Ibovespa ignora medidas do BC e do Fed e opera em queda firme; dólar sobe a R$ 5,12
Em meio ao avanço do coronavírus pelo Brasil e pelo mundo, o Ibovespa opera novamente em queda, sem se animar com as medidas do BC e do Fed
O estresse com o coronavírus continua mexendo com o Ibovespa. O índice brasileiro até tentou ficar no zero a zero logo depois da abertura, ainda analisando as iniciativas recém anunciadas pelo Banco Central e pelo Federal Reserve (Fed), mas, em pouco tempo, cedeu à aversão ao risco e se firmou no campo negativo.
Por volta de 15h05, o Ibovespa operava em queda de 5,02%, aos 63.678,99 pontos. Lá fora, tanto as bolsas da Europa quanto os mercados acionários dos Estados Unidos aparecem no vermelho — o Dow Jones (-3,33%), o S&P 500 (-3,13%) e o Nasdaq (-1,03%) caem em bloco.
No câmbio, o dólar à vista até chegou a recuar 0,42% mais cedo, encostando na marca dos R$ 5,00. Mas, em pouco tempo, a moeda americana voltou a ganhar força e, no momento, já sobe 2,01%, a R$ 5,1279.
- Eu gravei um vídeo para comentar a nova onda de pessimismo que atinge o Ibovespa e as bolsas globais. Veja abaixo:
O surto global de coronavírus continua trazendo enorme pessimismo aos investidores. A doença segue avançando em ritmo preocupante pelo mundo, colocando diversos países em quarentena e forçando as pessoas a ficarem em casa — um cenário que, obviamente, afeta fortemente a economia global.
No mundo todo, já são mais de 15 mil mortes e 350 mil ocorrências confirmadas, de acordo com levantamento feito pela universidade John Hopkins, nos EUA — no Brasil, eram 25 óbitos e 1.546 casos até domingo. A situação é particularmente preocupante na Itália, que já tem mais de 5 mil casos fatais associados ao coronavírus.
Por aqui, medidas mais drásticas começaram a ser tomadas por parte de diversos governos estaduais. Em São Paulo, foi decretada quarentena por 15 dias, o que obriga todos os comércios não-essenciais a fecharem as portas durante esse período — uma medida que foi replicada por muitos Estados, em maior ou menor escala.
E a postura displicente do governo federal em meio à crise do coronavírus também é motivo de estresse para os investidores domésticos. O presidente Jair Bolsonaro tem batido de frente com os governadores e assumido um discurso de que o surto de coronavírus não é grave, o que deteriora ainda mais o cenário político do país.
Nesta manhã, o governo publicou uma MP que permite a suspensão do contrato de trabalho por quatro meses, uma medida que foi criticada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E, nesse ambiente político belicoso, cresce o temor de que os efeitos negativos do surto de coronavírus para a sociedade e a economia serão ainda maiores.
BCs agem, mas...
Pacotes anunciados mais cedo pelos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos até afastaram parcialmente o sentimento negativo do mercado, mas sem forças para sustentar uma recuperação das bolsas.
Por aqui, o BC anunciou a redução temporária da alíquota do compulsório sobre recursos a prazo, de 25% para 17% — segundo a autoridade monetária, a mudança deve liberar R$ 68 bilhões ao sistema financeiro a partir da semana que vem.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ira expandir os programas de empréstimos, de modo a dar maior sustentação à economia. A instituição vai comprar US$ 375 bilhões em Treausires e mais US$ 250 bilhões em outros títulos, somente nesta semana.
Tais medidas vão na mesma direção, tentando contornar a queda na atividade e a redução na liquidez — a ideia é tentar amenizar ao máximo os impactos negativos da crise do coronavírus. Mas, em meio ao avanço do coronavírus pelo mundo e a falta de perspectiva em relação à retomada da vida normal, a leitura é a de que a economia global será severamente impactada.
Juros curtos em queda
Em meio ao pessimismo e às projeções de desaceleração abrupta na economia, os investidores voltam a apostar num novo corte da Selic como ferramenta para estimular a atividade doméstica.
Assim, as curvas de juros de curto prazo operam em baixa nesta segunda-feira, enquanto os DIs mais longos avançam, prevendo uma elevação na Selic após o choque inicial do coronavírus:
- Janeiro/2021: de 3,96% para 3,75%;
- Janeiro/2022: de 5,61% para 5,57%;
- Janeiro/2023: de 6,92% para 7,15%;
- Janeiro/2025: de 8,25% para 8,60%.
Altas e baixas
Veja abaixo as maiores altas do Ibovespa às 13h00:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
WEGE3 | Weg ON | 35,70 | +10,37% |
MRFG3 | Marfrig ON | 7,61 | +7,03% |
SUZB3 | Suzano ON | 28,27 | +3,21% |
YDUQ3 | Yduqs ON | 23,11 | +3,17% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | 115,87 | +3,12% |
Confira também as maiores baixas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
HGTX3 | Cia Hering ON | 11,33 | -16,07% |
LREN3 | Lojas Renner ON | 29,71 | -13,66% |
NTCO3 | Natura ON | 21,84 | -13,23% |
UGPA3 | Ultrapar ON | 10,73 | -12,98% |
RENT3 | Localiza ON | 24,01 | -12,85% |
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