A coisa mais importante é…
Persigo uma coisa, obstinadamente: levar ao investidor pessoa física ideias para aplicar seu dinheiro tão boas ou até melhores do que aquelas anteriormente restritas aos profissionais
Como talvez o leitor mais treinado possa ter percebido, o título de hoje é uma cópia do livro homônimo de Howard Marks: “The most important thing” — e a cópia, como sabemos, é a maior das homenagens. A obra foi pessimamente traduzida para o português como “De zero a cem — 20 lições para investir nos mercados financeiros”. Vale a leitura. Alerta: não confundir com os genéricos “Do zero ao milhão” ou “Do mil ao milhão”.
Howard Marks tem um vício de linguagem, admitido por ele mesmo: “Quando me reúno com clientes, atuais e potenciais, me ouço dizendo repetidamente: ‘O mais importante é X’. Dez minutos mais tarde, afirmo: ‘O mais importante é Y’. Depois vem o Z. E assim por diante”. De repente, sem perceber, temos 20 coisas mais importantes.
Eu carrego a mesma mania. Hoje, porém, juro que quero falar sobre “a coisa mais importante” — pelo menos dos próximos dez minutos, claro. Aquela parada meio Titãs: "A melhor banda de todos os tempos da última semana”.
A história começa assim…
Quando eu trabalhava em banco de investimento, saía todos os dias depois das 20h. Se você fosse embora antes do William Bonner aparecer na tela da TV para anunciar o Jornal Nacional, a turma toda da mesa se levantava para aplaudi-lo, numa tentativa pública de constrangimento. Bicho, antes das mesas de pingue-pongue no escritório, do cartão roxo e da geração mimimi, trabalhando para os “cowboys do mercado”, eu, escraviário, me sentia treinado pelo Capitão Nascimento — e a verdade é que não mata ninguém, viu?
Sempre achei aquilo um tanto ridículo, claro. Tanto sair depois das 20h, quanto o aplauso. Embora o trabalho em banco possa assumir, por vezes, ritmo frenético e exaustivo, a verdade é que boa parte da galera, para não ser constrangida por sair cedo, mata um tempão do período da tarde em cafezinhos, em encontros externos de trabalho com clientes (na verdade, aulas com o personal trainer, jogos de tênis com os amigos ou horários no salão de beleza) ou em reuniões altamente improdutivas com duração de três horas. Na Empiricus , instituímos que as reuniões não podem passar de uma hora; não há reunião produtiva além disso, de modo que algumas delas fazemos em pé. Se há reuniões mais longevas na sua empresa, investigue se isso não se dá por narrativas diletantes fora do tema e tentativas individuais de autopromoção, sem o devido foco.
Hoje, procuro sair cedo. Sou o primeiro a chegar (embora isso tenha piorado agora que o São Luís foi para o Ibirapuera) e um dos primeiros a sair também — o que não quer dizer que desligue depois disso. Vida pessoal e profissional se confundem para quem, por forças aleatórias e pelo mero transcorrer do curso da história, se transfigurou no “Felipe Miranda da Empiricus”. Dada a impossível dissociação até em âmbito semântico, estou ligado ao trabalho, mesmo que por laços não físicos e geográficos, até a hora de dormir. Do escritório, porém, dificilmente saio depois das 17h.
Ontem, foi exceção. Fiquei umas 12 horas por aqui, contrariando um de meus princípios. Mais interessante, eu não queria sair de jeito nenhum, diante de um entusiasmo juvenil que me tomou de assalto.
Explico.
Leia Também
De Volta para o Futuro 2026: previsões, apostas e prováveis surpresas na economia, na bolsa e no dólar
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
Ontem, José Galló, o mais que chairman da Lojas Renner (a verdade é que me faltam palavras para apresentá-lo, como se precisasse), esteve aqui para um bate-papo. A conversa vai ao ar resumida na sexta-feira, às 18h, no programa que apresento no Canal MyNews e depois será publicada na íntegra em nossas redes sociais.
Como era de se esperar, foi uma aula de empreendedorismo, varejo e, ainda mais importante, sobre a vida. Fora o orgulho de descobrir que ele assina e acompanha a Empiricus, algo em particular me tocou de sua fala: “Felipe, em todos esses anos, a geração de valor ao acionista da Renner não mudou. Continua o mesmo princípio. O que mudou foi a forma de encantar o cliente. Essa é a coisa mais importante: como você encanta seu cliente”.
No fundo, é só e tudo isso, sabe? Essa é a questão a ser perseguida.
Noutro dia, almocei com um dos principais gestores brasileiros de ações, alguém que admiro há mais de década como investidor e também empreendedor. Preservo sua identidade só por não saber se ele mesmo se sente à vontade com a publicidade, dado seu perfil discreto. Ele sintetizou a coisa de uma forma brilhante: “Foque na geração de valor para seu cliente. É isso que traz valor pro equity a longo prazo”.
A XP só se tornou a XP porque o cliente dela está em situação muito melhor do que estava dentro dos bancos. Há os problemas e os conflitos, claro — e sempre haverá, porque o mundo real não é feito da platonizada perfeição, ainda que isso seja de difícil admissão pelos nossos gurus de autoajuda (halo effect: uma crítica pontual não contamina o geral). Mas, no fim do dia, gerou (e gera) valor para o cliente. Ponto final.
A Magazine Luiza se tornou a referência de e-commerce justamente porque gera valor para o cliente, na experiência de compra e na logística. Há algo mais especial nesse caso, porque gera valor para o lojista também — e vai gerar cada vez mais agora com concessão de crédito.
A Natura voltou a ser queridinha do buy side local e buscou valuations maiores porque vai gerar valor sobretudo na logística de Avon, que era péssima, ao integrar as operações. Ao estourar o guidance de sinergias e fazer margem de Avon convergir para Natura no momento em que consultora parar de promocionar muito porque resolveu logística e problema de estoque, o mercado vai levar pro preço cada vez mais.
De todos os livros que li sobre empreendedorismo e administração de empresas, meu favorito é o do Phil Rosenzweig. Em “Halo Effect”, há em todo momento uma espécie de fio condutor, que busca responder à pergunta: “O que define a alta performance empresarial?”.
Ele cita uns duzentos estudos diferentes sobre o tema, passando por cases de Harvard, Fortune, Jim Collins e outros gurus incontestáveis — todos eles, na verdade, cheios de furos. Julgamos as companhias pelos seus resultados, em vez de irmos na raiz de suas variáveis explicativas. Se uma empresa vai bem, ela tem um bom líder, sólida cultura e pessoas engajadas. Ora, será que não seria o contrário: as pessoas estão engajadas porque a empresa vai bem e elas estão bem remuneradas e vendo um futuro brilhante para si mesmas?
A esta altura, estou convencido de que a alta performance empresarial está umbilicalmente ligada à capacidade sistemática de gerar valor para o cliente e encantá-lo. Portanto, se você procura ações de empresas vencedoras no longo prazo, tente identificar aquelas com essa característica. Se a Disney lhe passou pela cabeça, acho que você está no caminho certo.
Em seu livro, Phil Rosenzweig procura resumir a performance empresarial em duas coisas basicamente: estratégia e execução. Estratégia seria, em síntese, aquilo que você faz diferente de seus rivais. Nada além disso. Ou, em outras palavras, alinhadas ao que estamos falando aqui, qual é a sua — e de mais ninguém — proposta de valor ao cliente? E a execução seria a maneira com que você persegue na prática a estratégia, com critérios objetivos e, se possível, mensuráveis.
Se você é um analista ou investidor com abordagem bottom-up, essas questões precisam estar, dia e noite, na sua cabeça.
Não poderia encerrar de maneira diferente: qual é a proposta de valor da Empiricus? O que fazemos de diferente do resto para gerar valor aos nossos clientes/assinantes?
Persigo uma coisa, obstinadamente: levar ao investidor pessoa física ideias para aplicar seu dinheiro tão boas ou até melhores do que aquelas anteriormente restritas aos profissionais, de forma não conflitada e feita pela melhor e mais completa equipe de especialistas do Brasil.
Podemos ter vários e vários defeitos, como, de fato, temos. Cometemos e cometeremos muitos erros. Mas, no geral e com grande folga, aqueles que assinaram nosso conteúdo estão em situação muito melhor do que aqueles que não assinaram. Os resultados mostram que geramos consistentemente valor para nossos assinantes. Pode até ter sido sorte, mas aconteceu: geração tangível de valor. Ponto final.
Como empreendedor, é isso — e nada além disso — que me faz dormir tranquilo.
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Pagar menos impostos e dividir os bens ainda em vida são algumas vantagens de organizar o patrimônio em uma holding. E não é só para os ricaços: veja os custos, as diferenças e se faz sentido para você
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário