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A percepção dos gestores com quem temos conversado é de que o investidor pessoa física, que supera os 2,5 milhões na Bolsa, é menos sensível ao valuation das companhias e mais atento a empresas com boas histórias para contar

7 de agosto de 2020
10:44
Desmatamento desflorestamento
Imagem: Shutterstock

Há mais de duas décadas o Pantone Color Institute elege sua “cor do ano”, uma espécie de aposta da consultoria americana na tonalidade que ditará tendência. Para 2020, por exemplo, a escolha foi o “Classic Blue”.

Desde que descobri isso, desenvolvi uma mania boba de observar, com o passar dos meses, como a cor eleita vai sorrateiramente dominando o universo do design, da moda, da decoração... até que, inconscientemente, você estará pintando uma parede no tom celeste com a convicção de que a escolha foi sua. Até que deve combinar com o vaso Rosa Millennial e Rose Gold que foi presente de aniversário no ano passado. Ou com aquela cadeira amarela comprada em 2018 que você não aguenta mais olhar.

A julgar pelo noticiário econômico das últimas semanas, a cor do momento é o verde: a agenda de investimentos sustentáveis definitivamente foi promovida ao mainstream. A sigla ESG (de melhores práticas ambientais, sociais e de governança) está em todos os sites, jornais e em dez entre dez cartas de gestão. Na caixa de e-mail do Melhores Fundos de Investimento também é nítido o interesse de nossos assinantes por alternativas para alocar capital em empresas responsáveis e seguidoras de boas práticas.

O tema se consolida na esteira de outras tendências recentes neste momento de pandemia, que reforçou as preocupações com questões climáticas e sociais. A grande diferença aqui é que não estamos falando de um modismo. Trata-se de um caminho sem volta, o de considerar no processo de análise de investimento fatores como a sustentabilidade das empresas e seus impactos na sociedade em que está inserida.

Ficou muito abstrato? Papo de abraçar árvore? Serei mais direta: estou falando de busca por maiores retornos e por minimizar riscos nos seus investimentos.

Antes, vamos desvendar a sigla ESG, que vem do inglês “Environmental, Social and Governance”. Nós, brasileiros, estamos mais familiarizados com o G de governança, frente ao tratamento desigual muitas vezes dado ao acionista minoritário e aos escândalos de corrupção que atingiram conselhos de empresas na história recente. Já a questão ambiental talvez traga à memoria o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, no ano passado. Bom, imagino que aqui já ficou clara a relevância desses temas, certo?

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Por fim, o quesito social tem ganhado mais atenção em meio às desigualdades expostas pela crise do coronavírus. Com a pandemia, o investidor tem pensando no papel das empresas e na sua responsabilidade em mitigar os impactos sociais.

O ESG nasceu na Europa nos anos 2000, mas foi popularizado mais recentemente pelo CEO da BlackRock, Larry Fink, em suas cartas anuais. A filosofia diz respeito a um modo de se fazer negócios que valorize todas as partes interessadas, como consumidores, funcionários, fornecedores, o meio ambiente e as comunidades onde estão inseridas. Para dar um exemplo prático, a maior gestora de investimentos do mundo decidiu neste ano banir de suas carteiras empresas da indústria de carvão.

Mas como isso se traduz em rendimento para o investidor? Melhores práticas ambientais, sociais e de governança estão associadas a negócios sólidos, duradouros, de menor custo de capital e maior resiliência contra riscos associados. Uma empresa que reduz riscos com multas ambientais e indenizações trabalhistas no fim do dia também está protegendo o patrimônio do investidor. Desconsiderar essas questões tem potencial de destruir valor para a companhia.

Vários estudos associam boas práticas a melhores retornos financeiros. Quem me falou mais sobre isso foi o sócio-gestor da Fama, Fabio Alperowitch, que é referência na indústria de gestão brasileira quando o tema é ESG. Ele adota os critérios ambientais, de governança e sustentabilidade há quase três décadas ­— antes mesmo de a sigla existir. Fábio citou o estudo do professor Robert Eccles, de Harvard, que mostra que as empresas que seguem a orientação ESG têm melhor desempenho operacional (veja em detalhes aqui).

A percepção dos gestores com quem temos conversado é de que o investidor pessoa física, que supera os 2,5 milhões na Bolsa, é menos sensível ao valuation das companhias e mais atento a empresas com boas histórias para contar. Ele não quer se associar a nomes cujas políticas e imagem não condizem com seus princípios.

Nesse sentido, empresas que sejam transparentes sobre impactos climáticos, respeitem seus parceiros e acionistas e se posicionem a favor da diversidade de gênero e igualdade racial terão um resultado positivo visível no preço de seus papéis.

“Petrobras há alguns anos seria uma escolha óbvia para o investidor pessoa física que está chegando à Bolsa. E é um papel que está barato. Mas talvez tenha que continuar barato mesmo, dado o impacto ambiental e o modelo de negócio da empresa pensando nos próximos cinco ou dez anos”, considera André Vainer, gestor da Athena.

Hoje a indústria de gestão de recursos está debruçada em formas de implementar os critérios de ESG nos portfólios, e nós aqui da série Os Melhores Fundos de Investimento estamos acompanhado essas iniciativas bem de perto. Gestores têm criado filtros de exclusão e estabelecido critérios para determinar quais companhias são investíveis ou não, mas ainda há um longo caminho pela frente. Também há dúvidas sobre se as regras limitarão demasiadamente um universo de investimento que já é bastante restrito.

Eu não poderia encerrar esta newsletter sem mencionar o risco do oportunismo comercial, ou “greenwashing”, que seria algo como passar uma demão de verde nas empresas. Não adianta uma empresa construir uma vila sustentável se faz uso de práticas desleais com seus parceiros. O risco, segundo Fábio, da Fama Investimentos, é que se construa uma narrativa ESG para justificar um investimento ou um produto para satisfazer uma demanda do mercado.  

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