Sobre medos e outras dores de estômago
Uma das coisas de que mais gosto aqui na Empiricus é ter a oportunidade de assistir à evolução dos nossos assinantes. É inevitável me pegar acompanhando suas histórias, principalmente daqueles mais cativos nos plantões de dúvidas. Começam tímidos, pedindo desculpa pela pergunta, e em pouco tempo já estão se libertando dos produtos ruins e caros oferecidos por aí. Falam de igual para igual com gerentes e assessores e dão até incerta nas carteiras de fundos dos parentes. Não raro desenvolvem seus próprios métodos de análise de investimentos.
Os planos também vão evoluindo. Quais são os melhores fundos para a minha reserva de emergência? Meu portfólio já está suficientemente diversificado? Planejo estudar fora, quais os fundos cambiais sugeridos? Comecei a me preocupar com o futuro, VGBL ou PGBL? Minha filha está a caminho, qual o melhor plano de previdência para ela?
Mas tem um tipo específico de pergunta que eu considero a mais difícil de responder. São aquelas sobre estômago... Quem veio com uma dessas foi a Daniella, que no último plantão mandou:
“Bom dia! Comecei o ano bem posicionada em Bolsa pois o cenário era positivo. Veio a pandemia e tudo caiu. Fundos de ações são para longo prazo. Como combinar o estômago com a visão de longo prazo? Permaneço nos fundos ou saio?”
Antes, cabe uma contextualização. A Daniella acompanha a série Os Melhores Fundos de Investimento há um bom tempo, está sempre nos plantões, o que me leva a crer que ela tem um portfólio equilibrado e diversificado entre classes de ativos e fundos, com a parcela de renda variável devidamente amparada por proteções.
Como ela bem observou, fundos de ações são para horizontes longos. Sendo assim, desempenho de curto prazo nunca será justificativa para sair de um fundo, sobretudo quando estamos diante de uma crise que afetou de forma generalizada os ativos de risco no mundo.
Leia Também
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Aqui neste nobre espaço, inclusive, já trouxemos para vocês, três leitores, estudos que comprovam o quão nocivo para o patrimônio é ficar entrando e saindo de fundos, tentando acertar os períodos de melhor retorno. Na prática, esse “trade de fundos” acaba levando o investidor a comer poeira e sempre perder os ciclos de recuperação.
Voltando à pergunta da Daniella, tenho certeza de que ela já nos ouviu falar sobre essas armadilhas, o que me leva à conclusão de que o ponto fraco da nossa assinante é justamente o estômago.
Cada investidor conhece sua tolerância a risco, por isso considero essa questão muito pessoal. O que todos temos em comum é a aversão a perdas, viés comportamental que nos faz atribuir maior importância ao prejuízo do que ao ganho, e que nos induz a tomar decisões erradas na tentativa de evitar perder.
Cara Daniella, como você pode sentir no estômago, na vida real as nossas decisões acabam sendo muito menos racionais do que gostaríamos ou do que orienta o livro-texto. E nesta semana pensei em você, enquanto acompanhava uma live do Itaú com o brilhante Bruno Levacov, gestor e fundador da tradicional Atmos.
Durante a conversa, ele contou que seu fundo de ações teve ao longo dos primeiros oito anos de existência cerca de 25% do patrimônio alocado em caixa. Foi a partir de 2017 que sua equipe ficou mais otimista com o ciclo econômico e passou a aumentar gradualmente a exposição a risco – até porque o custo de ter dinheiro parado em caixa começou a ser alto à medida que a taxa básica de juros era reduzida.
No início de 2020, o fundo tinha exposição de praticamente 100% em ações. “Enfrentamos pela primeira vez uma crise de peito aberto, sem caixa”, ele contou. E, acredite se quiser, nem mesmo nos piores momentos deste ano Levacov e sua equipe reduziram sua exposição em ações.
A explicação: “Não tomamos nenhuma decisão de curto prazo que não fizesse sentido no longo prazo. O risco de reduzir risco naquele momento era muito alto; o de deixar de ganhar na recuperação. Seguimos igualmente expostos [obviamente, com uma carteira de ações diversificada]. A questão é que hoje você é muito bem recompensado por correr o risco de estar comprado em Bolsa”.
Faz todo o sentido, não é?
Uma das principais vantagens de se investir via fundos é justamente o fato de poder dividir um pouco da sua dor de barriga com o gestor, um profissional que deve ter a experiência necessária para tomar decisões racionais em momentos de turbulência.
Inclusive, aqui no Melhores Fundos de Investimento, uma das características que mais valorizamos nos gestores é justamente esta: o quanto ele aguenta dessa carga emocional sem deixar que ela afete negativamente suas decisões. Faz parte do nosso processo de análise observar como eles se comportaram nas últimas crises, quanto perderam nos dias mais críticos, se há uma gestão de risco consistente no pré-crise, se sua experiência o tornou mais preparado para enfrentar as crises seguintes...
Tudo isso para responder, Daniella, que se você tem um portfólio diversificado entre classes de ativos, com as devidas proteções, e se os fundos em que investe são estes aqui, concentre seus esforços em se manter fiel a essa alocação ideal que te deixa confortável. Sobre a dor de estômago em momentos de estresse, ela é perfeitamente normal. Pode ser que alivie pensar que seus investimentos estão sendo geridos pelos melhores profissionais do mercado.
Espero ter ajudado.
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos