Em novo comunicado, Ghosn nega que família tenha auxiliado sua fuga do Japão
A fuga do Japão é o mais novo capítulo na saga de Carlos Ghosn com a Justiça japonesa, que começou em novembro de 2018
No segundo comunicado que divulgou desde que escapou da prisão domiciliar, em Tóquio, na última segunda-feira, 30, o ex-todo-poderoso da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, negou que sua família tenha tido participação em sua fuga para Beirute, no Líbano.
"As alegações da mídia de que minha esposa Carole e outros membros da minha família tiveram um papel importante na minha partida são falsas. Eu fui o único que organizou minha partida", disse a nota divulgada nesta quinta-feira, 2.
A fuga do Japão é o mais novo capítulo na saga de Carlos Ghosn com a Justiça japonesa, que começou em novembro de 2018, quando ele foi preso pela polícia acusado de ocultar parte de seu patrimônio. Ele ficou meses na prisão até conseguir, em um acordo de US$ 14 milhões (cerca de R$ 56 milhões), migrar para a prisão domiciliar. Apesar de as acusações da Promotoria japonesa terem sido feitas 13 meses atrás, ainda não havia perspectiva de um julgamento em Tóquio.
A fuga de Ghosn do Japão ainda é cercada de dúvidas. Segundo diversas notícias divulgadas até agora, o executivo teria usado um passaporte francês que tinha para usar no dia a dia - pois seus demais documentos haviam sido confiscados pela Justiça japonesa - para organizar a escapada da prisão domiciliar. Usando um jato particular, fez escala na Turquia antes de seguir rumo a Beirute. Ele recebeu várias manifestações de apoio do governo libanês ao longo de 2019.
Pedido de prisão
O Líbano recebeu na manhã desta quinta-feira um pedido de prisão da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) contra Ghosn, afirmou Albert Serhan, ministro da Justiça libanês, à agência de notícias oficial do país, a NNA.
Em entrevista, o ministro libanês afirmou que o governo vai "cumprir suas obrigações" em relação ao alerta da Interpol, sugerindo que Ghosn poderá ser questionado. Mas reforçou que o Líbano e o Japão não têm acordo de extradição. Por isso, disse, está fora de questão que o país vá entregar o ex-todo-poderoso da Nissan às autoridades japonesas.
Serhan, conhecido pelo estilo descontraído, disse que poderá examinar as acusações contra Carlos Ghosn, em respeito às autoridades japonesas. Segundo ele, uma decisão sobre a abertura de um processo caberá à Justiça libanesa. Um julgamento - e uma possível absolvição - no Líbano seria, de acordo com fontes ligadas ao caso Renault-Nissan, uma das chances para o executivo tentar limpar seu nome.
Conexão na Turquia
Pela manhã, as autoridades da Turquia já haviam prendido sete pessoas suspeitas de ajudar o ex-CEO da aliança Renault-Nissan a chegar ao Líbano na segunda-feira, após sua fuga do Japão.
De acordo com a agência de notícias DHA, entre os detidos estão quatro pilotos suspeitos de auxiliar Ghosn a viajar a partir de um aeroporto em Istambul, onde ele chegou em um voo procedente do Japão. O ministério do Interior iniciou uma investigação para determinar as condições nas quais o empresário brasileiro conseguiu transitar pela capital econômica da Turquia, informou o canal NTV.
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