IPOs fora do eixo Rio-SP trazem diversificação e revelam ao investidor Brasil além dos grandes centros
Das 25 empresas que entraram na bolsa em 2020, oito são de estados diferentes de Rio e SP; há mais empresas na fila para entrar na bolsa em 2021

Quando o IPO do Grupo Mateus veio a publico levantando R$ 4,6 bilhões, o Sudeste — que concentra o mercado de capitais — pouco ou nada sabia a respeito da gigante varejista com sede em São Luís, no Maranhão. Não foi o único movimento na bolsa recebido com surpresa por gente da Faria Lima neste ano.
Em 2020, outras sete empresas fora do eixo Rio-SP abriram capital na B3. Em comum, parte dessas companhias tem forte cultura corporativa e grande penetração regional, mas por muito tempo cresceram fora do campo de visão de grandes gestores — e principalmente do pequeno investidor.
O próximo ano promete ser de continuidade desse movimento, mas em parte. Enquanto neste ano a região que apareceu com mais recorrência foi o Nordeste, em 2021 o Sul surgirá de forma mais expressiva, a depender da fila de IPOs na CVM. Já o Norte não apareceu na bolsa neste ano e deve ficar de fora também nos próximos 12 meses.
Mercado em mudança
A chegada de empresas fora do eixo é uma consequência natural da expansão do mercado de capitais em um país de dimensões continentais.
Para o gestor de ações da Infinity Asset, Victor Hasegawa, o movimento é também resultado de uma busca feita por bancos de investimento por companhias que não estavam nas carteiras das grandes instituições — que até pouco tempo dominavam o sistema financeiro.
Neste ano foram 25 IPOs na B3. À primeira vista, o número pode tornar as sete ofertas regionais irrelevantes, mas, segundo a responsável pela área de análise de ações da Mauá Capital, Carolina Ujikawa, o movimento é significativo tendo em conta a concentração econômica do país no Sudeste — a região representa mais de 50% do PIB do Brasil.
Leia Também
A economista diz ver as empresas fora do eixo Rio-SP com pouca concorrência além das capitais. Segundo Ujikawa, parte da equipe da Mauá visitou a Lojas Quero Quero, do Sul, e ficou impressionada com a atuação da empresa em cidades com cerca de 10 mil habitantes.
Para ela, empresas como a Quero Quero ainda são favorecidas pelo o que ela vê como uma tendência de valorização de companhias que conhecem os hábitos dos consumidores e que cultivam uma proximidade com os clientes.
"Há muitas diferenças culturais entre regiões do país. Esse é um conhecimento que a companhia de fora pode não ter em um primeiro momento."
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEResponsável pela área de análise de ações da Mauá Capital, Carolina Ujikawa.
O responsável pela área de mercado de capitais da XP Investimentos, Vitor Saraiva, acrescenta que a expansão regional do mercado de capitais representa um avanço da diversificação setorial na bolsa — ainda carente de ativos, diz. "As economias dos diferentes estados têm as suas fortalezas, setores que por alguma razão são mais proeminentes".
Hasegawa, da Infinity, segue a mesma linha de raciocínio que Saraiva e exemplifica com o efeito que o auxílio emergencial teria sobre o país. O impacto na economia do Nordeste, diz ele, seria maior do que na do Sudeste, por exemplo. "Já no setor imobiliário, você correria menos riscos com uma carteira cujo desempenho não estivesse associado só aos lançamentos do Sul do país".
Ainda assim, o especialista destaca justamente empresas regionais com atuação ligada ao mercado imobiliário como uma boa aposta, por conta do conhecido déficit habitacional do país e dos juros baixos — que têm tornado o financiamento de imóveis mais barato.
Além da Quero Quero, de varejo de materiais de construção, outras duas empresas ligadas ao setor imobiliário fora do eixo abriram capital neste ano: a construtora recifense Moura Dubeux e a incorporadora porto-alegrense Melnick Even.
Desafios, riscos e projeções
Os juros caíram ainda mais no Brasil e nas economias desenvolvidas neste ano por causa da pandemia de covid-19. As restrições impostas pela doença são justamente os principais desafios para gestores investirem em empresas fora da região Sudeste, segundo Ujikawa, da Mauá.
"Quando a gente faz uma análise fundamentalista, a gente lida com o detalhe. É importante visitar a empresa e conhecer sua gestão de perto", diz a economista. "Eu diria que os desafios existem mais por causa da pandemia, não pelo perfil das empresas".
Ujikawa lembra que tem sido comum empresas abrirem capital sem terem um fundo de private equity (que investe em participações em empresas) como acionista. A chegada de um grande investidor quando o capital da companhia ainda é fechado costuma impor um maior padrão de governança, embora sua ausência não signifique uma baixa qualidade corporativa.
Hasegawa diz ver entre as regionais algumas empresas que são "muito familiares" até chegarem a bolsa e menos profissionalizadas, cujos donos ainda não estariam acostumados a terem outros sócios.
Aliás, o gestor da Infinity e os outros profissionais do mercado financeiro falam em uma continuidade do movimento de abertura de capital fora do eixo visto em 2020.
A XP chega a projetar 50 IPOs em todo o país no próximo ano — há por enquanto 43 empresas oficialmente na fila da CVM, sendo 15 além do eixo Rio-SP. Para a corretora, o total de ofertas de ações deve chegar a 80 em 2021, movimentando até R$ 150 bilhões.
Neste ano, foram ao menos R$ 69,2 bilhões em ofertas de ações, sendo R$ 13,8 bilhões em IPOs — ou 25 operações do tipo. O saldo na bolsa é de 434 empresas no total com ações negociadas — 115 fora do eixo Rio-SP.
As empresas fora do eixo em 2020
Moura Dubeux
- Sede: Recife (PE)
- Atuação: mercado imobiliário com foco no Nordeste
- Quanto captou: R$ 1,25 bilhão
- Desempenho desde o IPO: ↓39,51% (MDNE3)
Aeris
- Sede: Caucaia (CE)
- Atuação: fabricação de pás eólicas
- Quanto captou: R$ 1,13 bilhão
- Desempenho desde o IPO: ↑48,62% (AERI3)
Pague Menos
- Sede: Fortaleza (CE)
- Atuação: Varejo de produtos farmacêuticos
- Quanto captou: R$ 746,9 milhões
- Desempenho desde o IPO: ↓16,12% (PGMN3)
Grupo Mateus
- Sede: São Luís (MA)
- Atuação: varejo no segmento super, hiper e atacado
- Quanto captou: R$ 4,6 bilhões
- Desempenho desde o IPO: ↓6,94% (GMAT3)
Méliuz
- Sede: Belo Horizonte (MG)
- Atuação: oferta de cupons de desconto
- Quanto captou: R$ 583,4 milhões
- Desempenho desde o IPO: ↑63,10% (CASH3)
Neogrid
- Sede: Joinville (SC)
- Atuação: digital, soluções para gestão da cadeia de suprimentos
- Quanto captou: R$ 486 milhões
- Desempenho desde o IPO: ↑42,21% (NGRD3)
Lojas Quero Quero
- Sede: Santo Cristo (RS)
- Atuação: varejo de materiais de construção
- Quanto captou: R$ 1,95 bilhão.
- Desempenho desde o IPO: ↑18,76% (LJQQ3)
Melnick Even
- Sede: Porto Alegre (RS)
- Atuação: mercado imobiliário gaúcho
- Quanto captou: R$ 713,6 milhões
- Desempenho desde o IPO: ↓9,58% (MELK3)
Na fila do IPO, além de Rio e SP
- Jalles Machado, produtora e exportadora de açúcar orgânico, de Goianésia (GO);
- Boa Safra Sementes, produtora de sementes de soja, milho e feijão, de Formosa (GO);
- W2W, e-commerce de vinho, de Serra (ES);
- Emccamp Residencial, construtora de Belo Horizonte (MG);
- Canopus Holding, construtora de Belo Horizonte (MG);
- Urba, loteadora subsidiária de MRV, de Belo Horizonte (MG);
- CSN Mineração, subsidiária da CSN, de Congonhas (MG);
- Nissei, rede de farmácias de Curitiba (PR);
- BBM, serviço de logística de São José dos Pinhais (PR);
- Guararapes Painéis, fabricante de produtos de madeira, de Caçador (SC);
- Intelbras, de produtos e soluções em segurança, redes e telecomunicações, de São José (SC);
- Grupo Cortel, funerária de Porto Alegre (RS);
- CFL, incorporadora de Porto Alegre (RS);
- Oleoplan, de energias renováveis, de Porto Alegre (RS);
BB Seguridade (BBSE3) lidera ranking de melhores pagadoras de dividendos, mas ação cai no ano; demais campeãs se valorizaram até 90%
Com exceção da seguradora do Banco do Brasil, todas as demais ações do top 10 se valorizaram no ano; duas construtoras de baixa renda figuram na lista
Ouro renova (de novo) as máximas históricas na véspera da decisão do Fed sobre juros dos EUA
A queda dos juros dos Treasurys e do dólar no exterior, assim como o clima de cautela em mercados acionários, contribuem para os ganhos do ouro hoje
Confiança em xeque: mercado de capitais brasileiro recebe nota medíocre em pesquisa da CVM e especialistas acendem alerta
Percepção de impunidade, conflitos de interesse e falhas de supervisão reforçam a desconfiança de investidores e profissionais no mercado financeiro brasileiro
Prio (PRIO3) sobe no Ibovespa após receber licença final para a instalação dos poços de Wahoo
A petroleira projeta que o início da produção na Bacia do Espírito Santo será entre março e abril de 2026
Dólar vai abaixo dos R$ 5,30 e Ibovespa renova máximas (de novo) na expectativa pela ‘tesoura mágica’ de Jerome Powell
Com um corte de juros nos EUA amplamente esperado para amanhã, o dólar fechou o dia na menor cotação desde junho de 2024, a R$ 5,2981. Já o Ibovespa teve o terceiro recorde dos últimos quatro pregões, a 144.061,64 pontos
FII BRCO11 aluga imóvel para M. Dias Branco (MDIA3) e reduz vacância
O valor da nova locação representa um aumento de 12% em relação ao contrato anterior; veja quanto vai pingar na conta dos cotistas do BRCO11
TRXF11 vai às compras mais uma vez e adiciona à carteira imóvel locado ao Assaí; confira os detalhes
Esse não é o primeiro ativo alugado à empresa que o FII adiciona à carteira; em junho, o fundo já havia abocanhado um galpão ocupado pelo Assaí
Ouro vs. bitcoin: afinal, qual dos dois ativos é a melhor reserva de valor em momentos de turbulência econômica?
Ambos vêm renovando recordes nos últimos dois anos à medida que as incertezas no cenário econômico internacional crescem e o mercado busca uma maneira de se proteger
Do Japão às small caps dos EUA: BlackRock lança 29 novos ETFs globais para investir em reais
Novos fundos dão acesso a setores, países e estratégias internacionais sem a necessidade de investir diretamente no exterior
Até onde vai o fundo do poço da Braskem (BRKM5), e o que esperar dos mercados nesta semana
Semana começa com prévia do PIB e tem Super Quarta, além de expectativa de reação dos EUA após condenação de Bolsonaro
Rio Bravo: “Momento é de entrada em fundos imobiliários de tijolo, não de saída”
Anita Scal, sócia e diretora de Investimentos Imobiliários da empresa, afirma que a perspectiva de um ciclo de queda da taxa de juros no Brasil deve levar as cotas dos fundos a se valorizarem
TRXF11 abocanha galpão locado pelo Mercado Livre (MELI34) — e quem vai ver o dinheiro cair na conta são os cotistas de um outro FII
Apesar da transação, a estimativa de distribuição de dividendos do TRXF11 até o fim do ano permanece no mesmo patamar
Ação da Cosan (CSAN3) ainda não conseguiu conquistar os tubarões da Faria Lima. O que impede os gestores de apostarem na holding de Rubens Ometto?
Levantamento da Empiricus Research revela que boa parte do mercado ainda permanece cautelosa em relação ao futuro da Cosan; entenda a visão
LinkedIn em polvorosa com Itaú, e o que esperar dos mercados nesta sexta-feira (12)
Após STF decidir condenar Bolsonaro, aumentam os temores de que Donald Trump volte a aplicar sanções contra o país
Ibovespa para uns, Tesouro IPCA+ para outros: por que a Previ vendeu R$ 7 bilhões em ações em ano de rali na bolsa
Fundo de pensão do BB trocou ações de empresas por títulos públicos em nova estratégia para reforço de caixa
TRBL11 recebe R$ 6 milhões em acordo por imóvel que é alvo de impasse com os Correios — agora o FII está de olho na disputa judicial contra a estatal
Segundo o gestor da Rio Bravo, o acordo “é apenas o começo” e, agora, o fundo imobiliário busca cobrar os Correios e voltar a ocupar o galpão com um novo inquilino
Banco do Brasil (BBAS3) supera a Vale (VALE3) em um quesito na bolsa; saiba qual
Os dados são de um levantamento mensal do DataWise+, parceria entre a B3 e a Neoway
Fundo imobiliário MFII11 mira novo projeto residencial na zona leste de São Paulo; veja os detalhes
O FII vem chamando atenção por sua estratégia focada em empreendimentos residenciais ligados ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
Ibovespa renova máxima histórica e dólar vai ao menor nível desde julho de 2024 após dados de inflação nos EUA; Wall Street também festeja
Números de inflação e de emprego divulgados nesta quinta-feira (11) nos EUA consolidam a visão do mercado de que o Fed iniciará o ciclo de afrouxamento monetário na reunião da próxima semana; por aqui, há chances de queda da Selic
Fundo imobiliário do BTG quer vender cinco imóveis por mais de R$ 830 milhões — e já tem destino certo para o dinheiro
Criado especialmente para adquirir galpões da Log Commercial Properties (LOGG3), o BTLC11 comprou os ativos em 2023, e agora deseja gerar valor aos cotistas