Queiroz é a bala de prata contra Bolsonaro?
O caso Queiroz aumenta a temperatura política, alimenta o noticiário negativo e gera maior dependência ainda do governo ao Congresso Nacional
A semana em Brasília começa tensa com a notícia não confirmada de que o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, negocia uma delação premiada. Ainda há pouquíssimas informações sobre essa possível delação, divulgada por uma fonte, na sexta-feira (26), para a CNN Brasil. No mesmo dia, contudo, o jornal Valor Econômico, em sua versão on-line, desmentiu a informação, seguindo outra fonte que participa da investigação.
Verdade ou não, a notícia assustou os mercados e movimentou os bastidores de Brasília. Em um momento em que o presidente Jair Bolsonaro busca paz institucional, o assunto abalou o que parecia ser o início de um período menos turbulento na cena política.
Muitos clientes me perguntaram no fim de semana se uma eventual delação de Queiroz pode ser a bala de prata contra o governo. Difícil fazer previsões sem saber se a delação de fato existe e qual seu conteúdo.
O caso Queiroz aumenta a temperatura política, alimenta o noticiário negativo e gera maior dependência ainda do governo ao Congresso Nacional, mas não acredito que seja uma bala de prata contra o governo. Mas será um grande risco se Queiroz provar que houve ajuda por parte do presidente para que a Polícia Federal protegesse Flávio, o que confirmaria a versão do ex-ministro Sergio Moro.
Dito isso, o caso traz muito mais riscos para Flávio do que para o governo. Comprovações aumentarão a pressão a favor de um processo no Conselho de Ética do Senado Federal. Nesse caso, o presidente Jair Bolsonaro terá que se distanciar do filho e proteger o governo.
Acredito que teremos muitos ruídos sobre uma eventual delação, mas é preciso entender que os próximos passos são incertos e as dúvidas são enormes.
Leia Também
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Primeiro, há mesmo uma delação? Segundo, ela será aceita?
Já tivemos inúmeras tratativas de delações premidas que não prosperaram, por inúmeros motivos. Foi assim com o ex-deputado Eduardo Cunha, por exemplo, em uma possível delação que nunca aconteceu e tinha tudo para ser explosiva. Para uma delação ser aceita, provas contundentes e inéditas precisam ser apresentadas e comprovadas, apontando linhas novas de investigação que envolvam nomes graúdos.
Terceiro, a delação envolverá o presidente? Se envolver apenas o senador Flávio Bolsonaro, teremos muito ruído e grande exposição negativa do governo na imprensa, mas não uma bala de prata. Longe disso.
Uma bala de prata necessita de uma tempestade perfeita para as três perguntas acima. A delação precisa ser confirmada, precisa ser aceita e precisa comprovar, por A + B, o envolvimento do presidente na história.
Ainda que não seja uma bala de prata, trata-se de mais um tema desconfortável para o presidente, que precisa, cada vez mais, de seus dois principais escudos: o apoio do Centrão e a popularidade estabilizada em torno de 30% de “ótimo/bom”.
Quanto mais essas duas variáveis perderem força, menos explosiva a bala de prata precisa ser para desestabilizar o governo. E quanto mais forte esses dois escudos estiverem, mais explosiva a bala de prata precisará ser para causar danos.
E como estão esses escudos? Apesar do noticiário amplamente negativo, a popularidade do presidente não foi afetada, conforme verificado nas pesquisas mais recentes.
O Datafolha (23 e 24/06) mostrou que a avaliação “ótimo/bom” do governo oscilou de 33% para 32% de maio para junho. A “regular” passou de 22% para 23%; e a “ruim/péssimo”, de 43% para 44%. Já no campo político, o Centrão tem respondido bem aos novos desafios e, mais importante ao Presidente, tem evitado críticas públicas aos últimos episódios negativos.
Apesar dos fios desencapados do governo, seja Queiroz, TSE ou STF, o sucesso ou fracasso do Presidente Jair Bolsonaro dependerá, no limite, dos escudos políticos e sociais. O lado social tem mostrado resiliência. A polarização tem aumentado, mas o apoio de um terço da população tem se mantido estável. Apopularidade dá confiança e tranquilidade ao escudo político no Congresso Nacional, que também clama por mais participação dentro do Poder Executivo. Enquanto os escudos funcionarem, o governo, com inteligência política, pode avançar. No entanto, os fios desencapados podem aumentar o preço do apoio e desgastar as proteções que hoje o governo tem.
Queiroz pode não ser a bala de prata, mas os desafios são imensos e a medida que as dificuldades legais, políticas e econômicas aumentam, Bolsonaro precisará trabalhar em um ambiente de paz institucional.
Hoje, mais do que nunca, o governo precisa do seus 30% estáveis e da sua base aliada no Congresso organizada e coesa.
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas