadra afirmou que entende o racional de algumas das listagens de subsidiárias que vêm sendo apresentadas ao mercado, mas que não concorda com "grandes animações" e percepções de geração de valor decorrentes destes eventos.
Nem a Shein salva: Coteminas (CTMN4) entra com pedido de recuperação judicial para se proteger de fundo; entenda
O FIP Ordenes alega que o Grupo não cumpriu com as obrigações relacionadas às debêntures — e que, por isso, a dívida deveria ser paga imediatamente
A dona da Vivo está barata? Ação da Telefônica Brasil (VIVT3) lidera as perdas do Ibovespa; saiba se é hora de atender essa chamada
Os papéis da companhia recuam mais de 5% na bolsa brasileira nesta quarta-feira (8) e, apesar do aumento do lucro, o mercado não gostou de algumas linhas do balanço
Entenda por que dona do Outback quer sair do Brasil — e ela não é a única
Apesar de o Brasil representar 83% do faturamento internacional do Outback, gestora Bloomin’ Brands já avaliava vender as operações no país desde 2022
Mais um voo da BRF: BRFS3 dispara 12% na B3 após balanço da dona da Sadia e Perdigão no 1T24 — mas um bancão aposta que impulso tem data para acabar
BRF conseguiu reverter o prejuízo bilionário do mesmo período de 2023, para um lucro líquido de R$ 594 milhões entre janeiro e março deste ano
Mais água no chope: lucro da Ambev (ABEV3) cai no 1T24, pressionado novamente pelo “Efeito Milei” no balanço
Os volumes vendidos na América Latina ficaram 13% menores na comparação com o mesmo período do ano passado, com destaque para a demanda na Argentina que caiu 19%
Vem mais pressão pela frente? Saiba o que esperar dos balanços da Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) no 1T24
Para a XP Investimentos, o primeiro trimestre de 2024 deve marcar mais um período fraco para o setor de varejo — mas uma das brasileiras pode se destacar positivamente
Vamos (VAMO3) coloca o “pé na estrada” e dispara 12% na B3 após balanço. É hora comprar as ações?
O lucro líquido consolidado da Vamos subiu 8,2% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 183 milhões
Oportunidade em Vale: bancão diz que risco-recompensa melhorou e que é hora de comprar as ações VALE3
O UBS BB elevou a recomendação da mineradora de neutra para compra e subiu o preço-alvo do American Depositary Receipt (ADR) de US$ 13 para US$ 15 — o que representa um potencial de valorização de 19,14% sobre o fechamento de segunda-feira (6)
Justiça bate na porta: AGU quer que Vale (VALE3), Samarco e BHP paguem R$ 79,6 bilhões por desastre de Mariana em até 15 dias — dividendos estão ameaçados de confisco
Caso as mineradoras descumpram a determinação, a Justiça pode bloquear ativos financeiros, bens imóveis, a distribuição de lucros e dividendos a acionistas e pode penhorar de 5% do faturamento
CEO da Embraer (EMBR3) comenta possível plano de jato de grande porte para competir Boieng e Airbus; ações reagem em queda a balanço do 1T24
Em teleconferência de resultados, o CEO da Embraer revelou qual deve ser o principal obstáculo da fabricante de aeronaves neste ano
Leia Também
Mais lidas
-
1
Esquece a Mega-Sena! Os novos milionários brasileiros vêm de outra loteria — e não é a Lotofácil
-
2
Entenda por que dona do Outback quer sair do Brasil — e ela não é a única
-
3
CEO da Embraer (EMBR3) comenta possível plano de jato de grande porte para competir Boieng e Airbus; ações reagem em queda a balanço do 1T24