O Produto Interno Bruto (PIB) nacional caiu 1,5% no primeiro trimestre de 2020, na comparação com o último trimestre do ano anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (29).
O período foi marcado pelo início da crise do novo coronavírus, que derrubou a oferta e demanda. Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços produzidos no Brasil, chegou a R$ 1,803 trilhão.
A prévia do PIB do Banco Central, o IBC-Br, indicava uma queda de 1,95% da atividade no primeiro trimestre. Em 2019, o Brasil cresceu 1,1%.

De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a retração da economia foi causada, principalmente, pelo recuo de 1,6% nos serviços, setor que representa 74% do PIB. A indústria também caiu (-1,4%), enquanto a agropecuária cresceu (0,6%).
“Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos. Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento, alimentação sofreram bastante com o isolamento social”, diz a especialista
Segundo o IBGE, na categoria serviços a única variação positiva veio das atividades imobiliárias (0,4%). Já nas atividades industriais, a queda foi puxada pelo setor extrativo (-3,2%), mas também apresentaram taxas negativas a construção (-2,4%), entre outras.
“A construção civil está puxando sempre para baixo a parte da infraestrutura. O mercado imobiliário até que tem se recuperado, mas com o distanciamento social, em março, ficou um pouco prejudicado”, diz Palis.
Consumo das famílias tem a queda mais intensa desde 2001
Os efeitos da pandemia também influenciaram a queda de 2% no consumo das famílias, de acordo com o IBGE. Foi o maior recuo desde a crise de energia elétrica em 2001. Hoje, o consumo das famílias pesa 65% do PIB.
O consumo do governo ficou praticamente estável (0,2%) no primeiro trimestre deste ano, mesmo patamar do último trimestre de 2019.
Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceram 3,1%, puxados pela importação líquida de máquinas e equipamentos pelo setor de petróleo e gás. A produção nacional de máquinas e equipamentos e a construção caíram, ainda conforme dados do instituto.
Já a balança comercial brasileira teve uma queda de 0,9% nas exportações de bens e serviços, enquanto as importações de bens e serviços cresceram 2,8%. “As exportações foram bastante prejudicadas pela demanda internacional", diz a especialista do IBGE.
"Um dos países muito importantes para a gente que tem afetado nossas exportações é a Argentina. E a China também, que no primeiro trimestre foi o primeiro país a fechar as fronteiras. Então as nossas exportações foram bastante afetadas”.