O ouro não brilha tanto assim – há opção melhor para proteger a sua carteira
O ouro tornou-se uma commodity como outra qualquer, e commodities não gostam de recessão, como a que pode surgir com a combinação coronavírus/queda abrupta dos preços do petróleo

Volta e meia vejo alguém dizer que vai comprar, ou já comprou, ouro para se proteger das incertezas.
Pois bem, sem querer ser estraga-prazeres, e já sendo, lamento informar que o vil metal não protege nenhum investidor de nada. Ou melhor, só protege quando seu preço está subindo.
Fosse o caso de o ouro ser um porto seguro em momentos de queda generalizada dos ativos, a cotação estaria agora acima de US$ 1.895,00, que foi a máxima de todos os tempos, alcançada em setembro de 2011.
Imaginem: coronavírus se alastrando mundo afora, bolsas entrando em colapso, barril de petróleo desabando por causa da guerra de preços causada pela forte diminuição da demanda, governos desconcertados tomando decisões unilaterais e, não raro, insensatas.
Mesmo assim, a onça do ouro, embora tenha subido um pouco, não alcançou os níveis que os touros esperavam.
No momento em que escrevo este texto, por exemplo, está cotada a US$ 1.580,70.
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Embora os bancos centrais da China e do Japão tenham enormes reservas, medidas em trilhões de dólares, apenas uma pequena parte delas é aplicada em ouro.
Hoje em dia, em momentos de grandes crises, como os que estamos experimentando nestes dias turbulentos de 2020, os investidores correm para o dólar, principalmente os de países emergentes, como é o caso do Brasil.
Quando comecei a operar commodities, nos mercados nacional e internacional, meu único ativo era o ouro. “Ivan”, diziam os colegas profissionais, “é operador de ouro”.
Foi no ouro que dei uma das minhas maiores tacadas, em 1986, quando senti que o Plano Cruzado fracassara. Comprei, na Bolsa de Mercadorias de São Paulo (Bolsinha) toda a pedra dos futurões.
Já no mercado internacional, ganhei mais dinheiro vendido.
Como o ouro trabalha sempre em contango (futuros mais caros do que o preço à vista e futuros longos mais caros do que os futuros curtos), quem ficar permanentemente vendido ganha dinheiro. Mas experimenta grandes aflições quando acontece um bull market.
Desde a mais remota antiguidade (na civilização suméria, por exemplo), o ouro representou reserva de valor.
O curioso é que os descobridores de meados do segundo milênio D.C., quando encontravam um povo até então desconhecido (como os astecas, incas e maias), percebiam, com espanto, que eles guardavam suas fortunas em ouro, geralmente sob a forma de ornamentos e obras de arte.
Por ocasião do tratado de Bretton Woods, assinado em julho de 1944 na cidade do mesmo nome, no estado americano de New Hampshire, o mercado de ouro simplesmente acabou. Isso porque foi fixado um valor para o dólar em relação ao ouro: US$ 35,00 = 1 onça de ouro.
As demais moedas tiveram suas paridades definidas em relação à americana, vale dizer também, ao metal. Até que os Estados Unidos, peitados pelo presidente francês, general Charles de Gaulle, que duvidou que houvesse lastro em ouro correspondente aos dólares em circulação, entregaram o ouro (com mil perdões pelo trocadilho).
Eis como relato o evento em meu livro “Os Mercadores da Noite”:
“O ouro começou a subir no outono. Anos mais tarde, Julius se recordaria da noite de domingo em que a alta começou.
De seu escritório em Greenwich, tendo percebido o início do movimento, ligou primeiro para Tóquio e Hong Kong. Depois, telefonou para os mercadores noturnos, tentando descobrir se a alta passara despercebida por algum deles.
Mas os homens da noite eram bons profissionais. Todos já haviam farejado a nova presa. Cada um deles, os músculos contraídos, a garganta seca, o coração acelerado, os olhos perscrutando a dança dos números em seus terminais de cotações, sentiu, naquele instante, o início de mais um ciclo no mercado.
Clarence, em Greenwich, Rabal, na Cidade do México, West, em sua cabana no Oregon, Soudendijk, de sua torre pairando sobre o Pacífico, Blaeu, em Amsterdã, Constantine, em Paris, van Deer, na Cidade do Cabo, e Clive Maugh, em Lausanne, iniciavam mais uma semana de trabalho e de emoções.
Para cada um deles, já há muito, o lucro das operações de mercado representava mais do que riqueza e poder. Era o principal elo com a vida. Para os mercadores da noite, ganhar ou perder dinheiro significava a vitória ou a derrota, em um jogo cruel e interminável.”
Depois que o presidente Richard Nixon, no dia 15 de agosto de 1971, desvinculou o dólar do ouro, pondo fim ao gold standard (padrão-ouro), o metal não fez outra coisa a não ser subir.
O bull market só alcançou seu fim quando os irmãos Hunt (bilionários do Texas) fracassaram em sua tentativa de fazer um corner no mercado de prata.
Nessa ocasião, o preço da onça do ouro chegou a superar a marca de US$ 800. Depois, caiu até US$ 250, de onde, com idas e vindas mais do que bruscas, partiu para os US$ 1.895 citados acima nessa coluna.
O ouro tornou-se uma commodity como outra qualquer, e commodities não gostam de recessão, como a que pode surgir com a combinação coronavírus/queda abrupta dos preços do petróleo.
Se você, caro amigo leitor, quer investir parte do seu dinheiro em ouro, tudo bem. Mas há uma opção melhor.
Com os seguidos colapsos da bolsa brasileira, algumas ações estão ficando baratas. Muito baratas, mesmo considerando a diminuição dos lucros que irão experimentar e uma possível alta da taxa Selic, para segurar a alta do dólar.
Fora os dividendos que pagam, essas ações têm mais chance de se valorizar do que o metal, que é um investimento inerte.
Como mencionei no título deste texto, “o ouro não brilha tanto assim”.
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