Ibovespa passa por instabilidade com possível demissão de Mandetta, mas ainda fecha em alta firme
O Ibovespa terminou a sessão com ganhos de mais de 6%, mas ainda assim ficou distante das máximas e aquém das bolsas americanas. Tudo por causa das incertezas relacionadas à permanência do ministro da Saúde no cargo

A sessão desta segunda-feira (6) corria sem grandes intempéries: o Ibovespa e as bolsas globais tinham ganhos firmes e o dólar operava em queda no mundo todo, na esteira das tendências mais animadoras das curvas de contaminação do coronavírus na Europa e nos EUA.
Logo na abertura, o Ibovespa disparou mais de 5%, ganhando ainda mais força durante a manhã e chegando aos 75.259,70 pontos na máxima (+8,23%) — e mantendo-se nesse patamar de alta até o meio da tarde. Mais precisamente, até 15h30.
A partir daí, o índice começou a enfrentar uma onda de turbulência. Em questão de minutos, o salto de 8% se transformou numa subida mais modesta, de cerca de 4%. Enquanto isso, as bolsas lá foram continuavam inabaladas — uma evidência de que o movimento se devia a fatores domésticos.
- Eu gravei um vídeo para explicar a dinâmica por trás dos mercados nesta segunda-feira. Veja abaixo:
Antes do fim do pregão, o Ibovespa voltou a pisar no acelerador, encerrando o dia em alta de 6,52%, aos 74.072,98 pontos. O índice, contudo, acabou ficando para trás em relação às bolsas americanas: o Dow Jones subiu 7,73%, o S&P 500 teve ganho de 6,72% e o Nasdaq avançou 7,33%.
Fenômeno semelhante aconteceu no mercado de câmbio: o dólar à vista, que tocou os R$ 5,2255 na mínima (-1,91%), enfrentou uma onda de estresse no meio da tarde e quase zerou a baixa — terminou a sessão em queda de 0,65%, a R$ 5,2926.
Obviamente, nada ocorre por acaso nos mercados. Toda essa tensão ocorreu por causa dos bastidores de Brasília — e de uma notícia que, se confirmada, tem potencial para agravar ainda mais a deterioração do cenário político do país.
Leia Também
Cinco bancos perdem juntos R$ 42 bilhões em valor de mercado — e estrela da bolsa puxa a fila
Vai cair?
Pouco antes das 15h30, o jornal 'O Globo' publicou uma matéria afirmando que o presidente Jair Bolsonaro pretende demitir ainda hoje o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
O clima em Brasília já era de bastante apreensão desde o início do dia. Ontem, Bolsonaro disse a apoiadores que a hora de quem está 'se achando' iria chegar — ele não citou nominalmente o ministro da Saúde. Mandetta, ao ser questionado a respeito das declarações, afirmou apenas que estava dormindo.
Segundo 'O Globo', o ato oficial de exoneração de Mandetta estaria sendo preparado nesta tarde, com publicação prevista em uma edição extra do Diário Oficial da União. O deputado Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania, seria o mais cotado para ocupara a pasta.
As tensões entre Bolsonaro e Mandetta vêm aumentando nas últimas semanas, em paralelo ao crescimento na popularidade do ministro da Saúde em meio à crise do coronavírus. Enquanto Mandetta defende as medidas de isolamento e distanciamento social, o presidente alega que é necessário uma retomada das atividades cotidianas 'o mais rápido possível', de modo a não prejudicar a economia.
A queda de braço entre os dois já vinha trazendo cautela aos investidores, que temem uma deterioração ainda maior no cenário político e uma descoordenação nas iniciativas para o combate ao coronavírus, tanto no front econômico quanto no de saúde pública.
Ao menos até o fechamento dos mercados, não havia qualquer manifestação do Planalto a respeito do tema — nem uma confirmação da demissão de Mandetta, nem uma negativa da matéria de 'O Globo'.
Ânimo externo
Em termos mundiais, tivemos hoje um viés menos pessimista em relação ao surto de coronavírus. Por mais que a doença continue se espalhando — segundo a universidade americana Johns Hopkins, mais de 1,3 milhão de pessoas já foram infectadas, com cerca de 74 mil mortes —, os dados referentes à Europa e aos EUA indicam uma tendência mais animadora.
Itália e Espanha, os dois epicentros da Covid-19 no velho continente, têm mostrado uma desaceleração no número de contaminações e óbitos por dia. Do outro lado do Atlântico, um comportamento semelhante é visto em Nova York, área crítica da doença nos Estados Unidos.
É claro que os números estão longe de inspirar otimismo — juntas, Itália e Espanha têm quase 30 mil mortos, enquanto os EUA continuam reportando mais de mil falecimentos ao dia. No entanto, os indícios de que a curva da doença possa ter chegado ao pico nessas regiões serviram para tirar parte da pressão sobre os mercados globais.
Essa leitura, inclusive, se sobrepôs à cautela em relação ao mercado de petróleo: o Brent para junho caiu 3,11%, enquanto o WTI para maio recuou 7,97% — logo após a abertura, chegara a despencar 10%.
Tudo isso porque, ao longo do fim de semana, a Arábia Saudita e a Rússia voltaram a trocar acusações no âmbito da guerra de preços da commodity — tanto é que a reunião extraordinária da Opep+ para discutir um corte na produção de petróleo, prevista para hoje, foi adiada.
Tal foco de apreensão, contudo, ficou em segundo plano perto da postura mais amena em relação ao surto de coronavírus.
Expectativa cautelosa
Por aqui, os investidores mostraram-se animados com a postura do ministério da Economia e do Banco Central (BC) — ambos têm se empenhado em viabilizar a injeção de recursos na economia o mais rápido possível, de modo a mitigar os impactos da crise da Covid-19.
Em teleconferência com o setor de varejo durante o fim de semana, o ministro Paulo Guedes disse que o governo tem feito de tudo para que o dinheiro chegue à ponta final.
Já o presidente do BC, Roberto Campos Neto, mostrou-se preocupado com uma eventual disparada na quebra de contratos — e, para evitar isso, ele defende a disponibilização de recursos à população, mesmo que isso implique numa piora do lado fiscal do país.
Ainda nesse âmbito, o governo aposta na compra direta, pelo BC, das carteiras de crédito e títulos das empresas como forma de fazer com que os recursos liberados pelo governo cheguem efetivamente às mãos dos empresários, evitando o 'empoçamento' no sistema financeiro.
Essas notícias, contudo, não jogam para debaixo do tapete o desconforto dos investidores em relação ao cenário político — e o imbróglio envolvendo Mandetta deixa isso claro.
Além das questões envolvendo o ministro da Saúde, também há um foco de estresse rondando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que fez declarações preconceituosas contra a China em meio à crise do coronavírus — e, com isso, reacendeu as tensões diplomáticas com o país asiático.
Juros longos caem
No mercado de juros, as curvas de vencimento mais amplo fecharam em baixa, ajustando-se ao cenário de fraqueza econômica decorrente da crise do coronavírus — o boletim Focus agora prevê queda de 1,18% no PIB em 2020 e Selic a 3,25% ao fim do ano.
Nesse contexto, os investidores ajustaram os DIs, de modo a precificar um ambiente com juros baixos por um período mais prolongado para estimular a economia brasileira:
- Janeiro/2021: de 3,17% para 3,25%;
- Janeiro/2022: de 4,12% para 4,13%;
- Janeiro/2023: de 5,53% para 5,45%;
- Janeiro/2025: de 7,19% para 7,01%.
Top 5
Em meio ao tom positivo visto no exterior e ao clima mais ameno visto por aqui — apesar da turbulência vista no meio da tarde —, foram poucos os ativos do Ibovespa que fecharam o dia em baixa:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
KLBN11 | Klabin units | 16,49 | -0,72% |
ELET6 | Eletrobras PNB | 24,85 | -0,40% |
ELET3 | Eletrobras ON | 21,59 | -0,37% |
USIM5 | Usiminas PNA | 4,07 | -0,25% |
Veja abaixo os dez papéis de melhor desempenho do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
RENT3 | Localiza ON | 28,00 | +20,12% |
BTOW3 | B2W ON | 53,84 | +19,38% |
IRBR3 | IRB ON | 10,18 | +18,51% |
GNDI3 | NotreDame Intermédica ON | 43,61 | +16,76% |
BRFS3 | BRF ON | 17,68 | +15,86% |
Petrobras (PETR4), Gerdau (GGBR4) e outras 3 empresas pagam dividendos nesta semana; saiba quem recebe
Cinco companhias listadas no Ibovespa (IBOV) entregam dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas na terceira semana de agosto
Howard Marks zera Petrobras e aposta na argentina YPF — mas ainda segura quatro ações brasileiras
A saída da petroleira estatal marca mais um corte de exposição brasileira, apesar do reforço em Itaú e JBS
Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana
A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?
Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda
Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema
Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?
Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital
TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso
Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos
Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?
Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)
FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa
Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos
“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’
Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3
Dólar sobe a R$ 5,4018 e Ibovespa cai 0,89% com anúncio de pacote do governo para conter tarifaço. Por que o mercado torceu o nariz?
O plano de apoio às empresas afetadas prevê uma série de medidas construídas junto aos setores produtivos, exportadores, agronegócio e empresas brasileiras e norte-americanas
Outra rival para a B3: CSD BR recebe R$ 100 milhões do Citi, Morgan Stanley e UBS para criar nova bolsa no Brasil
Investimento das gigantes financeiras é mais um passo para a empresa, que já tem licenças de operação do Banco Central e da CVM
HSML11 amplia aposta no SuperShopping Osasco e passa a deter mais de 66% do ativo
Com a aquisição, o fundo imobiliário concluiu a aquisição adicional do shopping pretendida com os recursos da 5ª emissão de cotas
Bolsas no topo e dólar na base: estas são as estratégias de investimento que o Itaú (ITUB4) está recomendando para os clientes agora
Estrategistas do banco veem um redirecionamento global de recursos que pode chegar ao Brasil, mas existem algumas condições pelo caminho
A Selic vai cair? Surpresa em dado de inflação devolve apetite ao risco — Ibovespa sobe 1,69% e dólar cai a R$ 5,3870
Lá fora os investidores também se animaram com dados de inflação divulgados nesta terça-feira (12) e refizeram projeções sobre o corte de juros pelo Fed
Patria Investimentos anuncia mais uma mudança na casa — e dessa vez não inclui compra de FIIs; veja o que está em jogo
A movimentação está sendo monitorada de perto por especialistas do setor imobiliário
Stuhlberger está comprando ações na B3… você também deveria? O que o lendário fundo Verde vê na bolsa brasileira hoje
A Verde Asset, que hoje administra mais de R$ 16 bilhões em ativos, aumentou a exposição comprada em ações brasileiras no mês passado; entenda a estratégia
FII dá desconto em aluguéis para a Americanas (AMER3) e cotas apanham na bolsa
O fundo imobiliário informou que a iniciativa de renegociação busca evitar a rescisão dos contratos pela varejista
FII RBVA11 anuncia venda de imóvel e movimenta mais de R$ 225 milhões com nova estratégia
Com a venda de mais um ativo, localizado em São Paulo, o fundo imobiliário amplia um feito inédito
DEVA11 vai dar mais dores de cabeça aos cotistas? Fundo imobiliário despenca mais de 7% após queda nos dividendos
Os problemas do FII começaram em 2023, quando passou a sofrer com a inadimplência de CRIs lastreados por ativos do Grupo Gramado Parks
Tarifaço de Trump e alta dos juros abrem oportunidade para comprar o FII favorito para agosto com desconto; confira o ranking dos analistas
Antes mesmo de subir no pódio, o fundo imobiliário já vinha chamando a atenção dos investidores com uma série de aquisições