Lançada no começo do ano para empacotar em um único produto as recomendações de investimento do banco, a família de fundos Carteira Itaú atingiu no fim de agosto a marca de R$ 10 bilhões em patrimônio líquido e pouco mais de 92 mil cotistas.
Além de permitir ao investidor a compra de toda a carteira recomendada "com um clique" sem precisar se preocupar em mudar as posições mês a mês, o fundo ainda traz agilidade para a equipe do banco fazer mudanças rápidas na alocação quando encontrar alguma oportunidade de mercado.
O rápido crescimento confirma a tendência de busca dos investidores por opções de investimento com rentabilidade diferenciada em meio ao cenário de juros na mínimas históricas. “O investidor amadureceu e está aceitando assumir mais riscos”, me disse Claudio Sanches, diretor de produtos de investimentos e previdência do Itaú.
Voltado ao público com perfil arrojado — a classificação do banco se divide em conservador, moderado, arrojado e agressivo —, o produto está acessível em toda a rede do banco, com aplicação a partir de R$ 1,00 e taxa de administração de 0,90% (máxima de 1,50%).
Além da versão tradicional, que já conta com 68 mil cotistas, a carteira tem opções de previdência (PGBL e VGBL), que contavam com 12.500 cotistas em julho.
Teste na estreia
A Carteira Itaú passou por um duro teste logo depois na estreia com o choque nos mercados provocado pela pandemia do coronavírus. No fatídico mês de março, o fundo amargou uma perda de 7,4%.
Mas o investidor que apostou no produto desde o início não tem do que reclamar. Mesmo com o tombo na crise, o fundo acumula retorno de 4,39% no ano, mais que o dobro do 1,96% do CDI até agosto.
Dentro da estratégia de plataforma aberta adotada desde 2017, a Carteira Itaú investe tanto em produtos do banco como de terceiros.
O que ajudou no desempenho, tanto para evitar perdas ainda maiores no pior momento do mercado como na rápida recuperação, foram as posições em ativos internacionais, segundo o diretor do Itaú.
Pelas restrições da regulação da CVM, o fundo pode manter até 20% dos recursos aplicados no exterior. Para atender à demanda do público que desejava uma exposição maior em ativos lá fora, o banco criou uma versão internacional da carteira, voltado ao chamado investidor qualificado — que possui pelo menos R$ 1 milhão para investir. Mesmo com as restrições, o produto atraiu até o momento 11.500 investidores.
No atual ritmo de crescimento, os fundos podem dobrar de tamanho e alcançar até R$ 20 bilhões no fim deste ano, segundo Sanches. “Não temos meta de captação por produtos, mas esse é um número factível.”
O Itaú ainda avalia criar carteiras para investidores com outros perfis de risco. “Mas precisamos encontrar uma equação de custo que não prejudique o cliente”, afirmou Sanches.
A recomendação para o cliente mais conservador hoje é combinar o investimento no fundo com uma parcela de títulos públicos pós-fixados (Tesouro Selic) para reduzir o risco.
Com a proliferação das opções de investimento nas prateleiras das corretoras e agora também dos bancos, Sanches enxerga soluções como a Carteira Itaú como uma tendência para esse mercado. “Mas não é simples de fazer, nós acertamos agora depois de bastante tempo testando.”
As plataformas de investimento também oferecem o investimento em carteiras recomendadas por especialistas. A Pi, ligada ao Santander, foi uma das primeiras a lançar produtos do tipo, e a Vitreo registrou um forte crescimento com base em produtos baseados em indicações feitas pela casa de análise independente Empiricus.