A possibilidade de trégua entre Arábia Saudita e Rússia na guerra de preços do petróleo animou os investidores nos últimos dias. As cotações da commodity dispararam mais de 30% na semana passada, trazendo algum alento aos mercados em meio à crise do coronavírus.
A bandeira branca, contudo, corre o risco de sequer ser hasteada. Declarações fortes do ministro saudita de Relações Exteriores, o príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, voltaram a acirrar os ânimos entre os países, colocando em risco o acordo que vinha sendo desenhado.
O centro da nova disputa é uma notícia publicada mais cedo pela SPA, a agência estatal de notícias da Arábia Saudita. A publicação cita declarações recentes do presidente da Rússia, Vladimir Putin — ele teria afirmado que uma das razões para a forte queda do petróleo foi a retirada dos sauditas da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Em resposta, o ministro saudita disse à SPA que as acusações são 'totalmente desprovidas de verdade'. Segundo Al Saud, a Arábia Saudita e os outros 22 membros da Opep+ teriam tentado convencer a Rússia a cortar a produção de petróleo — pedido que foi refutado pelos representantes russos.
"O ministro mostrou surpresa com a distorção dos fatos e espera que a Rússia tome as decisões certas", diz a notícia publicada pela SPA, citando a necessidade de um acordo justo que restabeleça o balanço nos mercados de petróleo.
A situação, contudo, parece ter piorado os humores em Moscou: citando fontes, a agência americana CBNC disse mais cedo que a reunião emergencial da Opep+ convocada para a próxima segunda-feira (6) deve ser adiada até o dia 8 ou 9, de modo a permitir mais tempo para as negociações referentes aos possíveis cortes na produção.
Caso o adiamento se concretize, é de se esperar que as cotações do petróleo passem por fortes ajustes negativos já na segunda-feira. Na semana passada, o WTI com vencimento em maio acumulou ganhos de 31,7%, fechando a US$ 28,34 o barril; o Brent para junho disparou 36,8%, a US$ 34,11.
