🔴 +30 RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – VEJA AQUI

Quem poderá nos defender? O que comprar no terror sem fim?

Como Paulo Guedes poderia salvar um governo cujo objetivo está agora apenas em salvar a si mesmo?

28 de abril de 2020
10:32 - atualizado às 13:26
Paulo Guedes
O ex-ministro da Economia, Paulo Guedes - Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Dentre as várias frases geniais de Warren Buffett, esta é uma de minhas favoritas: “Quando um gestor tido como brilhante toma conta de um negócio ruim, é a reputação do negócio que costuma permanecer intacta”.

Não sei se o jovem investidor de Omaha aprovaria, mas me permito uma adaptação, potencialmente útil para o momento: “Quando um gestor tido como brilhante trabalha num governo ruim, é a reputação do governo que costuma permanecer intacta”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



Lembro-me instantaneamente de Joaquim Levy. E de Alexandre Pombini, claro — desde que salvou o Joesley naquela fatídica compra de bilhões de dólares da JBS, goza de merecidas férias!

Como Paulo Guedes poderia salvar um governo cujo objetivo está agora apenas em salvar a si mesmo? 

Esclarecimento rápido: eu também preferiria não falar de política. Infelizmente, porém, as cotações falam dela nos últimos dias, o que me obriga a enfrentar o tema, sabendo como parte dos torcedores deste Fla-Flu reagirá aos comentários. Paciência. Noblesse oblige. Aliás, não se trata de um contexto conjuntural. Grandes ciclos estruturais de mercado são definidos pela orientação política. A orientação ortodoxa liberal do Lula 1, associada à colheita dos frutos de reformas institucionais feitas ainda sob o governo FHC e ao cenário internacional favorável, trouxe um dos grandes bull markets da história brasileira. Em contrapartida, a desorientação heterodoxa antiliberal de Dilma rendeu-nos um bear market notável, enquanto a ponte para o futuro de Michel Temer, seguida da eleição de Jair Bolsonaro sob uma retórica liberal e fiscalista, trouxe o Ibovespa dos 40 mil para os 118 mil pontos. 

Esclarecimento dentro do esclarecimento: não estou afirmando que a questão política e sua orientação de política econômica seja a única coisa relevante; certamente, o cenário internacional, o ciclo dos lucros corporativos, a disposição ao risco, a tecnologia e tantas outras coisas também têm seu peso, o que não tira a importância da política para determinar a evolução dos ciclos de mercado, sobretudo em países emergentes, onde a fragilidade institucional é maior, os fluxos de capitais interrompem-se de forma súbita (emprestando aqui o termo de Guillermo Calvo) e os mecanismos de checks and balances são menos estabelecidos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Talvez possamos, portanto, resumir a coisa como uma associação entre cenário internacional e orientação da política econômica local como grandes determinantes da trajetória de mercado.

Leia Também

Pois bem. Comecemos pelo primeiro.

Entendo que o Brasil — e nossa moeda em particular — seja um dos grandes perdedores da experiência (e, de fato, é uma experiência, um teste de laboratório feito na realidade, cujas consequências são desconhecidas, trocando o pneu com o carro andando) hoje empreendida pelos bancos centrais e Tesouros Nacionais em nível mundial. Nos países desenvolvidos, de forma deliberada ou não, assumidamente ou não (pouco importa), estamos levando à prática a hipótese teórica da Moderna Teoria Monetária. Eu já tratei dessa brincadeira aqui, por isso vou passar rápido por ela, sob o risco de excesso de simplificação: trata-se da ideia de que países com perfis de bons pagadores (sem desconfiança sobre sua capacidade de solvência) e que não estejam passando por processos inflacionários podem emitir moeda (e dívida) indefinidamente. Não é à toa que você leu, ipsis litteris, esse termo vindo das comunicações do Fed e, mais recentemente, do Banco do Japão: unlimited resources. Os bancos centrais dos países desenvolvidos foram para a impressão ilimitada de dinheiro, para o infinito e além. 

Por lá, pode até funcionar. É uma hipótese, vai saber? Talvez dê certo, embora, até agora, não passe de uma hipótese. Vamos descobrir com o tempo. Então, sob essa hipótese otimista, os mercados desenvolvidos e suas economias serão salvos pela tal MMT e sua indefinida impressão de moeda. Salvamos a tudo e a todos. Segue o baile, sem consequências negativas ou efeitos colaterais. Mas e aqui? Não há a menor possibilidade de enveredarmos por esse caminho. Já há enorme desconfiança sobre a trajetória de nossa dívida pública, enfrentávamos um problema fiscal enorme mesmo antes do coronavírus e a nossa moeda, com os recordes sucessivos do câmbio autodemonstram, é fraca e exótica.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se, na melhor das hipóteses, o mundo desenvolvido será salvo pela MMT, o que será do mundo que dela não poderá desfrutar?

Agora, falemos da situação política doméstica. Não acho que existam, neste momento, condições para um impeachment, que envolve, além da questão técnica (crime de responsabilidade), elementos políticos (composição no Congresso) e sociais (pressão popular e níveis baixos de popularidade). Minha opinião, porém, é de que Paulo Guedes, com tudo o que ele representa, e o Centrão são figuras irreconciliáveis — breve digressão: fico me perguntando… se fosse o PG sentado na cadeira do Tombini, ele teria salvado o Joesley naquele dia? A proposta liberal com modernização do Estado e a relação com velhas raposas do Legislativo são imiscíveis. Guedes simboliza o contrário daquilo com que Jair Bolsonaro precisa negociar para salvar a si e aos filhos.

É evidente que ambos vão se elogiar reciprocamente. Papai diria que o saco é o corrimão do sucesso. Faremos o circo que for preciso para transmitir a sensação de que está tudo bem. Paulo Guedes tem responsabilidade com o país e jamais sinalizaria qualquer coisa em direção contrária. Ao mesmo tempo, seria também irresponsável com o país participar de certas negociatas, abraçar um velho Brasil e ceder às pressões perdulárias da fisiologia típica de parte das figuras do Congresso.

Tenho uma espécie de sequência de fatos na cabeça, divido com você, fica entre a gente: a partir de agora, avolumam-se denúncias e escândalos sobre a família Bolsonaro. Sergio Moro apresenta provas contundentes nos tribunais (seu ambiente profissional e institucional) e vaza outras para a imprensa (seu ambiente de guerrilha). Isso chega à população num momento de grande depressão econômica e escalada da crise de saúde — aliás, embora ninguém mais fale disso, a situação no Rio de Janeiro parece trágica, enquanto Blumenau emite sinais alarmantes sobre o risco de uma volta antecipada. A consequência é uma perda gradual e contínua de popularidade do presidente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Centrão, com o faro apurado típico das raposas, sente o cheiro de sangue e passa a escalar a chantagem sobre Bolsonaro, cobrando mais cargos e mais verbas — como sempre fez. Paulo Guedes e os técnicos da Economia tentam resistir a ceder a chave do cofre. Inicia-se um processo de fritura pública do superministro, que agora goza de antipatia sem precedentes do funcionalismo público, cujos salários foram congelados até o final de 2021. Esgarça a relação entre Guedes e Bolsonaro e vai havendo uma perda relativa de poder de Guedes para o núcleo chamado ideológico do governo e para o Centrão, cuja capacidade de chantagear o Executivo só aumenta conforme chegam novas denúncias e piora a situação da economia. O governo se colocou no corner, entregando-nos doses homeopáticas de sofrimento. Serão meses (não dias) até a projetada sequência passar de mera elucubração ao materialismo — assim como o Fim do Brasil original fora escrito em julho de 2014, para o impeachment ocorrer apenas dois anos depois. Seja como for, não houve governo nesse ínterim — ou talvez tenha havido um desgoverno. Escolha sua versão favorita.

Não há motivo para niilismo, porém. Há sempre o que fazer. Começo por dólar, porque a possibilidade de o real perder, de fato, qualquer referência me parece bastante alta — olhe para a nossa vizinha Argentina e veja o que aconteceu com o peso (guardadas as devidas proporções, evidentemente). 

Também tenho um bocado de ouro, não hedgeado, porque “cash is trash” (não são os ativos que estão subindo, é o dinheiro que está caindo) no mundo da Moderna Teoria Monetária (por isso, estou flertando cada vez mais com o bitcoin; nesta crise, dada sua performance, ele começou a piscar de volta para mim e isso é um bom sinal).

Em Bolsa, compro Suzano, que é o mais perto que posso chegar de dólar e a celulose é uma commodity bem legal — dentro do que commodity pode ser legal, claro. Gosto de Vale também, com um FCF enorme, preços interessantes para o minério mesmo nessa draga toda, muita liquidez e um valuation convidativo, além de ser dólar também, não nos esqueçamos. Frigoríficos eu queria comprar — esse papo de proteínas e tal, diversificação geográfica, dólar, mas, sinceramente, ainda não tenho estômago para isso (juro que penso e estou tentando). Amo o Agro, mas o que é bom já não é tão barato — então, chego nele por rumos tortos: vamos de RAIL ou RLOG. Compro boas elétricas, utilities em geral: Sanepar, com um belo dividendo, valuation muito barato, avanço regulatório iminente e previsibilidade de resultados, e Eneva (alô, AES, os preferencialistas votam em matéria de fusão, ok? Ficou feio, hein?) são minhas favoritas. Defensivos domésticos como Hypera, Raia Drogasil e coisas nessa linha também me apetecem. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Encerro da mesma forma com que comecei, citando Buffett: “São necessários 20 anos para construir uma reputação, e cinco minutos para destruí-la”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje

26 de novembro de 2025 - 8:36

Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar