🔴 ONDE INVESTIR 2º SEMESTRE – QUAIS AS RECOMENDAÇÕES PARA CRIPTOMOEDAS E FUNDOS IMOBILIÁRIOS? ASSISTA AQUI

E por falar em Ray Dalio…

Se há uma pluralidade muito grande de resultados possíveis a depender de como os formuladores de política econômica vão reagir, precisamos responder com mais diversificação, entre geografias e entre economias

18 de fevereiro de 2020
12:16
ray dalio
Perfil de Ray Dalio no site da Forbes - Imagem: Shutterstock

Na semana passada, pude conversar com Wayne Dahl, chefe global de risco da Oaktree. Publiquei o papo no meu Instagram. Foi uma lição interessante sobre gerenciamento de risco e momento das economias mundiais. Se Wayne não lhe é conhecido, saiba que ele é o braço direito de Bruce Karsh, um dos fundadores da Oaktree, na gestão do Global Credit. E se ainda não bastar para estimular seu interesse, veja-o como um dos executivos mais próximos de Howard Marks, apelidado de “guru de Warren Buffett”. Eu sei, é meio cafona, mas é também um baita argumento de autoridade.

Duas coisas me chamaram a atenção na conversa. A primeira delas ligada ao considerado maior risco para os mercados no momento: o grande nível de dívida deixado pelas políticas expansionistas dos últimos anos, diante de um estágio bastante avançado do ciclo de crescimento norte-americano, o mais longevo de toda história. As políticas expansionistas geram um efeito positivo de curto prazo sobre as economias e os mercados, mas a dívida fica para o longo prazo. O quanto estamos sacrificando o futuro em troca de um pequeno prazer momentâneo, como se estivéssemos embriagados pelo álcool?

Em seu mais recente livro, Malcolm Gladwell relata os efeitos do álcool no organismo e rebate o argumento clássico de que “in vino veritas”, ou seja, de que a substância seria um catalisador para revelar a verdade. O álcool seria, sim, um amplificador da mensuração dos efeitos de curtíssimo prazo, em detrimento da apuração adequada das consequências de longo — ele pode, inclusive, aumentar seu grau de responsabilidade e rigidez, se os efeitos de curto prazo a isso estiveram interligados, contrariando a intuição e a versão arquetípica de maior relaxamento e irresponsabilidade. Bom, mas essa é apenas uma curiosidade. Voltemos à questão central.

O primeiro ponto leva ao segundo quase por construção lógica, sintetizado numa frase repetida frequentemente por Howard Marks como uma mantra na Oaktree: é preciso avançar, mas com cautela. Isso se reflete pragmaticamente na postura mais conservadora da Oaktree no momento. A gestora ainda mantém posições em ativos de risco, entendendo que devemos “continuar avançando”, mas com cautela, dado o estágio avançado do ciclo das economias desenvolvidas e o nível elevado de dívida deixado pelas políticas expansionistas dos últimos anos.

Tenho pensado bastante sobre a questão desde essa conversa. A verdade é que sempre procuro aprender algo em cada uma dessas interações — no mercado financeiro, no momento em que você achar que “chegou lá”, seja financeira ou intelectualmente, você morreu. É uma lei física. A gestão de recursos, próprios ou de terceiros, é uma constante travessia. Não existe chegar lá. As coisas mesmo vão sempre mudando, com antíteses se sobrepondo a teses, numa caminhada dialética tal como proposto por Heráclito. É impossível pular duas vezes no mesmo rio. A água corre sempre antes da gente.

A pergunta a ser respondida, para mim, é a seguinte: como reconciliar os estágios do ciclo aqui e lá fora? Em outras palavras, se, como eu, você estuda os ciclos (sejam eles das economias, dos mercados, de crédito, dos lucros corporativos ou psicológicos) e acredita que eles sejam determinantes para seus investimentos, possivelmente percebeu uma dicotomia clara entre, de um lado, o estágio avançado das economias e dos mercados globais; e, de outro, a fase inicial do ciclo da economia brasileira. Como essas duas coisas conversam entre si? Ou, o que deve predominar para os próximos meses e anos: o provável cansaço natural da senilidade do ciclo internacional ou o vigor da juventude do ciclo brasileiro?

Leia Também

Não é uma questão fácil, claro. Se fosse, estaríamos multibilionários. Aliás, só há uma classe de pessoas que acha essas questões fáceis: os comentaristas e os jornalistas. Para eles, tudo é óbvio — depois que aconteceu, evidentemente. Eles mesmos não ganharam dinheiro explorando o evento, mas estão prontos para achar tudo óbvio depois. Como resumiu muito bem Bernardinho no nosso evento de fim de ano, “eu demorei dois anos para entender nossa derrota para a Rússia, mas os comentaristas entenderam tudinho em 15 minutos”.

Apesar das dificuldades, fui encontrar uma possível resposta em uma apresentação da Bridgewater de dezembro de 2019, batizada “Paradigm Shifts and Investment Implications”. Uma ressalva: não faço os comentários a seguir como um “defecador de sapiência”, o maravilhoso eufemismo de Contardo Calligaris para “cagador de regra”. Apenas apresento possíveis implicações, mais como provocações ao pensamento do que propriamente como antevisão de futuro, que, como sabemos, pertence aos charlatões. Repare na imagem abaixo:

Antes de pularmos às conclusões, alguns comentários. Há pressões seculares contribuindo para fraco crescimento e baixa inflação nos países desenvolvidos, entre as quais destacam-se a demografia e a tecnologia. As dívidas são enormes e os conflitos geopolíticos, bem como as tensões sociais, estão aumentando.

Isso, nas palavras da Bridgewater, requer um novo paradigma de política econômica. Qual deve ser a cara dessa mudança? Basicamente, é o que se tem chamado de “Fase 3 da Política Monetária”. A primeira etapa seria caracterizada pela redução das taxas de juro, induzindo aumento de consumo e investimento, sobretudo privados. A segunda foi aquela em que, depois de zerados os juros, entramos com o “quantitative easing”, ou seja, a impressão de moeda para injeção de liquidez no sistema. E a terceira seria justamente uma coordenação de ações de política monetária e fiscal simultâneas, com impressão de moeda para gasto público direto.

Volte à imagem acima e note como, a partir desse ponto, podemos ter resultados bem diferentes. Se a política fiscal for usada de maneira inteligente, podemos ter uma retomada do crescimento e a capacidade de evitar uma armadilha de liquidez. Caso contrário, podemos entrar numa espécie de “japonização mundial”, em que ficamos patinando com crescimento e inflação muito baixas, mesmo diante de política monetária bastante frouxa. 

Da imagem acima, eu infiro duas coisas (cheguei a escrever “inferem-se duas coisas”, mas não seria preciso; não há aqui espaço para uma voz passiva, como se as inferências fossem derivações lógicas, sem a interferência do olhar do observador; troquei para a voz ativa e a primeira pessoa deliberadamente, para transmitir a exata visão de que essa se trata da minha interpretação sobre as coisas):

1 — Se há uma pluralidade muito grande de resultados possíveis a depender de como os formuladores de política econômica vão reagir, precisamos responder com mais diversificação, entre geografias e entre economias. Tenho insistido fortemente nessa proposição desde o fim do ano passado. Não poderia haver momento melhor para, em parceria com a Vitreo e a Itajubá, estarmos levando acesso ao All Weather Portfolio, da Bridgewater, do Ray Dalio.

2 — Talvez haja uma nuance importante no desenho acima. A linha para baixo, embora negativa, claro, não representa necessariamente uma ruptura. Não há choque abrupto para o campo negativo. Se for mesmo o caso, caminharíamos lentamente para um processo de “japonização”, de desaceleração gradativa do crescimento, em que as forças seculares de tecnologia e de perda do bônus demográfico trariam um cenário moroso e talvez adverso, mas sem explosão. Em sendo verdade, talvez o ciclo doméstico iniciante pudesse se sobrepor à senilidade do ciclo externo. Possivelmente, a metáfora de Luiz Alves Paes de Barros possa funcionar: a locomotiva brasileira, sempre entre os últimos vagões, atrasada no ciclo, conseguiria ainda subir a montanha-russa, enquanto os demais já estariam na fase do declínio.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O elogio que nem minha mãe me fez

25 de agosto de 2022 - 12:02

Em mercados descontados que ainda carregam grandes downside risks, ganha-se e perde-se muito no intraday, mas nada acontece no dia após dia

EXILE ON WALL STREET

Degrau por degrau: Confira a estratégia de investimento dos grandes ganhadores de dinheiro da bolsa

24 de agosto de 2022 - 13:57

Embora a ganância nos atraia para a possibilidade de ganhos rápidos e fáceis, a realidade é que quem ganha dinheiro com ações o fez degrau por degrau

EXILE ON WALL STREET

Blood bath and beyond: Entenda o banho de sangue dos mercados financeiros — e as oportunidades para o Brasil

22 de agosto de 2022 - 12:25

Michael Hartnett, do Bank of America Merrill Lynch, alerta para um possível otimismo exagerado e prematuro sobre o fim da subida da taxa básica de juro nos EUA; saiba mais

EXILE ON WALL STREET

Você está disposto a assumir riscos para atingir seus sonhos e ter retornos acima da média?

19 de agosto de 2022 - 13:50

Para Howard Marks, você não pode esperar retornos acima da média se você não fizer apostas ativas. Porém, se suas apostas ativas também estiverem erradas, seus retornos serão abaixo da média

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Qual é o mundo que nos aguarda logo à frente?

18 de agosto de 2022 - 11:45

O mercado inteiro fala de inflação, e com motivos; afinal, precisamos sobreviver aos problemas de curto prazo. Confira as lições e debates trazidos por John Keynes

EXILE ON WALL STREET

Novas energias para seu portfólio: Conheça o setor que pode impedir a Europa de congelar — e salvar sua carteira

17 de agosto de 2022 - 12:55

Para aqueles que querem apostar no segmento de energia nuclear, responsável por 10% da energia do mundo, é interessante diversificar uma pequena parcela do capital

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Está na hora de você virar um investidor qualificado

16 de agosto de 2022 - 15:03

No longo prazo, produtos de investimento qualificado podem ter uma rentabilidade média maior e permitem maior diversificação

EXILE ON WALL STREET

É melhor investir em bolsa ou em renda fixa no atual momento dos mercados financeiros?

15 de agosto de 2022 - 12:39

A resposta continuará sendo uma carteira devidamente diversificada, com proteções e sob a âncora de valuations suficientemente descontados

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Foi tudo graças à peak inflation

11 de agosto de 2022 - 11:07

Imagine dois financistas sentados em um bar. Um desses sujeitos é religioso, enquanto o outro é ateu. Eles discutem sobre a eventual existência de bull markets

EXILE ON WALL STREET

Beta, e depois alpha: Saiba por que você precisa saber analisar a temporada de balanços antes de montar sua carteira

8 de agosto de 2022 - 12:38

Depois de muito tempo de narrativas sobre juros, inflação e recessão, talvez estejamos entrando num momento em que os resultados individuais voltam a ser relevantes

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Uma ideia de research jamais poderá salvar sua alma

4 de agosto de 2022 - 11:15

Venho escrevendo relatórios de research há quase 15 anos, e ainda não aprendi uma lição: a de que não é possível alcançar consolo para os nossos lutos através da explicação

EXILE ON WALL STREET

Más notícias virando boas notícias? Saiba como queda no PIB dos EUA pode beneficiar seus investimentos

3 de agosto de 2022 - 13:14

Investidores enxergaram nesse dado ruim a possibilidade de o Fed reduzir o aperto monetário. Desde então, os índices americanos valorizaram mais de 10%. Mas será que é para ficar animado?

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dez lições de um fracassado

2 de agosto de 2022 - 13:10

Após escrever um best-seller sobre o sucesso, hoje resolvi falar sobre o fracasso. Confira uma dezena de coisas que muito possivelmente você não vai ouvir por aí

Educação formal

Por que uma certificação ainda vale muito para trabalhar no mercado financeiro

31 de julho de 2022 - 12:15

Longe de mim desmerecer o conhecimento empírico, mas ter um certificado que comprove a sua expertise ainda é fundamental no mundo dos investimentos

EXILE ON WALL STREET

O que é preciso para alcançar os melhores resultados em investimentos

29 de julho de 2022 - 12:55

Os melhores resultados não costumam vir das nossas melhores intenções, mas das melhores leituras de cenário.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Como se não bastasse, a crise hídrica nas bolsas mundiais voltou

28 de julho de 2022 - 12:30

O Ibovespa rompeu a barreira dos 100 mil pontos 8 vezes desde junho, sem sair do lugar, e os investidores estão perdendo dinheiro com tantos pregões que não levam a lugar nenhum

EXILE ON WALL STREET

Como lidar com o desconhecido? Saiba como analisar os cenários no mundo e encontrar oportunidades de investimento

27 de julho de 2022 - 12:32

Minha sugestão é a diversificação de seu portfólio de investimentos e a ampliação do seu horizonte temporal para se apropriar dos diversos prêmios de risco ao longo do tempo

EXILE ON WALL STREET

Será possível retornar à era de ouro dos grandes fundos de ações?

25 de julho de 2022 - 11:47

O jogo está estruturalmente mais difícil, por conta da maior competição, das restrições impostas pelo tamanho e pela menor assimetria de informação

EXILE ON WALL STREET

E o Oscar de melhor fundo no curto prazo vai para…

22 de julho de 2022 - 13:26

Nas crises, o investidor inteligente é aquele que sobrevive. Para isso, deve-se preferir a consistência de bons retornos à raridade de desempenhos excepcionais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Nasci 300 mil anos atrás, sou quase um bebê

21 de julho de 2022 - 11:03

Somos mais frágeis do que gostaríamos de admitir. Mas, se tomássemos em plena conta essa fragilidade, faltaria confiança para seguirmos adiante

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar