Trump trouxe alívio aos mercados, mas o Ibovespa não conseguiu sair do campo negativo
O Ibovespa se afastou das mínimas e os índices acionários de Nova York ganharam força após Donald Trump assumir um tom mais ameno em seu primeiro discurso após os ataques do Irã, evitando entrar numa escalada militar no Oriente Médio
Se você está dando os primeiros passos no mercado financeiro, saiba que a incerteza é a pior inimiga dos investidores: sem ter clareza do que pode acontecer no futuro, a cautela toma conta das negociações e freia qualquer ímpeto de alta do Ibovespa e das bolsas globais.
Pois, se você se é iniciante, saiba que a sessão desta quarta-feira (8) foi uma aula de como os agentes financeiros tomam decisões num ambiente nebuloso — no caso, as tensões entre Estados Unidos e Irã.
A história do pregão começa ainda na noite anterior, quando o exército iraniano lançou mísseis contra bases americanas no Iraque — uma represália após a morte do general Qassim Suleimani, principal líder militar do país.
Eu estava atento ao noticiário no momento em que os ataques começaram e logo chequei o comportamento das bolsas da Ásia, que já estavam abertas naquele horário. E o tom era de pânico do outro lado do mundo.
Sem saber exatamente a extensão dos danos causados pelo ataque, os índices acionários do Japão e da Coreia do Sul caíam mais de 2%. Entre as commodities, o petróleo disparava e o ouro tinha ganhos firmes.
"O pregão de amanhã vai ser bem negativo", pensei eu, errando completamente: o Ibovespa, afinal, fechou o dia em leve baixa de 0,36%, aos 116.247,03 pontos — nos Estados Unidos, o Dow Jones (+0,56%), o S&P 500 (+0,49%) e o Nasdaq (+0,67%) fecharam em alta.
Leia Também
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Como todos sabem, Estados Unidos e Irã não firmaram um acordo de paz durante a noite. Sendo assim, por que os mercados mudaram tanto de humor ao longo do tempo?
Ocorre que, após um primeiro momento de incerteza após os ataques do Irã, informações mais precisas começaram a aparecer. Pouco a pouco, foi ficando claro que a ofensiva de Teerã não causou danos expressivos às instalações americanas — nenhum soldado foi morto na ação.
Além disso, as próprias autoridades iranianas optaram por assumir um discurso não tão agressivo, por mais contraditório que isso pareça. Via Twitter, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, disse que o país não desejava uma escalada na guerra:
"O Irã tomou medidas proporcionais de auto-defesa", disse Zarif, citando tratados da ONU para conflitos internacionais — ele ainda afirmou que o país iria se defender contra novas agressões.
Essa sinalização contribuiu para trazer algum alívio aos mercados — e, logo depois, uma manifestação do presidente americano, Donald Trump, contribuiu para diminuir ainda mais a tensão.
Também via Twitter, Trump disse "estar tudo bem", evitando assumir uma postura mais bélica no calor do momento:
Assim, depois do pico de estresse, o mercad conseguiu colocar os nervos no lugar e amanheceu menos tenso. A ordem do dia era aguardar o pronunciamento oficial de Trump.
Paradoxalmente, a consumação do ataque do Irã contribuiu para aliviar a agonia e tirar da mesa a incerteza em relação ao que o governo de Teerã faria para vingar a morte de Suleimani.
Resposta americana
No início da tarde, Trump finalmente veio a público para dar as primeiras declarações oficiais após os ataques. E ele tratou de colocar panos quentes na tensão, afastando a possibilidade de ações militares imediatas contra o Irã.
O chefe da Casa Branca assumiu uma postura dura ao falar do governo de Teerã, acusando-o de fomentar a violência no Oriente Médio e se comprometendo a impedir que os iranianos obtenham armas militares. Trump ainda disse que os EUA irão adotar novas sanções econômicas contra o país.
No entanto, não foi mencionada a hipótese de um contra-ataque bélico ao Irã, afastando os temores de uma escalada militar no Oriente Médio. Essa postura "pacífica" trouxe ainda mais alívio aos mercados.
Até o pronunciamento de Trump, o Ibovespa operava em queda e as bolsas americanas ficavam perto do zero a zero. Mas, com o tom conciliador de Trump, os mercados acionários ganharam força, com o índice brasileiro se afastando das mínimas.
Ao fim do dia, o Ibovespa não conseguiu sair do vermelho, engatando a quarta queda consecutiva. Mas as perdas de 0,36% soam quase como uma boa notícia, considerando o pânico visto na noite anterior.
É claro que a situação no Oriente Médio está longe de uma resolução — novos ataques e focos de estresse não estão descartados daqui para frente. Mas tudo é relativo: perto do caos que se desenhava a menos de 24 horas, o quadro atual parece até benéfico.
Alívio no petróleo
O mercado de commodities também refletiu o tom mais ameno assumido por Trump. Logo após a fala do presidente americano, o petróleo passou a cair forte e o ouro perdeu força.
O WTI fechou a sessão em baixa de 4,93%, enquanto o Brent desvalorizou 4,15%, em meio à percepção de alívio nas tensões no Oriente Médio. O ouro, ativo usado como reserva de segurança pelos mercados, recua 1,25%.
As baixas do petróleo pressionaram as ações da Petrobras: os papéis PN (PETR4) caíram 0,62% e os ONs (PETR3) tiveram perda de 1,63%, contribuindo para frear a recuperação do Ibovespa.
Dólar e juros
O mercado de câmbio também respirou aliviado após a fala de Trump: por aqui, o dólar à vista fechou em baixa de 0,31%, a R$ 4,0518.
A postura amena do presidente americano fez a moeda do país se desvaloriza em relação às divisas emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo, o peso colombiano, o rand sul-africano e o peso chileno — e o real acompanhou os pares.
O tom de calmaria no câmbio abriu espaço para ajustes negativos na curva de juros, devolvendo parte dos ganhos recentes. Veja abaixo como ficaram os principais DIs nesta quarta-feira:
- Janeiro/2021: de 4,48% para 4,45%;
- Janeiro/2023: de 5,78% para 5,72%;
- Janeiro/2025: de 6,44% para 6,40%;
- Janeiro/2027: de 6,79% para 6,76%.
Top 5
Confira as cinco maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira:
- Braskem PNA (BKRM5): +5,01%
- Suzano ON (SUZB3): +4,99%
- Gol PN (GOLL4): +3,95%
- BRF ON (BRFS3): +3,84%
- Magazine Luiza ON (MGLU3): +3,07%
Veja também as cinco maiores baixas do índice:
- Weg ON (WEGE3): -3,78%
- Cyrela ON (CYRE3): -3,10%
- BR Malls ON (BRML3): -2,93%
- Cia Hering ON (HGTX3): -2,33%
- Cielo ON (CIEL3): -2,25%
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
