Ibovespa pega carona no salto do petróleo e fecha em alta, mas segue abaixo dos 70 mil pontos
Após um início de sessão bastante ruim, o Ibovespa ganhou força e fechou em alta, impulsionado pela forte alta do petróleo. O dólar à vista caiu ao nível de R$ 5,10
Logo após a abertura do pregão desta quinta-feira (19), parecia que teríamos mais um dia daqueles na bolsa brasileira. O Ibovespa começou a sessão em baixa e, em questão de minutos, chegou a cair mais de 7%, aproximando-se dos 60 mil pontos. Eu, aqui da minha casa, já comecei a escrever algumas linhas sobre mais um circuit breaker.
Pois, veja só: ao fim do dia, o Ibovespa marcava 68.331,80 pontos, em alta de 2,15%. Um ganho pouco expressivo perto das perdas volumosas dos últimos dias, com certeza. Mas, perto do caos que se desenhava durante a manhã, o desempenho de hoje do Ibovespa parece um rali estrondoso.
Sendo assim, cabem duas perguntas: o que fez a bolsa brasileira abrir o dia com o humor tão pesado? O que aconteceu para acalmar os ânimos dos investidores?
Bem, antes de respondermos essas questões, é preciso dar um panorama dos mercados globais nesta quinta-feira. Em linhas gerais, o surto de coronavírus continua como principal fator de influência para as negociações no mundo — e a aversão ao risco ainda é soberana.
Dado o rápido avanço do coronavírus pelo mundo e as medidas de isolamento adotadas por diversos países, muitos analistas já consideram inevitável um forte impacto na economia global em 2020.
Mas, considerando as fortes baixas nos mercados acionários globais nos últimos dias, alguns investidores aproveitaram para aumentar a posição em bolsa lá fora — afinal, depois de toda a correção, muitas ações ficaram com níveis de preço bastante atrativos.
Leia Também
Tanto é que, durante a manhã, as bolsas da Europa e os índices acionários dos Estados Unidos já mostravam um certo viés positivo. O Ibovespa, por outro lado, ia na contramão, com os dois pés no campo negativo.
E por que a bolsa brasileira não conseguia acompanhar esse movimento global de alívio? A resposta está aqui dentro — mais precisamente, em Brasília.
- Eu gravei um vídeo comentando esse comportamento dissonante do Ibovespa na primeira metade do pregão. Veja abaixo:
Turbulência doméstica
Apesar do tom menos negativo dos mercados mundiais nesta quinta-feira, o noticiário doméstico apareceu como fator de instabilidade para os ativos locais. Por aqui, o clima cada vez mais deteriorado em Brasília contribuiu para pressionar a bolsa e elevar a aversão ao risco.
Por mais que o governo tenha anunciado diversas medidas de apoio à economia, especialmente às famílias e empresas mais vulneráveis, há a nítida impressão de que o presidente Jair Bolsonaro e o restante da classe política estão em pé de guerra.
Os incentivos por parte de Bolsonaro às manifestações do último domingo (15), quando já havia a recomendação para que as pessoas evitassem aglomerações, causou enorme mal estar em Brasília. E, com o avanço do coronavírus pelo país, também começam a aparecer focos de insatisfação com a conduta do presidente entre a população.
Na terça (17) e na quarta-feira (18), foram realizados 'panelaços' em diversas cidades brasileiras, em protesto contra Bolsonaro. E, dado o clima tenso no front político, o mercado fica cada vez mais receoso quanto à condução da economia e à continuidade das reformas.
E, na noite de ontem, um novo foco doméstico de tensão emergiu: o atrito diplomático entre Brasil e China após o deputado Eduardo Bolsonaro atribuir o surto de coronavírus à omissão do governo chinês — declarações que foram prontamente rebatidas pelo embaixador do país asiático e geraram uma nova leva de reações contrárias ao governo.
Assim, a tensão local se sobrepunha ao alívio externo. Esse quadro só mudou com uma notícia vinda dos Estados Unidos e que gerou uma forte reação no mercado de commodities.
Recuperação do petróleo
No início da tarde, o Departamento de Energia dos EUA anunciou a compra de 30 milhões de barris de petróleo, de modo a ampliar seus estoques neste período de incertezas por causa do surto de coronavírus. A decisão, obviamente, implica num aumento súbito da demanda pela commodity — o que provocou um salto nos preços.
Logo após a revelação da compra, a cotação do petróleo passou a subir forte. Ao fim da sessão, o WTI avaçava 24,39%, enquanto o Brent tinha ganho de 14,43% — ambos, no entanto, continuam abaixo da linha dos US$ 30 por barril.
De qualquer maneira, o salto da commodity foi suficiente para embalar as ações da Petrobras: os papéis ON (PETR3) fecharam em forte alta de 12,67%, enquanto os PNs (PETR4) avançaram 8,15% — desempenhos que deram impulso ao Ibovespa e se sobrepuseram às preocupações com o cenário político.
Novo corte
Por fim, os investidores ainda repercutim hoje o novo corte na taxa Selic, de 0,5 ponto, para 3,75% ao ano. A decisão do Copom gerou controvérsia no mercado — alguns analistas gostaram da postura do BC, enquanto outros viam a necessidade de reduções mais bruscas.
A própria autoridade monetária se mostrou bastante cautelosa, dizendo ver o nível atual da Selic como adequado, mas sem se fechar à possibilidade de novos cortes, caso necessário — e, de fato, há quem aposte em mais baixas nas próximas reuniões.
Fato é que, ao cortar a Selic em 0,5 ponto, o Copom acompanhou o movimento global de alívio monetário, mas não na mesma magnitude que o Federal Reserve, que reduziu as taxas em 1,5 ponto ao longo de março. Assim, o diferencial de juros entre os países está ligeiramente maior do que no mês passado, o que ajuda a tirar pressão do câmbio.
Como resultado, o dólar à vista passou o dia no campo negativo, terminando a sessão em queda de 1,80%, a R$ 5,1023. Além do fator Selic, também exerceu influência sobre a moeda americana a promoção de novos leilões e atuações por parte do BC no mercado de câmbio.
No mercado de juros futuros, o dia foi de forte volatilidade. As curvas mais curtas abriram em alta firme, mas fecharam em baixa; as mais longas reduziram os ganhos ao longo da sessão, mas ainda terminaram com oscilações positivas. Veja abaixo o comportamento dos principais DIs:
- Janeiro/2021: de 3,99% para 3,93%;
- Janeiro/2022: de 5,81% para 5,77%;
- Janeiro/2023: de 7,03% para 7,04%;
- Janeiro/2025: de 8,02% para 8,07%.
Altas e baixas
Além das ações da Petrobras, destaque também para os papéis das companhias aéreas na ponta positiva do Ibovespa: Azul PN (AZUL4) disparou 17,20% e Gol PN (GOLL4) avançou 12,32%, aproveitando o tom de maior calmaria e reagindo às iniciativas anunciadas pelo governo para ajudar o setor em meio à queda na demanda por voos:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| JBSS3 | JBS ON | 20,00 | +18,69% |
| RAIL3 | Rumo ON | 18,00 | +17,49% |
| MULT3 | Multiplan ON | 19,98 | +16,16% |
| AZUL3 | Azul PN | 11,97 | +15,65% |
| LREN3 | Lojas Renner ON | 36,80 | +15,00% |
Confira também as maiores baixas do índice:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| SMLS3 | Smiles ON | 9,02 | -12,43% |
| ELET3 | Eletrobras ON | 17,40 | -10,86% |
| ELET6 | Eletrobras PNB | 19,41 | -9,13% |
| BBSE3 | BB Seguridade ON | 24,47 | -8,86% |
| CIEL3 | Cielo ON | 4,65 | -8,64% |
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026
Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos
A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano
Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda
Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais
A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII
Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje
Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje
O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA
De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor
Brasil dispara na frente: Morgan Stanley vê só dois emergentes com fôlego em 2026 — saiba qual outro país conquistou os analistas
Entenda por que esses dois emergentes se destacam na corrida global e onde estão as maiores oportunidades de investimentos globais em 2026
FII Pátria Log (HGLG11) abocanha cinco galpões, com inquilinos como O Boticário e Track & Field, e engorda receita mensal
Segundo o fundo, os ativos adquiridos contam com características que podem favorecer a valorização futura
