🔴 ONDE INVESTIR EM NOVEMBRO: AÇÕES, DIVIDENDOS, FIIS E CRIPTOMOEDAS – CONFIRA

Porcentagem do CDI: uma âncora dos fundos de crédito e multimercados

A ancoragem é um viés cognitivo que temos ao nos basearmos ou nos apegarmos de forma intensa a uma informação quando tomamos uma decisão

14 de agosto de 2020
10:49
Imagem: Shutterstok

“Muitos fenômenos da psicologia podem ser demonstrados experimentalmente, mas poucos podem de fato ser medidos. O efeito de âncoras é uma exceção.” 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Esse trecho foi retirado do livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, de Daniel Kahneman. Apesar de dispensar apresentações para os três leitores mais assíduos desta newsletter, Kahneman é professor de Psicologia, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2002 e referência em finanças comportamentais. Na obra, ele também apresenta seus estudos e medições de como o efeito de ancoragem afeta nossas decisões e pensamentos.

A ancoragem é um viés cognitivo que temos ao nos basearmos ou nos apegarmos de forma intensa a uma informação quando tomamos uma decisão. Para ilustrar melhor, um dos exemplos citados no livro de Kahneman é um caso em que visitantes do museu Exploratorium, em São Francisco (EUA), foram informados sobre os danos ambientais causados pelos petroleiros no Oceano Pacífico. 

Depois, perguntava-se sobre sua predisposição de fazer uma contribuição anual para ajudar a salvar 50 mil aves marinhas prejudicadas até que esses vazamentos pudessem ser impedidos ou os culpados responsabilizados. A pesquisa separou os entrevistados em três grupos principais:

  1. Âncora baixa: perguntava-se se a pessoa estava disposta a doar US$ 5.
  2. Sem âncora: nenhum valor era mencionado.
  3. Âncora alta: sugeriam-se valores extravagantes, como US$ 400.

Como resultado, o primeiro grupo estava disposto a doar, em média, US$ 20. O segundo, US$ 64. E, no terceiro, a média subiu para US$ 143.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O simples fato de se mencionar um número na pergunta fez com que as pessoas estivessem dispostas a contribuir com valores completamente diferentes.

Leia Também

E o mesmo pode acontecer com expectativas de retorno de investimentos.

Considere o caso A, em que um fundo de crédito rendeu, nos últimos seis anos, o equivalente a 110% do CDI. Quanto você esperaria ganhar a partir de 2020?

Agora, pense no caso B: um fundo de crédito rendeu, em média, CDI + 1% ao ano no mesmo período e pode continuar com o mesmo retorno. Você o consideraria bom ou ruim?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os casos A e B parecem completamente diferentes, mas você já percebeu que, com um CDI de 10%, o CDI + 1% foi equivalente a 110% do benchmark?

Nos últimos seis anos, a Selic média foi de 9,5% ao ano, como você pode ver abaixo no gráfico da esquerda. Se interpretarmos que a ata do Copom deu a entender que o BC não subirá a taxa básica de juros até 2021, o fundo que conseguir manter a média passada de excesso sobre o benchmark (isto é, CDI + 1%) deve ter um retorno equivalente a 150% do CDI.

De onde vem essa média de CDI + 1% dos fundos de crédito? Do famoso spread que embute os riscos relacionados ao não pagamento (default), à qualidade das garantias e a fatores de liquidez.

De acordo com Idex-CDI, índice de debêntures criado pela JGP, o spread de crédito (linha verde) no primeiro semestre de 2019 estava bem baixo, menos de 1% ao ano. Com a crise de liquidez que começou no segundo semestre, os spreads começaram a se abrir, atingindo a marca de quase 1,5%, o que já era incomum.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com a pandemia de Covid-19, os spreads abriram ainda mais, alcançando, no pico, quase CDI + 5% ao ano. Desde então, eles se fecharam, chegando aos níveis atuais, ainda altos, de 2,6% ao ano.

É importante lembrar que um fundo de crédito não investe apenas em debêntures, existem outros ativos da categoria que servem como diversificação e como fontes alternativas de retorno que podem ser utilizadas para aumentar o resultado da carteira.

Se o fundo de crédito que rendia 110% do CDI continuar tendo um desempenho médio próximo a CDI + 1% ao ano ao longo do tempo, para onde poderá ir um multimercado que apresentava retornos entre 120% e 130% do CDI?

Provavelmente uma pergunta melhor seria: qual é o objetivo de retorno do multimercado?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao contrário do senso comum, os gestores não costumam usar a porcentagem do CDI para definir suas metas pessoais de performance, e sim o CDI + X% ao ano, sendo que “X” não é um valor inventado. Embora o processo seja mais complicado do que vou descrever, essa meta pessoal é derivada de uma medida de risco-retorno chamada índice de Sharpe.

Embora os assinantes da série Os Melhores Fundos já saibam que preferimos o índice de Sortino para análises de risco-retorno — por usar uma medida de risco mais adequada do que a volatilidade tradicional —, o Sharpe é mais simples e muito mais utilizado no mercado por ser de mais fácil interpretação.

Criado por William Sharpe, vencedor do Nobel de Economia de 1990, o índice mede a relação entre o retorno do fundo acima do seu benchmark e sua volatilidade, facilitando a comparação com outras carteiras. Portanto, quanto maior o Sharpe, mais eficiente é a estratégia. O Santo Graal desse índice ocorre quando o fundo consegue se manter acima de 1, pois, para cada unidade de risco, ele estaria entregando mais de uma unidade de retorno sobre o referencial.

Dessa forma, um gestor com volatilidade de 6%, para ter um Sharpe igual a 1, precisaria entregar CDI + 6% ao ano. É aí que a brincadeira fica séria, pois superar essa meta não é tarefa fácil. Selecionando 138 fundos multimercados com pelo menos três anos de existência e, fazendo uma média de seu Sharpe para diferentes janelas, chegamos à tabela abaixo:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apenas 20 fundos conseguiram Sharpe superior a 1 nos últimos 36 meses. Os 7 fundos que conseguiram a mesma façanha em 60 meses também fazem parte desse grupo de 20.

Se assumirmos que o Sharpe médio dos últimos 36 meses vai se manter constante, a tabela abaixo simula quais seriam os retornos para fundos de diferentes volatilidades:

Se assumirmos que o Sharpe médio dos últimos 36 meses vai se manter constante, a tabela abaixo simula quais seriam os retornos para fundos de diferentes volatilidades:

Um retorno de CDI + 3,25% ao ano, que é o esperado para esse Sharpe com uma volatilidade de 6%, já é bom. Nos últimos três anos, os multimercados sugeridos na série Os Melhores Fundos de Investimento tiveram volatilidade média de 5,9% com Sharpe de 0,69, chegando à média de CDI + 4,07% ao ano, o que é ainda melhor. No entanto, não há garantia de que isso continue acontecendo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Minha intenção não é criar uma nova ancoragem, meu único objetivo é mostrar que os alfas gerados por essas classes não necessariamente foram impactados da forma como você pode estar imaginando.

Enquanto números representam o passado e o que já aconteceu — e não o que teria acontecido —, os gestores responsáveis por essas estratégias estão vivendo um momento único em 2020.

Novas oportunidades lucrativas no mercado de crédito podem surgir, alguns multimercados vão se aventurar em novas classes de ativo ou regiões, outros verão necessidade de aumentar sua volatilidade. Provavelmente, muitos deles vão explorar cada vez mais estratégias quantitativas, seja como auxílio no acompanhamento do mercado, seja na gestão em si, como é o caso dos fundos sistemáticos.

De todas as mudanças possíveis nessas classes, esperamos uma delas com muita ansiedade. Além do risco de criar um efeito de ancoragem, é muito estranho abrir um e-mail que mostra o retorno dos fundos em % do CDI e a carta da gestora só falar em excesso do benchmark.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Gestores, quem será o primeiro a divulgar as lâminas em CDI +?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje

10 de novembro de 2025 - 7:55

Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados

TRILHAS DE CARREIRA

Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas

9 de novembro de 2025 - 8:00

Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje

7 de novembro de 2025 - 8:14

Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde

SEXTOU COM O RUY

Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis

7 de novembro de 2025 - 7:03

Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR

6 de novembro de 2025 - 8:03

BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil

FII DO MÊS

É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar

6 de novembro de 2025 - 6:03

Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje

5 de novembro de 2025 - 8:04

Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje

4 de novembro de 2025 - 7:50

O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação

4 de novembro de 2025 - 7:10

Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998

3 de novembro de 2025 - 22:11

Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.

DÉCIMO ANDAR

Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários

2 de novembro de 2025 - 8:00

Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje

31 de outubro de 2025 - 7:58

A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi

SEXTOU COM O RUY

Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado

31 de outubro de 2025 - 6:07

A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje

30 de outubro de 2025 - 7:34

A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas

29 de outubro de 2025 - 20:00

Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje

29 de outubro de 2025 - 8:10

Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje

28 de outubro de 2025 - 7:50

A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul

28 de outubro de 2025 - 7:31

Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje

27 de outubro de 2025 - 8:09

Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo

24 de outubro de 2025 - 8:03

Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar