Com BR Distribuidora, Via Varejo e Vale nos fundos, Opportunity vê bolsa barata se país superar risco fiscal
Ações têm espaço para subir se o governo encontrar uma solução para encaixar o Renda Cidadã no orçamento sem “chutar o balde”, diz Luiz Felipe Constantino, sócio e gestor do Opportunity

O risco de se investir na bolsa diante da enorme incerteza fiscal não é desprezível. Mas as ações estão baratas e têm espaço para subir se o governo encontrar uma solução para encaixar o Renda Cidadã no orçamento sem “chutar o balde”. A análise é de Luiz Felipe Constantino, sócio e gestor do Opportunity.
Ele está otimista com o desempenho da bolsa, e um termômetro desse sentimento é a posição do fundo “long bias” do Opportunity, que pode aumentar ou reduzir a exposição à renda variável dependendo da visão de mercado.
Leia também:
- LUPA DOS FUNDOS: Um pente-fino nas melhores gestoras disponíveis nos bancos e corretoras
- “Se as pessoas queriam um trader no Banco Central, conseguiram”, critica Rogério Xavier, da SPX
- Fundos multimercados que investem no exterior e em debêntures se salvam em setembro
- Com alta das taxas, Armor Capital vê oportunidade para entrar “aos poucos” em prefixados
“Decidimos aumentar a posição recentemente de 70% para perto de 80% depois que o governo procurou ajustar o discurso fiscal”, me disse Constantino, em uma entrevista por videoconferência.
A maioria das pessoas ainda relaciona o nome do Opportunity ao banqueiro Daniel Dantas e suas polêmicas disputas com fundos de pensão. Mas no mercado a instituição também é reconhecida como uma das mais competentes em matéria de gestão de fundos, com quase R$ 75 bilhões em patrimônio, sendo mais da metade em ações.
O Opportunity tem como estratégia comprar e manter posições na bolsa por longos períodos e após um trabalho extenso de pesquisa — o chamado “buy and hold”. Para dar apenas um exemplo, os fundos possuem participação na Equatorial Energia há sete anos.
A empresa de distribuição de energia ainda representa uma das maiores posições dos fundos sob a alçada direta de Constantino, que somam R$ 4,3 bilhões em patrimônio.
Leia Também
Na ordem, hoje as principais apostas da Constantino e sua equipe estão nas ações da BR Distribuidora (BRDT3), Vale (VALE3), Via Varejo (VVAR3), Equatorial (EQTL3) e Energisa (ENGI11). A seguir você confere a visão do sócio do Opportunity para cada uma delas:
BR Distribuidora (BRDR3)
“A BR Distribuidora vem passando por várias mudanças importantes. A primeira foi na diretoria, com pessoas que a gente julga bastante capazes. Junto com isso, os minoritários conseguiram eleger um conselho de administração que consideramos um dos melhores na bolsa.
A BR Distribuidora também tem uma marca líder no setor de combustíveis, em que escala é importante. A gente enxerga a empresa com melhores processos e reduzindo a diferença de rentabilidade entre os principais concorrentes — Ultra (Ipiranga) e Raízen (Shell) —, que era mais de 30% na relação entre o Ebitda por volume em m3 distribuído.
A BR vinha perdendo participação de mercado consistentemente para os concorrentes, mas voltou a ter uma dinâmica mais favorável. Já houve uma evolução fantástica dos resultados e a gente acha que a empresa inclusive está entrando na fase de ver que existe um potencial maior do que o que está sendo atingido.”
Vale (VALE3)
“Após a tragédia de Brumadinho, a Vale entrou em modo de reparação de danos — como deveria ter ficado mesmo. Mas desde então abriu-se um desconto muito grande entre ela e os pares. O mercado chegou a colocar um desconto de 4 a 5 vezes em relação ao valor efetivo que vai ser a reparação, e muito por essa visão mais negativa em relação às questões ESG [sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança].
Desde então o foco total da Vale tem sido evitar qualquer risco a mais. Acho que a empresa tem endereçado esses problemas e ao longo do tempo vai conseguir passar a mensagem de que os erros do passado estão sendo corrigidos e buscar esse aval da sociedade novamente. Então o desconto ficou muito grande para a ação, ainda mais com o a recuperação do mercado de minério de ferro. A geração de caixa hoje da empresa está brutal.
Claro que o preço do minério hoje está mais alto do que o de equilíbrio, então a gente espera uma queda. Mas a Vale é a produtora de mais baixo custo do mercado, está pouco endividada e tem a capacidade de aguentar qualquer virada no ciclo. Mesmo num nível de minério mais baixo a Vale ainda é muito rentável.
A empresa ainda está muito barata apesar da valorização recente. Parte desse desempenho veio da alta do dólar contra o real. A Vale é uma empresa “dolarizada”, e isso inclusive se encaixa bem no portfólio dos fundos do Opportunity, por ser menos dependente de Brasil e ajudar a diversificar o tipo de risco da nossa carteira.
Via Varejo (VVAR3)
“Passamos por toda a montanha-russa de emoções que viveu a Via Varejo. A gente entrou no leilão da venda da participação do GPA em 2019 junto com a família Klein e outros fundos.
Ao preço de R$ 4,90 da época, nós achávamos que tinha muito ‘mato alto’ na empresa para consertar. Em um setor com margens baixas, só de acertar as relações com os fornecedores e melhorar operação das lojas, a ação valeria razoavalmente mais. Essa era a aposta inicial.
Ao longo do tempo, fomos ganhando mais confiança na Via Varejo mesmo com a ação subindo, mas na época ainda vínhamos um risco muito grande de execução. A chance de dar errado era alta, então nós mantínhamos uma posição pequena, menos da metade da atual.
Quando chegou a crise, a gente achava que a Via Varejo tinha dado azar, porque apesar de ser muito bem tocada e dos avanços ainda não tinha feito a migração para o digital. A nossa aposta era na revisão de processos e melhoria das lojas físicas. Não havia uma expectativa em relação às vendas online.
A Via Varejo estava no início desse processo e a estrutura de capital não estava equilibrada, enquanto os principais concorrentes estavam com caixa. Nosso medo era que a empresa precisasse fazer uma oferta a um preço tão baixo que o acionista seria muito diluído. Por isso nós chegamos a reduzir um pouco a posição no Opportunity começo de março.
Naquele momento da crise, com as lojas físicas fechadas e online muito pequeno, a expectativa era que as vendas caíssem 70%. O que aconteceu, para nossa surpresa, foi que em abril as vendas da Via Varejo caíram só 30%. O online cresceu mais do que qualquer um esperava.
Então ganhamos ainda mais confiança na diretoria e decidimos voltar a comprar. Quando a empresa fez a oferta, aumentamos a nossa posição, que hoje é uma das mais relevantes dos fundos.
A gente acredita que hoje o risco da Via Varejo diminuiu muito. Se antes a empresa estava barata, mas com risco alto, agora com a estrutura de capital balanceada e mais confiança a gente acha que ainda tem muito espaço para a companhia andar.”
Equatorial (EQTL3) e Energisa (ENGI11)
“A natureza do investimento em Equatorial e Energisa é muito parecido. Ambas as empresas têm diretorias muito competentes. O setor não deveria ter sofrido tanto com a crise, e as ações ficaram muito descontadas. Por isso aumentamos recentemente nossas posições nos fundos do Opportunity.
O negócio de distribuição de energia é muito baseado em processos e execução. E elas mostraram ao longo do tempo que conseguem resultados superiores, baseadas nessa cultura de eficiência de custos, redução de perdas de energia e de inadimplência.
A Equatorial está mais acostumada a pegar concessões muito problemáticas. A companhia já tinha feito um processo de virada muito forte na Cemar, que hoje é uma das mais eficientes, e está fazendo a mesma coisa na Celpa. A companhia recentemente comprou da Eletrobras a Cepisa, do Piauí, e a Ceal, de Alagoas, que devem ir na mesma direção.
Já a Energisa consegue ter concessões muito eficientes em empresas que de início não eram muito complicadas, mas que passaram a ter um nível eficiência muito grande na operação.”
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Consórcio formado por grandes empresas investe R$ 55 milhões em projeto de restauração ecológica
A Biomas, empresa que tem como acionistas Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale, planeja restaurar 1,2 mil hectares de Mata Atlântica no sul da Bahia e gerar créditos de carbono
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Vale (VALE3) volta ao azul no primeiro trimestre de 2025, mas tem lucro 17% menor na comparação anual; confira os números da mineradora
A mineradora explica que os maiores volumes de vendas e custos menores, combinados com o melhor desempenho da Vale Base Metals, compensaram parcialmente o impacto dos preços mais baixos de minério e níquel
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025
O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los
A Vale (VALE3) vai tropeçar de novo? Saiba o que esperar do resultado financeiro da mineradora no primeiro trimestre
A companhia divulga na quinta-feira (24), após o fechamento do mercado, os números de janeiro a março deste ano
Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado
Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Fim da linha para a Vale (VALE3)? Por que o BB BI deixou de recomendar a compra das ações e cortou o preço-alvo
O braço de investimentos do Banco do Brasil vai na contramão da maioria das indicações para o papel da mineradora
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Por que o Mercado Livre (MELI34) vai investir R$ 34 bilhões no Brasil em 2025? Aporte só não é maior que o de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Com o valor anunciado pela varejista online, seria possível comprar quatro vezes Magalu, Americanas e Casas Bahia juntos; conversamos com o vice-presidente e líder do Meli no Brasil para entender o que a empresa quer fazer com essa bolada
Vale (VALE3): produção de minério cai 4,5% no 1T25; vendas sobem com preço quase 10% menor
A alta nas vendas de minério foram suportadas pela comercialização de estoques avançados formados em trimestres anteriores, para compensar as restrições de embarque no Sistema Norte devido às chuvas
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
Senta que lá vem mais tarifa: China retalia (de novo) e mercados reagem, em meio ao fogo cruzado
Por aqui, os investidores devem ficar com um olho no peixe e outro no gato, acompanhando os dados do IPCA e do IBC-Br, considerado a prévia do PIB nacional