Seis riscos que vão te perseguir o resto do ano
Por melhor que você seja em modelagem financeira, e por maior que seja o seu controle emocional, é impossível conter os equívocos. Eles vão acontecer.
“Todo mundo vai falhar, mas se você fizer isso com a mente aberta, conseguir mapear bem, aprender e melhorar, aumentará a probabilidade de acertar - e isso leva ao sucesso. Essa é a fórmula.”
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADERay Dalio, em Princípios para o Sucesso.
Dor + Reflexão = Progresso
Desde pequeno, sempre levei muito a sério a ideia de “aprender com os erros”.
Desconfio, aliás, que uma das primeiras lições que a vida dá a todos nós é justamente a percepção de que vivemos de altos e baixos.
E que, por meio da experiência, somos capazes de diminuir o tamanho (ou a dor) desses vales.
No mercado financeiro, a mesma lógica se aplica.
Leia Também
Felipe Miranda: 10 surpresas para 2026
Por melhor que você seja em modelagem financeira, e por maior que seja o seu controle emocional, é impossível conter os equívocos. Eles vão acontecer.
2020, até aqui, foi um ano muito desafiador. E tudo bem se a sua performance está aquém do que você almejava.
“Onde foi que errei? Estava muito comprado em ações e FIIs antes da crise? Por quê? Qual era a tese?”
Vendeu tudo no desespero em março? O que te incomodou?
Estudar os erros do passado é uma das melhores formas de evitar desacertos futuros.
Lembre-se que performance é algo que você não controla. Porém, o que você coloca no seu portfólio, sim.
Dito isso, mais do que perder tempo analisando cada um dos acontecimentos que se acumularam nesse semestre para lá de turbulento, resolvi, com a ajuda do Antonyo Giannini, um dos especialistas que trabalha comigo aqui na Inversa, consolidar tudo em um só gráfico:

Se você ainda não entendeu como o mercado funciona, esse gráfico é uma bela oportunidade.
Note que notícias ruins se acumularam ao longo do semestre e, mesmo assim, o mercado não fez outra coisa senão subir desde março.
Entenda de uma vez por todas: a Bolsa opera expectativa, os riscos e oportunidades adiante, não necessariamente o que se passa na economia real.
As oportunidades de ganhos, portanto, estão justamente na visão de mundo do que vem depois.
Quem teve a frieza de olhar para as empresas em março e refletir que este evento do coronavírus, apesar de sem precedente, também era passageiro, conseguiu se antecipar à conclusão que vários investidores chegaram semanas depois.
Dito isso, a melhor forma de limitar os riscos e melhorar a probabilidade de ter bons resultados com seus investimentos é gastando tempo na reflexão sobre os riscos futuros.
Por isso, separei aqui 6 deles, 3 domésticos e 3 globais, que devem perseguir os investidores nos próximos meses e anos. São riscos que você deveria entender melhor antes de definir quanto investir em ativos de risco:
6 riscos que vão te perseguir o resto do ano...
Domésticos
O risco fiscal
Estima-se que a dívida pública do Brasil alcance o patamar de 100% do PIB e que o déficit primário (o que o governo arrecada subtraindo o que gasta, sem considerar juros da dívida pública) deve alcançar algo como 15% do PIB.
São dados realmente preocupantes e que colocam em risco a recuperação da economia que está em curso desde 2017. Parte desse risco é claramente precificado, explicando o porquê do Ibovespa, em reais, ter caído tanto quanto o S&P 500 em março e não ter se recuperado na mesma magnitude nos meses seguintes.
Atenuam esse risco, por outro lado, a robusta posição em reservas internacionais do país, acima de 300 bilhões de dólares, e a trajetória da taxa de juros brasileira, que barateou o custo da dívida pública.
O próprio governo vem substituindo títulos pré-fixados de longo prazo por títulos pós-fixados, diminuindo, assim, o custo de carrego da dívida no curto prazo.
O risco político/institucional
Também bastante claro, a queda da popularidade de Jair Bolsonaro, os conflitos internos em meio à crise e os escândalos em investigações que relacionam o presidente e aqueles em seu entorno, o risco político/institucional tem sido um dos principais riscos de curto prazo e que, de certa forma, acaba por afetar o risco fiscal, muito ligado à agenda reformista.
Claro, os riscos de escândalos pessoais ou de pessoas próximas, que poderiam se materializar no caso de uma delação premiada do Fabrício Queiroz, continuam na mesa e, na minha opinião, já estão sendo precificados pelo mercado.
Atenuam esse risco a aproximação recente do governo com o Centrão e a forte e fiel base eleitoral de 30% do presidente Jair Bolsonaro.
O risco inflacionário
Fechando os riscos domésticos, coloco esse como um risco menos claro, hoje, no mercado. Por isso, você deveria dar ainda mais importância.
Como todos sabemos, a forte queda na demanda e na oferta de bens e serviços por conta da pandemia está levando o mundo todo, não só o Brasil, a um quadro deflacionário de curto prazo.
No entanto, entendo que o risco de um repique da inflação no período subsequente, entre 2021 e 2022, é subestimado pelo mercado.
Em virtude da crise, vimos a coleta de preços ser prejudicada, o que polui a qualidade dos dados mais recentes. Além disso, índices que agregam a economia como um todo e não só a cesta do consumidor já mostram o impacto da depreciação do câmbio, o que pode gerar alguma pressão de repasse de preços mais adiante.
Por isso, tenho sugerido aos meus assinantes a diminuição da posição em títulos públicos indexados e pré-fixados e a compra de ações de empresas que possuam parte de suas receitas corrigidas, como as transmissoras de energia elétrica, ou com capacidade de repasse de preço.
Vamos então aos riscos globais:
Internacional
Os riscos diplomáticos, especialmente EUA vs. China
Um risco que deve manter em alta a volatilidade dos mercados ao longo do ano é a guerra comercial entre os EUA e a China, mas não só.
Em virtude da crise sanitária que surgiu na China, já é possível notar algumas retaliações no ambiente internacional que podem trazer à campo um quadro ainda mais complexo do que a, até então, relação bilateral conturbada.
Nas últimas semanas, por exemplo, líderes indianos voltaram a falar sobre sanções comerciais à China, incentivando substituição de importações do vizinho.
Vale lembrar que, apesar de não figurar entre os países desenvolvidos e potência econômica, a Índia possui a segunda maior população do mundo (perto de 1,4 bilhão de pessoas).
E mais, possui uma população mais nova do que a China, o que a coloca como um polo importante em termos de interesse econômico global nas próximas décadas.
O risco político (eleições nos EUA)
As próximas eleições norte-americanas acontecerão no final deste ano e, em função da situação conjuntural, aquele cenário do final de 2019, que sinalizava uma fácil reeleição de Trump, foi alterado substancialmente, com Joe Biden, candidato democrata, figurando como um forte adversário, à frente de Trump em várias pesquisas eleitorais.
A postura mais “gastona” dos democratas é um risco que me parece ainda pouco antecipado pelo mercado, que deu pouca moral às pesquisas mais recentes e engatou novas máximas.
O risco de retrocesso no processo de globalização (repique inflacionário).
Nos últimos 20 anos, o mundo se globalizou e se tornou muito mais interligado, o que ficou evidente com a recente crise sanitária. Os conflitos diplomáticos, no entanto, podem levar a um retrocesso no processo de globalização, que poderia trazer consigo outros riscos, como o de reversão do processo deflacionário que havia comentado.
Mesmo que modesta, uma retração do comércio internacional geraria uma pressão por substituição de importações, levando a um aumento generalizado dos preços (inflação) que, assim como no cenário doméstico, me parece um risco pouco precificado no mercado.
Pronto, agora pare e reflita. Você está preparado para o caso de estas bombas estourarem?
Aproveito para indicar a leitura do livro “30 Lições do Mercado” de Ivan Sant’Anna. Esta é uma leitura obrigatória para qualquer nível de investidor, basta clicar aqui.
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
De Trump ao dólar em queda, passando pela bolha da IA: veja como o ano de 2025 mexeu com os mercados e o que esperar de 2026
Esquenta dos mercados: Investidores ajustam posições antes do Natal; saiba o que esperar da semana na bolsa
A movimentação das bolsas na semana do Natal, uma reportagem especial sobre como pagar menos imposto com a previdência privada e mais
O dado que pode fazer a Vale (VALE3) brilhar nos próximos dez anos, eleições no Brasil e o que mais move seu bolso hoje
O mercado não está olhando para a exaustão das minas de minério de ferro — esse dado pode impulsionar o preço da commodity e os ganhos da mineradora
A Vale brilhou em 2025, mas se o alerta dessas mineradoras estiver certo, VALE3 pode ser um dos destaques da década
Se as projeções da Rio Tinto estiverem corretas, a virada da década pode começar a mostrar uma mudança estrutural no balanço entre oferta e demanda, e os preços do minério já parecem ter começado a precificar isso
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Pagar menos impostos e dividir os bens ainda em vida são algumas vantagens de organizar o patrimônio em uma holding. E não é só para os ricaços: veja os custos, as diferenças e se faz sentido para você
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade