A cautela finalmente pesou e fez o Ibovespa cair — mas nada que mude o otimismo estrutural
Após sete sessões em alta, o Ibovespa cedeu a um movimento e correção e terminou o dia com perdas moderadas, inferiores a 1% — o dólar também ficou na defensiva e fechou em alta. E boa parte dessa cautela se deve à expectativa em relação à decisão de juros do Fed, prevista para amanhã.
Pode parecer estranho, mas o Ibovespa terminou uma sessão no campo negativo. Pois é: depois de sete altas consecutivas — uma sequência que não era vista em mais de dois anos — o índice finalmente perdeu fôlego e fechou em queda, algo que não acontecia desde o longínquo 28 de maio. E o que essa mudança de ares quer dizer?
Bem... não muita coisa. Em primeiro lugar, porque as perdas foram pouco relevantes perto dos ganhos de mais de 11% acumulados em junho até último pregão: o Ibovespa terminou o dia em queda de 0,92%, aos 96.746,55 pontos — portanto, tivemos apenas uma ligeira realização dos lucros recentes.
Em segundo lugar, porque essa cautela se deve mais à expectativa em relação aos eventos previstos para amanhã do que por causa de alguma novidade indesejada no cenário doméstico ou internacional. Basicamente, os investidores não pisaram no freio — eles só tiraram o pé do acelerador.
- Eu gravei um vídeo para explicar a dinâmica por trás dos mercados nesta terça-feira. Veja abaixo:
E esse comportamento mais prudente dos agentes fiancneiros também foi visto no exterior: lá fora, as principais bolsas da Europa fecharam em queda de mais de 1%; nos EUA, o Dow Jones (-1,09%) e o S&P 500 (-0,78%) também tiveram perdas moderadas.
A exceção, mais uma vez, foi o Nasdaq, que conseguiu fechar em alta de 0,29% e, com isso, chegou a mais um recorde histórico. É isso aí: se você acha que a recuperação do Ibovespa é impressionante, saiba que o Nasdaq já zerou as perdas no ano...
No mercado de câmbio, também tivemos uma terça-feira mais defensiva: o dólar à vista terminou o dia em alta de 0,70%, a R$ 4,8883 — a sessão foi marcada pela valorização da moeda americana em relação às divisas de países emergentes.
Mas, mesmo com esse tom cauteloso visto por aqui, os ativos domésticos ainda têm um desempenho bastante forte em junho: o Ibovespa acumula ganhos de 10,69% desde o começo do mês e o dólar recua 8,44%.
Quarta-feira carregada
A expectativa em relação à decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) foi o grande fator de influência para as negociações — o resultado será divulgado no meio da tarde desta quarta-feira (10).
Por mais que a expectativa do mercado seja a de manutenção das taxas no patamar atual, entre 0% e 0,25% ao ano — o presidente da instituição, Jerome Powell, disse repetidas vezes que não considera adequada a adoção de juros negativos —, o mercado tem muitos fatores a observar na reunião.
Num primeiro plano, aparecem as eventuais sinalizações quanto ao futuro: assim, a entrevista coletiva de Powell após a decisão será acompanhada de perto, com o mercado atento a possíveis novos pacotes de estímulos.
Além disso, a reunião de junho também traz uma atualização nas projeções econômicas da autoridade monetária — e, caso as expectativas do Fed mostrem-se pessimistas em relação ao curto e ao médio prazo, um tom mais defensivo poderá ser adotado pelos investidores.
Considerando esse importante evento no horizonte, é natural ver as bolsas globais entrando num modo de correção e realização dos lucros recentes — e, considerando que os mercados acionários do mundo têm andado lado a lado, o Ibovespa também cedeu e passou o dia em queda.
IPCA e BC no radar
Por aqui, declarações do diretor de política econômica do Banco Central (BC), Fábio Kanczuk, trouxeram algum alívio no mercado de juros futuros: os DIs, que abriram o dia em alta, se afastaram das máximas após ele dar a entender que a queda na projeção inflacionária impacta diretamente na modelagem da instituição.
A fala ganha ainda mais peso porque será divulgado amanhã o IPCA de maio, e a expectativa é a de que indicador mostre uma baixíssima pressão inflacionária — se não negativa. Considerando tudo isso, veja como ficaram as curvas mais líquidas nesta terça-feira:
- Janeiro/2021: de 2,20% para 2,18%;
- Janeiro/2022: de 3,12% para 3,14%;
- Janeiro/2023: de 4,21% para 4,22%;
- Janeiro/2025: de 5,77% para 5,78%.
Top 5
Veja abaixo as cinco ações do Ibovespa com melhor desempenho nesta terça-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
IRBR3 | IRB ON | 13,22 | +12,51% |
IGTA3 | Iguatemi ON | 38,80 | +4,86% |
MULT3 | Multiplan ON | 23,93 | +4,73% |
CVCB3 | CVC ON | 24,05 | +4,38% |
CIEL3 | Cielo ON | 4,84 | +4,31% |
Confira também as cinco maiores quedas do indicador:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
GOLL4 | Gol PN | 22,40 | -6,63% |
AZUL4 | Azul PN | 25,78 | -5,74% |
MRVE3 | MRV ON | 17,15 | -4,72% |
EMBR3 | Embraer ON | 10,31 | -3,64% |
PETR4 | Petrobras PN | 21,72 | -3,60% |
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