A Embraer anunciou a demissão de 900 funcionários no Brasil - número que equivale a 4,5% do efetivo total da empresa. Segundo a empresa, as demissões estão relacionadas os efeitos da pandemia e o cancelamento do acordo com a Boeing.
Com a medida, a companhia diz que espera assegurar a sustentabilidade da empresa e capacidade de engenharia. Desde janeiro, os papéis da Embraer (EMBR3) tem queda de 60% - eram negociados a R$ 7,57 nesta quarta-feira 2).
A pandemia afetou particularmente a aviação comercial da Embraer, que no primeiro semestre de 2020 apresentou redução de 75% das entregas de aeronaves, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A situação se agravou com a duplicação de estruturas para atender a separação da aviação comercial, em preparação à parceria não concretizada por iniciativa da Boeing, e pela falta de expectativa de recuperação do setor de transporte aéreo no curto e médio prazo.
Desde o início da pandemia, a Embraer anunciou uma série de medidas para preservar empregos como férias coletivas, redução de jornada, lay-off, licença remunerada e três planos de demissão voluntária (PDV).
Também reduziu o trabalho presencial nas plantas industriais com o objetivo de zelar pela saúde dos colaboradores e garantir a continuidade dos negócios. Os três PDVs registraram adesão voluntária de cerca de 1,6 mil colaboradores no Brasil.
Redução de quadro
Já era esperado que, após a conclusão da venda da divisão de aviões comerciais para a Boeing, a Embraer enxugasse o quadro de funcionários.
Quando o atual presidente da companhia, Francisco Gomes Neto, teve seu nome anunciado para o cargo, mais de um ano atrás, os comentários no mercado apontavam que ele teria como meta tornar a Embraer mais eficiente, reduzindo todos os gastos possíveis, o que implicaria em demissões.
A tarefa do executivo se tornou mais árdua com a desistência da compra de parte da empresa pela Boeing e com a crise do coronavírus. Em meio à pandemia, as vendas de aviões devem despencar em 2020 e, segundo especialistas, não vão se recuperar em menos de três anos.
Como se não bastasse, a fabricante de aviões gastou, no ano passado, R$ 485,5 milhões para separar a unidade de negócios que iria para a Boeing. Com o acordo desfeito, a prioridade agora é economizar.