A ordem do dia é gastar menos do que se ganha e não dever nada a ninguém
Lembre-se: o governo, qualquer que seja ele, de esquerda, direita, centro, vai te trair um dia, se é que já não traiu, como aconteceu no caso de minha aposentadoria.

Já disse isso em minhas crônicas algumas vezes, mas não custa repetir: economize algum dinheiro todos os meses e aplique a sobra, de preferência em renda variável, mesmo que isso signifique sacrifícios.
Nas férias, ao invés de viajar para o exterior, vá para um balneário ou estância de montanha próximos à sua cidade. Ou até mesmo fique em casa com a família, levando os filhos para brincar no parque.
O essencial é poupar, mesmo que isso implique, nos momentos mais difíceis, comer arroz com ovo frito no almoço e tomar sopa no jantar. Deixe seu carro na garagem e vá para o trabalho usando transporte coletivo. Os londrinos e nova-iorquinos, por exemplo, fazem isso naturalmente.
Se o caro amigo leitor é bem mais abonado, e pratica anualmente esportes de inverno em Courchevel ou Vail, baixe um pouquinho a bola. Mude a época das férias. Troque de hemisfério. Vá para Bariloche, onde o peso argentino é uma teta frente ao real.
Subindo ao topo da pirâmide social, se você tem um jatinho particular, venda-o e comece a viajar de primeira classe nas companhias aéreas. Se já voa de primeira, passe para a executiva. E se é esse o seu caso, faça um downgrade para a dog class. Todas chegarão ao destino na mesma hora.
Resumindo: do grande empresário à empregada doméstica (que mancada, hein, Posto Ipiranga?!), a ordem do dia, da semana, do mês, do ano e da época é gastar menos do que se ganha.
Leia Também
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Promessas a serem cumpridas: o andamento do plano 60-30-30 do Inter, e o que move os mercados hoje
Mais do que tudo, não parcele nada. Pague à vista ou não compre.
Nem sempre foi assim. Como peguei a época do auge da hiperinflação, meus hábitos eram completamente diferentes – aliás, no meu último livro, retrato em diversas crônicas o estilo de vida levado por investidores daqueles tempos.
Cartões de crédito, por exemplo, eu possuía seis. Dependendo do dia do mês, pagava com Visa, Mastercard, Ourocard, Diners, Nacional ou American Express. Assim procedendo, tinha sempre 40 dias, ou pouco menos, para pagar minha fatura. Isso me dava uma economia de uns 30%.
Após minha separação conjugal, a casa em que morava com a família ficou para a ex e os filhos. Decidi, então, morar de aluguel.
A lei só permitia que o proprietário retomasse o imóvel após cinco anos. Os reajustes eram anuais, sempre em índices menores do que a inflação, da qual eram expurgados vários itens.
Me valendo disso, só alugava casa de grandes proprietários (gente que tinha 20 ou 30 apartamentos), pois não queria prejudicar nenhuma viúva que dependesse daquele aluguel para viver. Seria despir um santo para vestir outro.
Certa ocasião, já vivendo com minha segunda mulher, aluguei um apartamento de quatro quartos na avenida Sernambetiba, na orla da Barra da Tijuca, aqui no Rio. O valor mensal equivalia a aproximadamente 90% do meu salário mais comissões.
Como tinha um banqueiro bem-sucedido (pleonasmo?) como avalista, não tive problemas em assinar o contrato.
Isso aconteceu em 1987, época em que a inflação mensal era de aproximadamente 20%, que foi a diminuição em termos reais de meu aluguel logo no segundo mês. Mais 20 no terceiro, e assim por diante.
Na data do reajuste anual, o valor não retornava ao pico de onde começara.
Ao longo dos meses e anos seguintes, o aluguel foi diminuindo até que se tornou ínfimo, algo como um hambúrguer, do mais simples, sem aquele monte de decks.
“Puxa vida, Ivan, você está pagando, por um quatro quartos e duas salas num condomínio de luxo na beira da praia, menos do que o morador de um barraco no complexo do Alemão”, chorou o advogado do proprietário, tentando cavar um reajuste.
“É a lei”, respondi. “Sou operador de mercado. Se há uma coisa que conheço, é velocidade de depreciação do dinheiro. Se vocês tivessem feito um contrato de boca, com valor dolarizado, e com o preço justo do aluguel, eu teria topado. Mas calcularam uma inflação e calculei outra.”
Pouco antes do lançamento do Plano Real, entreguei o apartamento e comprei este no qual moro até hoje.
A situação foi mudando. Hoje, se aplica em renda fixa ou variável, neste segundo caso indo para o risco.
Para início de conversa, o que jamais deve fazer é parcelar dívidas. Elas se acumulam e você se ferra.
O IPVA do estado do Rio, por exemplo, pode ser pago em três vezes. Só que, se pagar à vista, como fiz, o governo dá um desconto de 3%. Caramba, minhas aplicações em renda fixa não rendem isso. Optei por parcela única.
Já o IPTU do município do Rio de Janeiro permite o pagamento em dez parcelas. Só que, pra quem recolhe tudo no ato, como também foi a minha escolha, o desconto é de 7%.
Como recebo de várias fontes, tenho sempre imposto de renda a pagar, jamais devolução. A Receita Federal aceita parcelamento em oito vezes, com reajuste pela taxa Selic, mais 1% todo mês.
A não ser que tenha de fazer um empréstimo bancário para quitar o seu, opte pela cota única, como irei fazer, sacando de meu fundo de renda fixa.
Agora, o mais importante. Se você chega numa loja para comprar, por exemplo, um liquidificador, eles oferecem parcelar em dez vezes, no cartão de crédito. Sem juros.
Pague à vista. Caso contrário, vai acabar acumulando dívidas mensais que lhe retirarão a possibilidade de poupar todos os meses.
Eu, quase octogenário, arff, engulo diariamente 16 comprimidos de uso essencial e contínuo. Só um deles, o Xarelto, que inibe trombos e AVCs, custa mais de 200 reais a caixa com 28 cápsulas.
Quando chego no caixa da farmácia, a atendente pergunta: “Quer dividir em três vezes?”
“Tô fora!”
Se parcelar a arritmia, o diabetes, a hipertensão, vou criar uma bola de neve, da qual não sairei nunca mais. Minha conta mensal no cartão já vai abrir lotada todos os meses.
O primeiro dever de um poupador que pretende erigir um patrimônio em ações ou outros investimentos é não dever nada a ninguém, nem mesmo a juros zero.
Lembre-se: o governo, qualquer que seja ele, de esquerda, direita, centro, vai te trair um dia, se é que já não traiu, como aconteceu no caso de minha aposentadoria (assunto para outra edição da coluna).
Compre seu liquidificador à vista ou, se estiver a perigo, faça como sua bisavó: amasse a abóbora de sua sopa com um garfo.
A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos
Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo
Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje
Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira
Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?
As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado
Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?
No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar
Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje
Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande
Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin
Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas
A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?
A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas
Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil
Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin
Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito
Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo
De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras
Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado