🔴 VEM AÍ: ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE – INSCREVA-SE GRATUITAMENTE

Sobre medos e outras dores de estômago

23 de outubro de 2020
11:42 - atualizado às 18:19
Mesmo com crise nos bancos, lucro de alguns bancões sobe mais de 17%
Imagem: Shutterstock

Uma das coisas de que mais gosto aqui na Empiricus é ter a oportunidade de assistir à evolução dos nossos assinantes. É inevitável me pegar acompanhando suas histórias, principalmente daqueles mais cativos nos plantões de dúvidas. Começam tímidos, pedindo desculpa pela pergunta, e em pouco tempo já estão se libertando dos produtos ruins e caros oferecidos por aí. Falam de igual para igual com gerentes e assessores e dão até incerta nas carteiras de fundos dos parentes. Não raro desenvolvem seus próprios métodos de análise de investimentos.

Os planos também vão evoluindo. Quais são os melhores fundos para a minha reserva de emergência? Meu portfólio já está suficientemente diversificado? Planejo estudar fora, quais os fundos cambiais sugeridos? Comecei a me preocupar com o futuro, VGBL ou PGBL? Minha filha está a caminho, qual o melhor plano de previdência para ela?

Mas tem um tipo específico de pergunta que eu considero a mais difícil de responder. São aquelas sobre estômago... Quem veio com uma dessas foi a Daniella, que no último plantão mandou:

“Bom dia! Comecei o ano bem posicionada em Bolsa pois o cenário era positivo. Veio a pandemia e tudo caiu. Fundos de ações são para longo prazo. Como combinar o estômago com a visão de longo prazo? Permaneço nos fundos ou saio?”

Antes, cabe uma contextualização. A Daniella acompanha a série Os Melhores Fundos de Investimento há um bom tempo, está sempre nos plantões, o que me leva a crer que ela tem um portfólio equilibrado e diversificado entre classes de ativos e fundos, com a parcela de renda variável devidamente amparada por proteções.

Como ela bem observou, fundos de ações são para horizontes longos. Sendo assim, desempenho de curto prazo nunca será justificativa para sair de um fundo, sobretudo quando estamos diante de uma crise que afetou de forma generalizada os ativos de risco no mundo.

Leia Também

Aqui neste nobre espaço, inclusive, já trouxemos para vocês, três leitores, estudos que comprovam o quão nocivo para o patrimônio é ficar entrando e saindo de fundos, tentando acertar os períodos de melhor retorno. Na prática, esse “trade de fundos” acaba levando o investidor a comer poeira e sempre perder os ciclos de recuperação.

Voltando à pergunta da Daniella, tenho certeza de que ela já nos ouviu falar sobre essas armadilhas, o que me leva à conclusão de que o ponto fraco da nossa assinante é justamente o estômago.

Cada investidor conhece sua tolerância a risco, por isso considero essa questão muito pessoal. O que todos temos em comum é a aversão a perdas, viés comportamental que nos faz atribuir maior importância ao prejuízo do que ao ganho, e que nos induz a tomar decisões erradas na tentativa de evitar perder.

Cara Daniella, como você pode sentir no estômago, na vida real as nossas decisões acabam sendo muito menos racionais do que gostaríamos ou do que orienta o livro-texto. E nesta semana pensei em você, enquanto acompanhava uma live do Itaú com o brilhante Bruno Levacov, gestor e fundador da tradicional Atmos.

Durante a conversa, ele contou que seu fundo de ações teve ao longo dos primeiros oito anos de existência cerca de 25% do patrimônio alocado em caixa. Foi a partir de 2017 que sua equipe ficou mais otimista com o ciclo econômico e passou a aumentar gradualmente a exposição a risco ­– até porque o custo de ter dinheiro parado em caixa começou a ser alto à medida que a taxa básica de juros era reduzida.

No início de 2020, o fundo tinha exposição de praticamente 100% em ações. “Enfrentamos pela primeira vez uma crise de peito aberto, sem caixa”, ele contou. E, acredite se quiser, nem mesmo nos piores momentos deste ano Levacov e sua equipe reduziram sua exposição em ações.

A explicação: “Não tomamos nenhuma decisão de curto prazo que não fizesse sentido no longo prazo. O risco de reduzir risco naquele momento era muito alto; o de deixar de ganhar na recuperação. Seguimos igualmente expostos [obviamente, com uma carteira de ações diversificada]. A questão é que hoje você é muito bem recompensado por correr o risco de estar comprado em Bolsa”.

Faz todo o sentido, não é?

Uma das principais vantagens de se investir via fundos é justamente o fato de poder dividir um pouco da sua dor de barriga com o gestor, um profissional que deve ter a experiência necessária para tomar decisões racionais em momentos de turbulência.

Inclusive, aqui no Melhores Fundos de Investimento, uma das características que mais valorizamos nos gestores é justamente esta: o quanto ele aguenta dessa carga emocional sem deixar que ela afete negativamente suas decisões. Faz parte do nosso processo de análise observar como eles se comportaram nas últimas crises, quanto perderam nos dias mais críticos, se há uma gestão de risco consistente no pré-crise, se sua experiência o tornou mais preparado para enfrentar as crises seguintes...

Tudo isso para responder, Daniella, que se você tem um portfólio diversificado entre classes de ativos, com as devidas proteções, e se os fundos em que investe são estes aqui,  concentre seus esforços em se manter fiel a essa alocação ideal que te deixa confortável. Sobre a dor de estômago em momentos de estresse, ela é perfeitamente normal. Pode ser que alivie pensar que seus investimentos estão sendo geridos pelos melhores profissionais do mercado.

Espero ter ajudado.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O elogio que nem minha mãe me fez

25 de agosto de 2022 - 12:02

Em mercados descontados que ainda carregam grandes downside risks, ganha-se e perde-se muito no intraday, mas nada acontece no dia após dia

EXILE ON WALL STREET

Degrau por degrau: Confira a estratégia de investimento dos grandes ganhadores de dinheiro da bolsa

24 de agosto de 2022 - 13:57

Embora a ganância nos atraia para a possibilidade de ganhos rápidos e fáceis, a realidade é que quem ganha dinheiro com ações o fez degrau por degrau

EXILE ON WALL STREET

Blood bath and beyond: Entenda o banho de sangue dos mercados financeiros — e as oportunidades para o Brasil

22 de agosto de 2022 - 12:25

Michael Hartnett, do Bank of America Merrill Lynch, alerta para um possível otimismo exagerado e prematuro sobre o fim da subida da taxa básica de juro nos EUA; saiba mais

EXILE ON WALL STREET

Você está disposto a assumir riscos para atingir seus sonhos e ter retornos acima da média?

19 de agosto de 2022 - 13:50

Para Howard Marks, você não pode esperar retornos acima da média se você não fizer apostas ativas. Porém, se suas apostas ativas também estiverem erradas, seus retornos serão abaixo da média

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Qual é o mundo que nos aguarda logo à frente?

18 de agosto de 2022 - 11:45

O mercado inteiro fala de inflação, e com motivos; afinal, precisamos sobreviver aos problemas de curto prazo. Confira as lições e debates trazidos por John Keynes

EXILE ON WALL STREET

Novas energias para seu portfólio: Conheça o setor que pode impedir a Europa de congelar — e salvar sua carteira

17 de agosto de 2022 - 12:55

Para aqueles que querem apostar no segmento de energia nuclear, responsável por 10% da energia do mundo, é interessante diversificar uma pequena parcela do capital

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Está na hora de você virar um investidor qualificado

16 de agosto de 2022 - 15:03

No longo prazo, produtos de investimento qualificado podem ter uma rentabilidade média maior e permitem maior diversificação

EXILE ON WALL STREET

É melhor investir em bolsa ou em renda fixa no atual momento dos mercados financeiros?

15 de agosto de 2022 - 12:39

A resposta continuará sendo uma carteira devidamente diversificada, com proteções e sob a âncora de valuations suficientemente descontados

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Foi tudo graças à peak inflation

11 de agosto de 2022 - 11:07

Imagine dois financistas sentados em um bar. Um desses sujeitos é religioso, enquanto o outro é ateu. Eles discutem sobre a eventual existência de bull markets

EXILE ON WALL STREET

Beta, e depois alpha: Saiba por que você precisa saber analisar a temporada de balanços antes de montar sua carteira

8 de agosto de 2022 - 12:38

Depois de muito tempo de narrativas sobre juros, inflação e recessão, talvez estejamos entrando num momento em que os resultados individuais voltam a ser relevantes

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Uma ideia de research jamais poderá salvar sua alma

4 de agosto de 2022 - 11:15

Venho escrevendo relatórios de research há quase 15 anos, e ainda não aprendi uma lição: a de que não é possível alcançar consolo para os nossos lutos através da explicação

EXILE ON WALL STREET

Más notícias virando boas notícias? Saiba como queda no PIB dos EUA pode beneficiar seus investimentos

3 de agosto de 2022 - 13:14

Investidores enxergaram nesse dado ruim a possibilidade de o Fed reduzir o aperto monetário. Desde então, os índices americanos valorizaram mais de 10%. Mas será que é para ficar animado?

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dez lições de um fracassado

2 de agosto de 2022 - 13:10

Após escrever um best-seller sobre o sucesso, hoje resolvi falar sobre o fracasso. Confira uma dezena de coisas que muito possivelmente você não vai ouvir por aí

Educação formal

Por que uma certificação ainda vale muito para trabalhar no mercado financeiro

31 de julho de 2022 - 12:15

Longe de mim desmerecer o conhecimento empírico, mas ter um certificado que comprove a sua expertise ainda é fundamental no mundo dos investimentos

EXILE ON WALL STREET

O que é preciso para alcançar os melhores resultados em investimentos

29 de julho de 2022 - 12:55

Os melhores resultados não costumam vir das nossas melhores intenções, mas das melhores leituras de cenário.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Como se não bastasse, a crise hídrica nas bolsas mundiais voltou

28 de julho de 2022 - 12:30

O Ibovespa rompeu a barreira dos 100 mil pontos 8 vezes desde junho, sem sair do lugar, e os investidores estão perdendo dinheiro com tantos pregões que não levam a lugar nenhum

EXILE ON WALL STREET

Como lidar com o desconhecido? Saiba como analisar os cenários no mundo e encontrar oportunidades de investimento

27 de julho de 2022 - 12:32

Minha sugestão é a diversificação de seu portfólio de investimentos e a ampliação do seu horizonte temporal para se apropriar dos diversos prêmios de risco ao longo do tempo

EXILE ON WALL STREET

Será possível retornar à era de ouro dos grandes fundos de ações?

25 de julho de 2022 - 11:47

O jogo está estruturalmente mais difícil, por conta da maior competição, das restrições impostas pelo tamanho e pela menor assimetria de informação

EXILE ON WALL STREET

E o Oscar de melhor fundo no curto prazo vai para…

22 de julho de 2022 - 13:26

Nas crises, o investidor inteligente é aquele que sobrevive. Para isso, deve-se preferir a consistência de bons retornos à raridade de desempenhos excepcionais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Nasci 300 mil anos atrás, sou quase um bebê

21 de julho de 2022 - 11:03

Somos mais frágeis do que gostaríamos de admitir. Mas, se tomássemos em plena conta essa fragilidade, faltaria confiança para seguirmos adiante

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar