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É só uma lembrancinha de Natal

Alguns diriam que 2020 é um ano para ser esquecido. Outros afirmariam que deve ser lembrado. Estou no segundo time.

16 de dezembro de 2020
11:26 - atualizado às 19:15
podcast Ibovespa
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Este é minha última coluna de 2020. Não quero, com isso, passar a impressão de que o ano já acabou para mim. Passaria longe da minha visão.

O ambiente internacional parece oferecer uma espécie de alinhamento dos astros para o curto prazo, com prognóstico de mais compra de ativos pelo Fed, início da vacinação, Brexit com possível acordo, PMIs acima das projeções.

Em paralelo, bancos e corretoras atualizam recomendações e preços-alvo para Ibovespa e ações em 2021, o que tem sido um importante trigger para certos papéis. Não precisa ir longe. Ontem mesmo, tivemos o BofAML causando um estrago em Cosan e Rumo — algo que pode se repetir hoje com documento do UBS; Itaú BBA trazendo um preço-alvo surpreendente para BPAC11 (achei um pouco puxado 20 vezes receita no BTG Pactual Digital, mas… quem sou eu na fila do pão?); Morgan Stanley apontando Lojas Americanas como sua top pick no setor junto com Mercado Livre e disparando uma alta de 7% para os papéis, que estavam na bacia das almas; Itaú BBA e Bradesco BBI iniciando cobertura de Méliuz e promovendo uma alta de quase 10% das ações; e por aí vai. A sensibilidade aos relatórios do sell side está grande e pode trazer umas porradinhas surpreendentes ainda neste ano.

Além disso, em tempos de baixa liquidez entre o Natal e o Ano-Novo, há sempre espaço para as famigeradas “puxetas” para salvar a cota anual. “No creo en brujas, pero que las hay, las hay.” Um outro ditado serve ainda melhor para o momento, mas invertido: antes mal acompanhado do que só. Veja o que os gestores mais maldosos estão comprando. Essas são as candidatas óbvias para uma esticadinha além da conta aos 45 minutos do segundo tempo de 2020. Arrisco algumas aqui: Natura, Eneva, Jereissati, Cosan.

Não há nenhum clima de fim de festa neste meu último texto do ano. É apenas uma questão objetiva. Como de costume, amanhã estará a cargo do Rodolfo. Na sexta, a turma dos Melhores Fundos, cuja carteira teórica muito me orgulha ao inspirar o melhor FoF de alocação geral de todo mercado em 2020, assumed. Na semana que vem, iniciamos uma série de “Perspectivas para 2021”. Alê escreve sobre os fundos imobiliários no ano que vem; Max fala das microcaps; Sergio, dos dividendos; Henrique aponta seu turnaround favorito. E por aí vai. Você entendeu. 

Vai ser uma sequência muito bacana. Tenho certeza. Confesso que se presta também a preencher uma questão pragmática. Saio para longas férias de três dias — 28, 29 e 30 de dezembro. E está mais do que bom. É sempre Day One. Ele não pode parar. Por isso, a equipe assume em meu nome.

Aproveito este texto, portanto, para desejar de coração Boas Festas aos três leitores. É uma honra — e também uma grande responsabilidade — estar à frente disso aqui. Tudo o que se faz na Empiricus é por vocês e para vocês.

Alguns diriam que 2020 é um ano para ser esquecido. Outros afirmariam que deve ser lembrado. Estou no segundo time. Não com uma perspectiva rancorosa ou dolorida, como se o ano deixasse máculas e cicatrizes insuperáveis. Apenas como um ensinamento importante para a frente. As crises e os momentos difíceis servem para aprendermos a errar. E não é isso que significa “experiência”?

Talvez a principal herança para o ano pudesse ser uma percepção concreta e material de que os black swans são mesmo decisivos e acontecem com frequência e intensidade superior àquela imaginada pelas nossas cabeças lineares. Importam mais os riscos desconhecidos e não mapeados, as curvas exponenciais, a complexidade advinda da interação entre agentes. Faltou lago para tanto cisne, como resumiu um brilhante banqueiro.

Ou quem sabe poderia ter sido a demonstração substantiva de que até os maiores gênios podem ter resultados ruins, que não necessariamente representam erros ou falta de inteligência, num ambiente de muita incerteza e aleatoriedade. Ray Dalio caiu 20%, o Renaissance teve seu primeiro ano negativo da história, Warren Buffett vendeu aéreas poucas semanas antes de um rali de 60%. A queda de março foi absolutamente sem precedentes, um evento “seis-sigma”, talvez sete. Mas a alta posterior foi igualmente surpreendente. Como resumiu a turma do Jim Simons, “estivemos under hedged até março e over hedged nos meses seguintes”. E o pior: essa parecia, naquele momento (com viés de retrospectiva não vale!), uma atitude prudente. Importam mais históricos longos, consistências de vários anos, comparações entre o quanto se cai num ano ruim e o quanto se sobe em um ano bom e, claro, método, equipe, filosofia.

Alternativamente, poderíamos argumentar que 2020 foi a prova inequívoca de capacidade de reação dos bancos centrais e dos Tesouros nacionais. A maior crise desde 1929 durou dois meses para o mercado de capitais. Era algo impensável ex-ante. E se não pode cair porque os BCs vão salvar, então deve subir, oras.

Em termos mais tangíveis para o investidor, o período fica marcado pelo fim estrutural do paraíso do CDI, pela necessidade de penetrar ativos de risco, com destaque para as ações, e de internacionalizar sua carteira. Isso é uma verdadeira revolução, que não tem volta.

Uma última possibilidade seria sacramentar o fim do investimento em fundos sem cash e do pagamento de corretagem — coisas do século passado, lá de 2019. Tudo é válido.

Eu, porém, prefiro olhar para 2020 com outros olhos. As questões políticas, econômicas e financeiras são muito importantes, claro. Mas há algo neste ano que me parece maior do que tudo isso: a necessidade de empatia. A capacidade de se colocar no lugar do outro, projetar-se com os problemas e os anseios dele, sem impor-lhe seus desejos ou sua visão de mundo.

O isolamento social é o afastamento físico do outro. E como isso faz falta, não? As relações humanas de proximidade foram uma ausência presente neste 2020. Ficou, ao menos para mim, muito clara nossa dependência do outro para uma vida mais rica, em seu sentido amplo. E se você depende do relacionamento com o outro, não seria razoável desejar que ele esteja bem, compartilhando experiências e sensações construtivas? 

Essa pode ser uma proposta individual, mas é curioso que ela também se estenda para o escopo corporativo e até mesmo dos investimentos. Não é um papo politicamente correto, para, do dia para noite, vestir uma capa falsa das letrinhas bonitas “ESG” e sair bem na capa da revista. É uma agenda de negócios.

Somente a obsessão pelo cliente faz as empresas prosperarem de verdade no longo prazo. E o que é a obsessão pelo cliente, colocá-lo de fato no centro, senão a efetiva capacidade de observação do mundo a partir dos olhos dele? Você não vai conseguir, pragmaticamente, atender seu cliente se olhar para ele com a sua perspectiva, Somente quando se coloca, de fato, na posição do cliente, com a interpretação dele, demonstrando real empatia, é que se “chega lá”.

Não dá mais para empurrar produto de margem gorda somente para bater meta anual. Acabou este mundo. Ou você pensa com a cabeça do cliente, ou já era. Não tem nem mais corretagem, como vai haver esses COEs que estão por aí (fique claro: o problema não é o produto em si, que poderia ser ótimo, mas as taxas altas e a falta de transparência sobre elas), os PICs e os títulos de capitalização? Como você vai conseguir atrair fluxo para um fundo de investimento sem cashback se o vizinho está oferecendo ele mais barato? O que manda em commodity é preço, nada mais.

Também do ponto de vista do investimento a empatia pode ser a nossa grande lembrança de 2020. Se todos nós levarmos à frente a boa educação financeira, todos vão investir melhor. O mercado de capitais como um todo prospera. O efeito riqueza aumenta o patrimônio das famílias. As empresas se financiam mais barato, geram mais empregos, crescem mais e retornam para você em forma de mais dividendo ou ganho de capital.

Esta é a lembrança de Natal que eu gostaria de guardar para mim e para você. Do meu lado, faço um compromisso em nome da Empiricus e, me permito dizer, também em nome da Vitreo, pois confesso pensar com a cabeça da Universa, já que é ela quem pode realmente transformar ainda mais o mercado em favor da pessoa física, de tentar me colocar, verdadeiramente, na sua posição. Nós só conseguiremos sobrepujar o que está por aí e chegar onde queremos se pudermos entender e atender você.

Espero que as suas festas de final de ano sejam carregadas de empatia, mesmo que os encontros sejam virtuais. O amor, a coisa mais valiosa do mundo, também sabe se logar no Zoom. 

Lá em casa, acho que é o primeiro Natal em que minha mãe não está ansiosa e aflita. Ela sempre foi muito preocupada em deixar tudo perfeito — e, para ela, é perfeito mesmo, não tem uma poeira nos cantos, nenhum móvel fora do lugar — para a ceia. E sempre morreu de medo de o papai dar vexame depois de tomar uns goles, como se aquela garrafa de Black & White fosse Guaraná Antarctica — um temor que, aliás, se mostrou muito bem fundamentado em dois ou três anos. 

Depois, a preocupação perfeccionista continuou, mas ela foi misturada com saudade e tristeza pela ausência do papai. A cadeira dele continuou vazia.

Este ano a ceia vai ser lá em casa. Eu e a Gabi estamos preparando tudo. Mamãe está mais calma. E parece ter superado, dentro do possível, claro, o lance da ausência do papai. Ele também é uma ausência presente, para sempre. Mas a mamãe está feliz agora. Está de namorado novo, algo inédito pra ela. 

Estou muito feliz por ela. Vamos passar todos juntos o Natal. Ele, o Armando, namorado dela, está convidado, claro. Gosto dele, faz bem pra ela. Mas quem senta na ponta da mesa sou eu. Nem vem. Porque tem limite até pra minha empatia, né? 

Desejo a todos vocês boas festas. Muito obrigado por mais um ano, pela confiança e pela empatia. Vocês são a nossa razão de existir.

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