Como insights políticos me ajudaram no trade da minha vida
Se você tem alguma dúvida de que a política pode interferir pesadamente nas ações, esse episódio deixa clara a relação promíscua entre elas.
Hoje eu vou contar para você o trade da minha vida. Já adianto que, como um bom pescador nascido em Piracicaba (SP), talvez eu incremente um pouco de suspense aqui, insira um drama ali. Mas o tamanho do peixe (400% de lucro em menos de um dia) é verdadeiro e deixa muito claro como política e lucros caminham de mãos dadas no mercado financeiro.
Era 23 de maio de 2018 e já passara das quatro da tarde. Aqueles eram dias muito agitados para a nossa Bolsa.
Por esse motivo, o Danilo, meu braço direito na Empiricus, começou a deixar o celular em cima da mesa para acompanhar as últimas notícias do mercado.
Por volta das 16h30, quando o pregão já se aproximava do gongo final, o smartphone vibrou e não pude deixar de notar a sua cara de espanto.
"Ruy, recebi uma notícia aqui. Parece que o Pedro Parente e o Michel Temer vão se reunir hoje à noite. Muito estranho, você não acha?".
Caso você não se lembre, em maio de 2018 estávamos no meio da greve dos caminhoneiros. Os, então, presidentes da Petrobras e da República estavam sob os holofotes do país inteiro e tinham sido eleitos pelo povo como os grandes responsáveis por aquela crise.
Leia Também
Faltando apenas alguns minutos para às 17h, horário marcado para o encerramento das operações, corremos contra o relógio para conseguir enviar a tempo para todos os assinantes que me acompanham na série Flash Trader um alerta de compra de puts de Petrobras (puts são opções que se valorizam com a queda das ações).
Se não conseguíssemos comprar a opção até o fechamento do mercado, teríamos de esperar até o dia seguinte e provavelmente seria tarde demais.
No fim, conseguimos, e seríamos muito bem recompensados por isso.
Uma breve contextualização
Durante muitos anos a Petrobras foi alvo não só de corrupção intensa, mas também de práticas populistas nefastas que obrigavam a companhia a manter o preço da gasolina e do diesel inalterados mesmo quando o petróleo subia.
Isso quer dizer que durante anos a empresa comprava derivados por valores mais altos do que poderia vender, o que levou a companhia a uma dívida de quase R$ 500 bilhões, seu balanço à beira de um colapso e os investidores a vender alucinadamente as ações – que chegaram a custar R$ 4,50 um pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff.
Fonte: Google
A entrada de Pedro Parente na companhia significou mais do que uma mudança de CEO. Era uma virada, uma retomada da racionalidade e da governança. Com uma política de precificação clara, uma limpeza ética no quadro da companhia e o foco em enxugar os enormes gastos que só uma estatal – às custas do dinheiro do contribuinte, é claro – consegue arcar, a Petrobras estava de volta aos trilhos.
Suas ações já se aproximavam dos R$ 30 quando surgiu a tal "reunião de emergência".
Com a popularidade do Presidente da República indo embora pelo ralo e a política de preços da Petrobras contribuindo para aumentar a insatisfação, uma interferência política na companhia parecia provável demais para ficarmos de braços cruzados.
Déjà vu
Na manhã do dia seguinte (24 de maio) os jornais do país inteiro estampariam em suas capas que a Petrobras reduziria em 10% o preço do diesel.
Para os investidores, que estavam finalmente acreditando que a estatal não apenas tinha jeito como estava no caminho certo, aquela era uma enorme sensação de "déjà vu" – de que a liberdade da companhia tinha ficado para trás e que novos rombos bilionários estavam a caminho.
O que se viu na abertura do mercado foi uma pressão vendedora intensa dos papéis, que chegaram a cair 15% e provocaram uma valorização de 400% da put de PETR4 comprada na véspera pelos assinantes do Flash Trader.
Obviamente, quem só conseguiu entrar no dia seguinte perdeu um baita lucro.
Uma pequena vantagem em termos de tempo se transformou em uma enorme vantagem em termos de rentabilidade.
Insights lucrativos
Se você tem alguma dúvida de que a política pode interferir pesadamente nas ações, esse episódio deixa clara a relação promíscua entre elas.
Recentemente tivemos um outro exemplo importante de como a política interfere nos mercados: o andamento da discussão sobre o Marco Regulatório do saneamento nas últimas semanas ajudou a empurrar as ações do setor (Sabesp, Sanepar e Copasa).
Caso tenha "perdido" o movimento, saiba que ainda há oportunidades interessantes de longo prazo para os investidores mais pacientes. Eu digo isso porque o saneamento no Brasil é uma vergonha de tão atrasado. Sob uma regulação mais clara, capaz de premiar companhias que investem com responsabilidade, devemos ter um longo caminho de investimentos, criação de valor para os acionistas do setor e melhoria na vida da nossa população.
De qualquer maneira, apesar de ser importante entender que a relação entre mercado e política existe, só isso não basta. É preciso ter os insights certos e na velocidade adequada, pois já vimos que poucos minutos de desvantagem podem se transformar em uma enorme perda em termos de rentabilidade.
E saiba que isso não acontece só aqui no Brasil. David Rubenstein, bilionário e criador do fundo Carlyle, já disse que uma das vantagens do seu grupo sobre a concorrência nova iorquina é que ele está sediado em Washington D. C, muito mais próximo dos acontecimentos políticos dos Estados Unidos.
Exatamente com esse objetivo é que a Empiricus se juntou à Arko Advice, a maior especialista em análise política do país: criar um sistema que traga insights políticos em primeira mão e as melhores indicações de investimento para surfar os acontecimentos mais importantes de Brasília.
A Arko ficará responsável pela análise política enquanto a Empiricus se encarregará de encontrar os ativos perfeitos para aproveitar cada uma dessas oportunidades.
Se quiser conhecer esse lançamento, o Arko System, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a próxima sexta-feira!
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador